Chula

INTRODUÇÃO

Este é outro artigo de “Canta e Dança Brasil”, da série “Mestiço Brasil” criada para registrar a diversidade da etnia brasileira em formação, utilizando a diversidade de cantos e danças brasileiros.

Todos reconhecem as características continentais do Brasil. Entretanto, graças ao esforço, bem sucedido de nossos colonizadores, em manter a unidade linguística no país, essas características continentais, correspondentes a regiões diversas, são expressas em muitas formas, mas nessa unidade linguística e representam a diversidade cultural brasileira.

As tradições e cultura da diversidade regional brasileira estão contidas no que conhecemos como folclore brasileiro. As danças folclóricas são uma das principais formas de manifestação cultural, com músicas animadas e simples, além dos trajes típicos utilizados por seus participantes, ou brincantes.

Danças Folclóricas são expressões populares desenvolvidas em conjunto ou individualmente, frequentemente sem sazonalidade obrigatória. Tudo indica que é na coreografia que reside seu elemento definidor. Existe grande número delas no Brasil.

São exemplos de danças folclóricas brasileiras: cateretê; ciranda; chula; quadrilha junina; carimbó; boi bumbá; samba de roda; e pássaro junino.

Não são poucos os casos, que a mesma denominação de folclore é expressa de forma diversa, quando ocorre em mais de uma região brasileira.

A música, o canto e a dança são expressões da alma de um povo. Se folclóricas, ou seja, aquelas com origem na ancestralidade, então, por meio delas, os povos criam e fortalecem raízes.

Com essa manifestação trina, música, canto e dança, se expressa o espírito dum povo, por meio de seu louvor ao universo, de seus sentimentos no dia a dia na luta pela vida.

O QUE É

A Chula é dança e canto. Entretanto, alguns autores ainda a acrescentam como música destinada a várias danças populares.

Como dança, sua existência no Brasil está documentada, pelo menos, desde o início do século XIX.

Como dança, a mais conhecida é a típica do Sul do Brasil, introduzida por tropeiros. Dançada em desafio, praticada preferencialmente por homens. Essa dança tem como seus maiores praticantes os gaúchos.

A chula gaúcha serviu de verdadeiro tira-teima entre peões nas tropeadas de mulas e cavalos do Rio Grande do Sul para São Paulo. Tudo era decidido na agilidade dos sapateados, sob a expectativa dos companheiros.

Pelo Nordeste, tradicional, de Sergipe ao Piauí, a chula era cantada ao violão buliçosa, erótica, assanhadiça.

Na Bahia Chula designa genericamente as toadas alegres e vivas e se canta como refrão em ranchos-de-reis.

No Crato, Ceará, Chula é apenas um canto, algo como embolada, ao som do qual as mulheres dançam sambas.

Em São Paulo, a Chula foi registrada como dança de fandango, denominação de diversas danças populares.

ORIGEM

Tanto como dança, ou como canto sua origem é portuguesa.

Como dança teria origem em dança, bailado nas pisas das uvas. A Chula do

Rio Grande do Sul vem da Chula de Portugal. A Chula portuguesa (antiga chula) é baseada em batidas dos pés e nos desafios

Como canto teria origem nos grupos de Natal e Reis que, ao se apresentarem, esperavam retribuição e, quando acontecia das ofertas em retribuição não ocorrerem, então voz solava severa crítica, não cantada, mas em tom alto para conhecimento dos que participavam ou assistiam.

Essa crítica severa seria o começo da Chula, pouco decorosa, irreverente, zombeteira e, depois se transformaria em canto independente daquele dos festejos de Natal e de Reis.

Quanto à origem da canção, cada autor tem entendimento diferente. Existem alguns que afirmam ser brasileira.

CARACTERÍSTICAS

Como dança desafio para ser realizada é necessário vara de madeira, denominada lança, com cerca de 2 ou 3 metros de comprimento. Essa lança é colocada ao chão e serve como balizadora do desafio. Os desafiantes devem realizar a sequência de passos no sapateado de um lado e do outro da lança sem tocá-la.

Ao som da gaita gaúcha, os dançarinos sapateiam, sobre o pedaço de madeira. Cada participante realiza sequência de passos e de movimentos gestuais, para mostrar suas habilidades coreográficas.

Após cada sequência realizada, o outro dançarino deverá repeti-la e em seguida e realizar outra, geralmente mais complicada que a do seu desafiante.

O vencedor será aquele que desenvolver a sequência mais difícil, ou mais acrobática, sem perder o ritmo, sem encostar na lança, além de realizar a sequência coreográfica dançada, como desafio, pelo dançarino anterior.

Em São Paulo, a Chula não tem característica de desafio e é dançada aos pares. Os pares não se enlaçam, nem se tocam. O cavalheiro faz sua coreografia diante de sua dama, que requebra. A coreografia consiste em passos e com movimentos gestuais ajoelhar-se como súplica de amor à dama.

A Chula, como canção, apresenta alternância do ritmo sincopado com séries de tempos iguais. Ainda, é frequente apresentar algumas melodias bem influenciadas por músicas portuguesas.

A Chula, se canção, é acompanhada de violão e se dança, por violão, viola, cavaquinho, pandeiro, castanholas, ou imitação das mesmas com os dedos. Outros autores, ainda acrescentam o ganzá e o caxambu.

A indumentária dos dançarinos da Chula gaúcha e bem aquela típica e representativa da tradição do Rio Grande do Sul.

CONCLUSÃO

A força, destreza e equilíbrio exigidos pela Chula do Rio Grande do Sul, em sapateado solitário, sobre lança estendida no salão, demonstram, além desses atributos, a coragem do peão, forjada pelas intempéries das campanhas e nas lutas em defesa de seu solo.

Antigamente, a Chula era usada durante os bailes, onde dois peões ao disputarem dançar com mesma prenda, então se desafiavam para duelo. A arma, o sapateado. O vencedor do duelo, ou seja, aquele que realizasse a melhor sequência teria o direito a dançar com aquela prenda, pelo resto do baile.

Atualmente, a Chula gaúcha é mostrada apenas de forma cultural durante eventos, rodeios, etc, porém é proibido repetir o passo, de seu oponente. Ocorre, frequentemente, em festas tradicionais ou em eventos para promoção da diversidade cultural brasileira.

FONTES

Dicionário do Folclore Brasileiro – Câmara Cascudo; e

SITES:

dancas-tipicas.info

estanciavirtual.com.br,

pt.wikipedia.org; e

unicamp.br.

A letra para a canção "Chula" encontra-se nesse mesmo "site" no endereço:

http://www.recantodasletras.com.br/letras/6601737

J Coelho
Enviado por J Coelho em 16/04/2019
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