Mulheres da minha vida

Hoje, 30 de abril, é o Dia Nacional da Mulher. Não sei por causa de que personagem ilustre este dia foi assim estipulado. Eu até desconfio...

A grande verdade é que não seria possível a existência humana se não fosse a mulher. Mesmo que o processo de reprodução fosse amebiano, por osmose ou cissiparidade, a presença feminina seria indispensável.

A mulher não pode ser vista, como nas sociedades patriarcais, cujos remanescentes ainda se, mera chocadeira ou objeto de prazer. As mulheres, com suas almas sensíveis e palavras adequadas nas horas certas, conhecem atalhos para a paz e para a serenidade.

É falso, grosseiro e machista dizer que “atrás de um grande homem está uma grande mulher”. A mulher foi simbolicamente tirada da costela, para evidenciar uma posição ao lado, nunca abaixo ou atrás. Sobre condenações ao machismo, teríamos de abrir um capítulo a parte, coisa que a festividade deste dia nem comporta.

Minha vida é pautada pela presença de muitas mulheres, bonitas, fortes e ricas em caráter e personalidade. Elas são seis.

A primeira delas, a matriarca da família, Margarida (do grego, marguerités, pérola), a avó materna, minha madrinha de batismo. Com sua palavra sábia, incríveis olhos verdes e uma determinação espartana, ela criou cinco filhos, de dois casamentos e sempre controlou com suavidade todas as situações familiares.

De Margarida nasceu Mercedes (quer dizer graça), minha mãe. Além da personalidade de Margarida, ela herdou um ponderável senso de justiça, um fabuloso ouvido musical, uma capacidade de comunicação e uma inteligência acima da média. Ela tinha olhos azuis, expressivos, límpidos.

Depois, em 1959 entrou Carmen (quer dizer poesia) em minha vida. Magrinha, risonha, meio encabulada, olhos escuros, foi a namoradinha querida que se transformou na esposa exemplar: amiga, amante carinhosa, conselheira, companheira, fiel (até gremista ela é) e mãe. No decurso de nosso casamento, no ar há 33 anos, às vezes me assalta um desejo muito forte de começar, com ela, tudo, outra vez..

Carmen não veio do nada. É filha de Ruth (quer dizer amiga), uma mulher forte (viúva há quase cinqüenta anos), solidária e com um invulgar senso de serviço. Ela sempre coloca o próximo em primeiro lugar.

Nossa filha Ana (quer dizer misericórdia) Maria é a quinta. Com um gênio notável, uma capacidade para a conciliação, ela está sempre alegre, feliz, brincando. Suas gargalhadas são memoráveis.

Pois agora em 14 de março, ela me deu como presente, a sexta mulher da minha vida: a neta Ana Vitória. É claro que houve outras, as quais fico meio incapacitado em citar. Mas através das mencionadas homenageio as queridas e simpáticas mulheres que me lêem e me escrevem. Minha mãe foi sábia ao me fazer nascer nesse 30 de abril.

(crônica publicaca no Diário Popular, de Pelotas/RS em 30/04/97)

Antônio Mesquita Galvão
Enviado por Antônio Mesquita Galvão em 01/11/2005
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