AMOR: SINÔNIMO DE DOR

O amor tem muitas definições. De acordo com o Aurélio, o amor é um sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem; é sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro. Para o poeta Camões, o amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente. É um contentamento descontente. É dor que desatina sem doer.

Cada um, portanto, tem sua definição particular do que é o amor. Para mim, o amor é sinônimo de dor, angústia, sofrimento e tragédia. Não algo que traz alegria, felicidade e satisfação. Muito pelo contrário. As mais famosas histórias de amor são compostas por elementos trágicos envolvendo dor e sofrimento.

Um exemplo disso pode ser visto na história de Romeu e Julieta, cujo final não podia ser mais trágico: os dois amantes morrem e não podem viver seu grande amor. Outra história extremamente trágica é a de Abelardo e Heloísa, que vivem um amor proibido. Para deixar a história ainda mais dolorosa, um tio da moça, num acesso de loucura, castra Abelardo, que passa a viver confinado num mosteiro, pensando no amor que poderia ter vivido com Heloísa, mas foi impedido por causa da atrocidade praticada contra eles.

A história de Tristão e Isolda não é diferente. Os amantes são obrigados a viver separados apesar de morar sob o mesmo teto. Tristão acaba morto e Isolda com fama de adúltera.

A tragédia não está presente somente nas histórias fictícias de amor. Em nome deste sentimento, os pobres mortais também cometem muitas loucuras, tais chorar em público, se humilhar, implorar para não serem abandonados, perdem o orgulho, o amor próprio, se suicidam e matam em nome do amor.

Não faz muito tempo que a passarela ligando o Natal Shopping ao Via Direta em Natal, foi palco para o trágico fim de duas vidas, ceifadas em nome do amor. Inconformado com o final do romance, um bombeiro matou a namorada e depois se suicidou. Ambos eram muito jovens e tinham uma vida inteira pela frente, mas morreram em nome do amor – sentimento que mata.

Até hoje os noticiários ainda comentam a história do jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves, que assassinou a namorada também jornalista, Sandra Gomide, “em nome do amor” que sentia por ela. Foi condenado a 19 anos de prisão, mas permanece livre. Também foi em nome do amor que sentia pelo namorado, que Suzane Von Richtofen permanece presa, acusada de ter planejado o assassinato dos pais.

Diante de tantas tragédias, praticadas em nome do amor eu tenho a constatação de que este é realmente um sentimento muito estranho: Ele faz uma pessoa tirar a vida do ser que ama. O amor tira o equilíbrio das pessoas, levando-as a tomar atitudes ridículas diante dos outros sem que isto afete a pessoa acometida da doença de amor.

Já fui acometida por tal doença e em seu nome também fiz coisas ridículas e cometi loucuras. Não cheguei ao extremo de matar alguém, mas confesso que por amor escrevi uma poesia em homenagem ao ser amado e mandei publicar num jornal de grande circulação no estado da Paraíba durante uma semana inteira.

A poesia emocionou a todos os que leram o jornal e recebi muitos e-mails de solidariedade do povo paraibano. O editor escreveu um comentário muito emocionado acerca do poema, ressaltando a importância do amor e destacando a coragem de uma jovem apaixonada. Enfim, a poesia mexeu com os sentimentos de uma população inteira; menos com a pessoa a quem se destinava. O tempo – senhor da razão - curou a mágoa, o ressentimento, mas deixou em mim uma certeza: amor é sinônimo de dor. Uma vida, porém, só valerá a pena se for vivida com amor. Pelo menos um para ser recordado.