GRETA, OS GRETINOS E A TEORIA DO CAOS

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Greta Ernman Thunberg é uma ativista do clima sueca de apenas 16 anos. Ficou conhecida por protestar fora do prédio do parlamento sueco para divulgar as alterações climáticas. Nessas últimas semanas Greta expandiu a sua atividade no resto da Europa chegando a conquistar as primeiras páginas dos jornais e sendo recebida até pelo papa Francisco e pelas máximas Autoridades da União Europeia.

Foi ela que, a partir da metade de 2018 lançou entre os estudantes a moda de fazer greve escolar como forma de protestar contra as mudanças climáticas. Destarte, centenas de milhares de jovens "gretinos" na Holanda, Alemanha, Finlândia e Dinamarca começaram a desertar as aulas. Também na Austrália, milhares de estudantes foram inspirados por Greta Thunberg a fazer greve na sexta-feira, ignorando os comentários do Primeiro-ministro Scott Morrison que diziam "Mais de aprendizagem nas escolas e menos ativismo". Entretanto, o movimento ganhou força e, em 15 de março desse ano, foi realizada a greve mundial para o futuro, em que muitos estudantes participaram em 1.700 cidades de mais de 100 países do mundo (um milhão somente na Itália).

Enquanto isso, aproveitando da imensa popularidade da filha, a mãe cantora de Greta já escreveu o livro "Cenas do Coração". Contemporaneamente foi criada uma empresa de marketing denominada "We Do Not Have Time" (Não temos mais tempo) sob a supervisão da ex-ministra social-democrata Kristina Persson, do mesmo partido que nomeou a jovem Thunberg para o Nobel da paz.

É compreensível que os jovens se preocupem pelo futuro do nosso planeta, mas isso deveria ser feito de forma mais científica e não sob o impulso duma emoção quase histérica, onde a ideologia prevalece sobre a análise racional dos fatos. Muito pelo contrário, a moça tornou-se o ícone não só do ambientalismo radical, mas de toda aquela parte da opinião pública que gosta de simplificar problemas extremamente complexos com base em esquemas moralistas, obviamente de esquerda, anticapitalistas e pauperistas. Em seu discurso mais famoso, proferido no Cop-24 de Katowice (Polônia), Greta Thunberg adotou tons jacobinos para opor a pureza de seus ideais juvenis aos interesses daqueles adultos poderosos que manteriam uma pequena porção da humanidade no luxo, enquanto sacrificam os direitos dos mais fracos e dos mais pobres.

Obviamente Greta sabe muito pouco a respeito dos tópicos que ela aborda em seus discursos. A mudança climática não é uma questão simples e, além disso, é apenas parte do problema. Os ecologistas radicais imaginam soluções autoritárias, impostas pelo poder global, mas aqueles que se importam com a liberdade individual permanecem legitimamente céticos. Nessas alturas é legítimo se perguntar até que ponto irá o cinismo daqueles que estão usando a imagem de Greta seja para lograr vantagens econômicas, seja para o prazer de manipular as massas com sua retórica maniqueista.

Do ponto de vista prático a receita de Greta é simples: deixar de viajar de avião (e muitos na Suécia já fizeram isso), fechar a indústria pesada, reduzir a temperatura dentro das habitações, andar só de bicicleta, e assim por diante. O problema é que a ideologia de Greta e dos "gretinos" só dirigiu-se aos supostos vilões ocidentais da ecologia, ou seja, às nações da Europa e América do Norte, justamente àquelas que nessas últimas décadas mais se esforçaram para reduzir o impacto do setor automotivo e industrial sobre a emissão se substâncias tidas com perigosas para o meio ambiente. Nas filípicas da Thunberg nunca se fala em nações como Índia e China que continuam poluindo a atmosfera com suas indústrias obsoletas, com seus ritmos de trabalho dignos do século XIX e com a exploração de mão de obra infantil. Ademais, se as propostas desses radicais fossem aceitas, as fábricas mais importantes seriam imediatamente fechadas com o resultado que milhões de trabalhadores iriam perdes seus empregos. Pior ainda, as mesmas produções seriam transferidas para nações como a China que, não tendo a mesma sensibilidade ecológica do Ocidente, utiliza o carvão -bem mais poluidor que o gás metano utilizado pela indústria europeia- como principal fonte de energia.

Ainda é de se perguntar até que ponto as sombrias previsões dos cientistas catastrofistas correspondem à verdade. Entre dezembro de ano passado e o início de 2019 os Estados Unidos foram assolados por uma onda de frio que raramente havia sido vista na história daquele País. Mas os ecologistas, que sempre têm uma resposta para tudo, disseram que o frio inusual foi consequência do aquecimento global. Imagine, o leitor, o que teriam falado se o inverno tivesse sido morno...

Nessas semanas a Europa central e a Itália estão experimentando ondas de frio polar que continuam mantendo a temperatura diurna nada menos que dez graus abaixo da média normal da estação. Mais uma vez, também esse fenômeno é, na opinião dos "cientistas", oriundo do tal do aquecimento global. Poderia até acreditar se minha mãe, com seus 88 anos de idade, não tivesse me dito que quando era uma menina de sete ou oito anos, houve um maio tão frio que foi mister sair de casa agasalhada como em pleno inverno. Tudo isso numa época em que quase não havia automóveis circulando e a produção industrial era imensamente menor que a de hoje.

Mas, deixando de lado as anedotas pessoais, parece mesmo que os "gretinos" desconhecem os eventos relatados pela Ciência. Por exemplo, 750 milhões de anos atrás, a massa atmosférica era tão fina que o gelo chegou ao equador, sendo que essa glaciação durou 35 milhões de anos seguidos. Durante as eras geológicas a Terra passou por enormes mudanças climáticas, desde a já mencionada glaciação total global até uma "estufa" quente sem gelo em qualquer lugar do planeta e vegetação subtropical além do círculo polar ocorrida cerca de 90 milhões de anos atrás. Assim enquanto os dinossauros gozaram de um clima tropical durante 200 milhões de anos consecutivos, os mamíferos do Quaternário tiveram que lidar com quatro Eras do Gelo intervaladas por fases muito quentes que duravam entre nove e doze mil anos. A atual fase quente já durou cerca de 10.700 anos.

De resto, também em tempos históricos alternações extremas de temperatura foram registradas no nosso planeta sendo, a mais extrema, a que marcou a Alta Idade Média quando as planícies da Groenlândia eram cobertas por pradarias (o nome da ilha vem de Green-Land = terra verde).

Na verdade, se existe um perigo, ele é relacionado à possibilidade da volta repentina duma nova Era Glacial que acabaria exterminando mais de 90% da população terrestre. Isso não é ficção hollywoodiana, mas uma possibilidade comprovada por cálculos matemáticos executados e publicados por sérios cientistas que lidam com climatologia e Teoria do caos. Existem, inclusive, estudos astronômicos suportando essa eventualidade. Já no começo do século XVII o cientista Galileu Galilei dedicou-se ao estudo das manchas solares e o mesmo fizeram os seus sucessores. Foi assim observado que entre 1645 e 1715 tais manchas desapareceram da superfície do Sol cuja menor produção de energia térmica resultou na Pequena Era Glacial que durou cerca de dois séculos: na Inglaterra o Tâmisa congelou, os canais holandeses costumavam ficar completamente congelados. As geleiras nos Alpes cobriam aldeias inteiras, matando milhares de pessoas, e se formou uma grande quantidade de gelo no mar, a tal ponto que não existia mar aberto em torno da Islândia em 1695. O fato é que o número total de manchas solares está diminuindo de forma preocupante. Portanto a ameaça de uma reviravolta climática, de um esfriamento drástico da Terra, não é ideologia, mas uma possibilidade concreta e assustadora.

Parece que muitos cientistas "progressistas" ainda não entenderam que a atmosfera é um sistema dinâmico e, como tal, não são possíveis previsões a médio prazo. Quando pelo menos três variáveis estão em jogo (e no caso do clima o número é muito maior) as equações diferenciais que o governam não podem serem resolvidas por via analítica, como bem sabem aqueles que se ocupam da Teoria do Caos. Portanto, nenhum cientista sério irá afirmar que o mundo vai acabar por causa do aquecimento global que, como acabei de explicar, faz parte dos grandes ciclos da Natureza independentes do comportamento humano. Apenas os "gretinos" acreditam nessas ideologias.

Para os leitores interessados na Teoria do Caos, aconselho a leitura do famoso livro de James Gleick intitulado "Caos. A Criação De Uma Nova Ciência".

Esse texto se encontra também no meu E-book intitulado: "Artigos, Contos & Textos de Humor" que pode ser baixado grátis na seção E-livros da minha escrivaninha.