Gigante Adormecido
O Brasil é um País de muitas potencialidades. Prova disto é que pesquisas realizadas por instituições norte-americanas constatam que o brasileiro é o povo mais empreendedor do mundo, e os nossos executivos são considerados os mais criativos e capazes de adaptação às mudanças de mercado.
Nosso País varonil é o segundo mercado do mundo em aquisição de jatos e helicópteros executivos; é o segundo em telefonia celular e consumo de biscoitos; é o terceiro em consumo de refrigerantes; o quarto em consumo de geladeiras e máquinas de lavar, enquanto ocupa o quinto lugar em consumo de CD´s e livros. O Brasil ainda se destaca como o maior exportador de carne para os mercados asiáticos e árabes, por causa dos seus investimentos em tecnologia.
Contrastando com este cenário, o Brasil tem mais de 30 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza; 60 milhões sem acesso à rede de esgotos e mais de 40 milhões sem condições de acesso à água potável. Curiosamente, estamos no quarto lugar do mundo em concentração de renda. Isto significa que o Brasil é considerado um País rico, mas não é capaz de dividir sua riqueza de maneira justa.
Combater a pobreza é muito mais do que desenvolver programas puramente assistencialistas, que mais parecem ter finalidade eleitoreira, do que acabar com a miséria da população, conforme vem fazendo o Governo Federal através do Bolsa Escola, Bolsa Família e outras bolsas do gênero. Para combater a pobreza, o governo deveria investir no resgate da auto-estima das pessoas, fazendo com que elas sejam capazes de se tornarem empreendedoras, construtoras de seu próprio futuro. Afinal, nosso povo é campeão em empreendedorismo simplesmente porque, precisa criar suas próprias oportunidades de trabalho.
Aliás, já estou ficando cansada de ouvir dizer que o Brasil é o País do futuro – futuro distante demais; que nunca chega; que só existe nos nossos anseios. Enquanto isso, o povo continua a carregar a nação nas costas, pagando altíssimos impostos (pagos de forma compulsória) e salários para políticos, que trabalham apenas três vezes por semana, recebem 13º, 14º e até 15º salários, férias de 90 dias, com direito à aposentadoria mais cedo e ainda recebem auxílio paletó, entre outros benefícios.
Nossos legisladores deveriam se envergonhar em conceder tantos benefícios a uma cambada que trabalha tão pouco, e que sobrevive da desgraça da maior parte da população. Por outro lado, um contingente bem significativo de pessoas, responsabiliza o Estado por seus problemas cotidianos, condenando-se a viver de forma subserviente e resignada.
Para esta parcela da sociedade, é mais importante assistir as novelas apresentadas na televisão, do que procurar se inteirar sobre o que nossos representantes estão votando no Congresso Nacional. Quais são os decretos, as leis e os novos impostos que serão criados na calada da noite, para garantir as mordomias às quais eles estão acostumados e que vai dificultar ainda mais a vida do trabalhador.
Está na hora do povo começar a exigir dos nossos políticos, uma atuação mais voltada para o interesse coletivo, porque é para isto que eles são eleitos e não para legislar em causa própria.
O cidadão brasileiro deve começar a cobrar uma prestação de contas dos nossos políticos, uma vez que eles são pagos com nosso dinheiro. O Brasil vive uma guerra interna provocada pela falta de segurança e não pode deslocar o Exército para as ruas, porque a Constituição não permite. Mas pode enviar nossos soldados para serem mortos resolvendo brigas de comadres no exterior. A população não pode atrasar o pagamento do IPVA, por exemplo, mas não dispõe de estradas em boas condições de tráfego; desconta parte do seu salário para a Previdência Social, mas não tem atendimento médico quando necessita, nem uma aposentadoria que possa garantir uma velhice tranqüila, dentre outras arbitrariedades.
É preciso acordar o gigante adormecido em berço esplêndido. Resta saber se a população está disposta a perder alguns capítulos das suas novelas favoritas para ir as ruas exigir seus direitos.