O QUE É AMICITIA?

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR

As sete letras que formam a palavra “amizade”, cujo termo é de origem latina, vem de “amicitia”, significando dedicação, benevolência e sentimento de que é “amigo”. Apresentando como características fundamentais: escolha e/ou eleição e fidelidade.

Assim sendo, amizade representa justamente um sentimento de escolha, pelo fato de distinguir direta e indiretamente uma pessoa e/ou individuo dentre os demais, o que significa dedicação em termos de atenção, bem como despertando interesses especiais.

De modo que esse interesse no que se refere à outra pessoa para se puder construir uma verdadeira amizade, jamais poderá ser algo “instável” e/ou passageiro. Portanto, para que exista realmente uma amizade entre pessoas e/ou indivíduos, se faz necessária a característica fundamental da permanência, algo “estável” para que se possa a partir de então se constituir e/ou construir a fidelidade. Sem isso nada feito, não passa de ilação ocasional diante de fracassos e/ou derrotas do ciclo vivencial e/ou existencial pelo qual passam todas as pessoas e/ou indivíduos em suas construções mentais dentro das realidades em que estão expostas em qualquer parte do mundo. A felicidade é algo construído de dentro para fora de cada pessoa e nunca de fora para dentro dos indivíduos. A amizade não pode ser confundida com mera válvula de escape de pessoas ou indivíduos aflitos diante de seus problemas pessoas emocionais, sociais, educacionais, profissionais e familiares. Não é uma porta de refúgio.

E até porque aquilo que chamamos costumeiramente de amizade deve ser compreendido como sendo o fruto mais puro e/ou limpo e/ou espiritual de nossa liberdade, pois, jamais estará como aquilo que chamamos de “amor”, sempre sujeito a fatores sexuais.

Vale apenas dizer que a amizade entre amigos não existe condicionamento de quaisquer espécies, uma vez que isso implica em igualdade de condições, haja vista que tem como fundamento basilar afinidades múltiplas e profundas, caminhos parecidos e nunca iguais. Diante disso, jamais sobreviverá uma amizade envolvendo situações de disparidade de gostos e/ou meio social das pessoas e/ou indivíduos envolvidos. Amizade não é um brinquedo que se compra na loja mais próxima.

Não é por acaso que a amizade deve estar ligada direta e/ou indiretamente a algo lúcido, portanto, lucidez desinteressada, evitando assim a lisonja que de uma forma direta e/ou indireta, repetimos, isso só destruirá rapidamente aquilo que chamamos de igualdade entre as pessoas e que inevitavelmente vai cair na zona e/ou fosso de interesse e/ou conforto e/ou desconforto, de vitória e/ou de derrota e da utilização e/ou uso da outra pessoa e/ou individuo, como por exemplo, a linha e/ou tese dos moralistas céticos de La Rochefoucauld (1613-1680) ao filósofo, esquerdista, escritor e crítico Jean-Paul Charles Aymard Sartre (Paris, 21 de junho de 1905 — Paris, 15 de abril de 1980), representante do existencialismo, que acreditava que os intelectuais (homens de letras) têm que desempenhar papel ativo dentro da sociedade.

Em síntese, podemos dizer que aquilo que chamamos de amizade, precisa existir uma harmonia entre os amigos, porém, uma vez perdida tal harmonia, na base do disse me disse, jamais poderá ser encontrada e/ou substituída. Tudo aqui é baseado justamente na eleição e/ou escolha mútua, jamais poderá ser explicada pelos amigos envolvidos, de modo que geralmente, não sabem as razões da ligação afetiva existente entre ambas as partes existenciais. Isso quer dizer que a escolha de amigos é algo muito espontânea, e ainda continua sendo assim. Não se compra amigos e/ou amigas na padaria da esquina. Apenas a titulo saudosista, podemos, relembrar, por exemplo, do que acontecia até pouco tempo (da década de 80 do século XX para cá vem desaparecendo totalmente), onde os pais motivavam os filhos a freqüentarem os mesmos colégios, faculdades, clubes ( por exemplo na Paraíba – João Pessoa: Cabo Branco e/ou Astreia; em Santa Rita: Tênis Clube e/ou Santa Cruz, etc., pelo mundo e pelo Brasil afora) que eles freqüentavam e/ou freqüentaram, para lá encontrar gente de famílias tradicionais do mesmo nível e valor moral, social e intelectual, para daí nascerem as "amicitias".

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 09/02/2019
Reeditado em 09/02/2019
Código do texto: T6570872
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