Perdas e desenganos
Em 02/09/2018 aconteceu no Rio o trágico incêndio do Museu Histórico Nacional com perdas irreparáveis para o país. Nesse início de 2019, já houve Brumadinho, para onde foram deslocados bombeiros do Rio; a tempestade de chuvas e ventos de quarta, 06/02; a tragédia do CT do Flamengo na quinta, 07/02; e as 13 mortes no confronto polícia/traficantes nos morros Fallet-Fogueteiro e Morro da Coroa no mesmo dia. Tudo no Rio. Que aparece como a região central das tragédias.
E não adianta desvincular dessa atmosfera de tragédia o que aconteceu nas comunidades, entre a polícia e os traficantes, na medida em que são afetados transeuntes e moradores da cidade, de uma forma ou de outra, pelas temeridades de uma verdadeira guerra urbana.
A pergunta em que podemos pensar é a seguinte: como tirar essa marca fatídica do Rio, refletindo-se Brasil afora ou vice-versa, como no caso de Brumadinho?
O Museu da Quinta da Boa Vista parece ter revelado a importância que devem ter (e não têm) os serviços de manutenção em prédios públicos, de um modo geral.
No caso de Brumadinho, apesar da amplitude nacional, e não apenas regional, parece clara a necessidade de que os serviços das mineradoras no país sejam severamente fiscalizados.
Com relação à recente tempestade de chuvas e ventos fortes no Rio, responde pelo agravamento da tragédia a ocupação desordenada de encostas e áreas de risco, além da sofrível manutenção/conservação da rede de drenagem pluvial da cidade.
No CT do Flamengo, tudo leva a crer que o início do trágico incêndio deveu-se ao descaso com as instalações elétricas e dos aparelhos eletroeletrônicos dos containers em que os meninos foram alojados.
No que concerne aos lances de guerra urbana que acontecem com frequência no Rio, as causas são há muito conhecidas: trata-se basicamente da segmentação da população de baixa renda (pobres e negros) em comunidades que, sem a presença do Poder Público, acabam se submetendo a facções criminosas. Que contam com a arregimentarão de um número sempre crescente de jovens de baixa escolaridade, nível de vida e nenhuma outra perspectiva que não seja o crime; e com facilidades – que não entendemos – para a obtenção de um armamento às vezes superior ao poder bélico oficial.
Em suma, a responsabilidade por esses macabros acontecimentos no Rio, com reflexos no país ou vice-versa, pode se resumir a palavras como conservação, manutenção, fiscalização e monitoramento. Ou seja, tudo dependendo do homem. Ou do real envolvimento, enfim, do Poder Público com os desdobramentos da trajetória político-social-urbana dos habitantes dos Estados e municípios do país.
Rio, 09/02/2019