Em busca do ídolo
Buscando nosso ídolo adequado.
Pela falta de ídolos a servirem como exemplos, temos de encontrar pelo menos um que nos sirvam como exemplo de conduta para a luta constante pela nossa dignidade. Movimentos épicos no passado não ocorreram na intensidade necessária para produzi-los. E se houveram, foram devidamente minimizados pelos livros históricos proibidos de contar a verdadeira história.
Numa estimativa modesta (sem dados do IBGE), podemos deduzir que 0,002% da nossa população habita o primeiro escalão do governo nacional. Desde o Presidente, passando por legisladores (?), Mi(si)nistros, latifundiários, gerentes das autarquias e “aspones” que se agrupam em torno da rica boca do cofre que alimentamos diariamente com nossos altos impostos mal empregados. Esta turma possui como ídolos, os abutres internacionais que definem as normas a serem seguidas para proporcionarem altos lucros aos “investidores” generosos (enquanto as minas não secam).
No patamar a seguir, reunindo os escalões 2 e 3 e passando pelos cabos eleitorais e donos de redes de comunicação amordaçados além de banqueiros, chegamos perto de 0,008% de figurantes. Seus ídolos são os componentes da casta superior, que os indicaram para os confortáveis cargos que ora ocupam mesmo sem terem capacidade técnica para conduzi-los. Por isto as crises sociais se alastram sem controle.
A seguir encontramos os elementos da classe rica, quase 0,09% da população. Seus ídolos titulares são os contadores de suas empresas, desde que exibam gráficos sempre crescentes dos ativos, mesmo que seja preciso burlar o fisco de alguma forma. Seus ídolos reservas são os competentes advogados (os mesmos que atuam nos presídios) que conseguem encontrar “brechas” nas leis que isentem suas falcatruas de qualquer risco de penalidades severas por suas ações danosas à sociedade.
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Num quarto grupo (para não desmembrar demais) reunimos as turmas das classes médias (A,B,C) perto de 9,9% de componentes. São os que pagam os maiores impostos, os que mais consomem supérfluos e os que não prestam atenção aos riscos que corremos em função dos desmandos administrativos públicos apesar dos constantes alertas que ainda são emitidos por mentes mais lúcidas e alta percepção de tendências. Seus ídolos estão divididos entre artistas, atletas e poucos abnegados com as condições de preservação de nossas propriedades naturais.
E quase finalmente chegamos à imensa massa de manobra criminosamente mantida na escuridão do entendimento do cenário onde vivemos. São os 89,1% de explorados, desempregados, esfomeados e sem percepção plena da pobreza elevada que nos contamina lentamente apesar de muitos vegetarem abaixo do limite da dignidade humana. Seus ídolos são os sobreviventes de algum “paredão” de uma versão do “Big Bobo Brasil” que a seguir tornam-se modelos fotográficos de revistas de poucas roupas. Certamente nada digno de ser considerado como ícone no sentido de buscarmos nossa real independência a assegurar uma vida digna para nossos herdeiros.
Para não dizerem que não contemplamos os 0,9% de mendigos abandonados ao relento, fazemos menção aos mesmos, apesar de eventualmente não terem título de eleitor nem CPF. Não ajudam a engordar o nosso PIB, mas sim, o cinturão de pobreza extrema. Seus ídolos são os bondosos gerentes de restaurantes que separam sobras de alimentos para mantê-los respirando dentro de seus trapos coloridos pela sujeira.
Dentro desta mescla, qual será o perfil do ídolo(?) que assumirá o papel de nosso “messias” na cruzada para conduzir nossa pátria à liberdade dentro de 100 anos?
Haroldo P. Barboza – Vila Isabel / RJ
Autor do livro: Brinque e cresça feliz!