O PODER E A FORÇA DA IMAGEM
Nadir Silveira Dias
Na cidade de Rio Grande de 19 de fevereiro de 1737, a mesma em que nasceu Apolinário José Gomes, em 29 de agosto de 1844, corria então o ano de 1963, quase certo, ou muito provavelmente, esse era o ano.
O evento era o Desfile de Estudantes – talvez na Semana da Pátria, e não era dos pequenos, como eu pouco mais que era – recém-saído do Curso Primário.
Era dos ginasianos e colegianos, cuja nota marcante era o protesto contra o estado de coisas que apresentava o país, o próprio Estado e os municípios.
Um dos estudantes - enorme para mim, por várias razões - seja porque participava do desfile, de suma importância pelo alarido que causava, seja porque estava trajado de caçador e apetrechado como tal e de espingarda em punho.
Caminhava em passos cuidados para não espantar a caça e um tanto furtivo como se a caça estivesse próxima.
Até aí, diferente e tal para um neófito como eu, mas ainda sim, normal. Era um caçador em busca ou à espreita da caça.
No entanto, ao passar por onde eu estava postado para assistir ao desfile pude ver e ler a placa (ou letreiro) que trazia colada nas costas: “Onde estão os gatos da Prefeitura?”
Essa imagem me acompanha a vida toda. A sua inventividade e pérformance foram tão marcantes que eu nunca mais esqueci.
Claro que estou me referindo a uma imagem interpretada. Mas não havia fala. Era apenas a imagem interpretada se movendo! Gritando – sem nada dizer - no meio do desfile!
O seu autor-criador talvez nem lembre desse fato. Ele, porém, serve para demonstrar com absoluta clareza como estão certos os publicitários.
Trata-se realmente de arma infalível a ser usada em benefício do bem. Use você também!
Ah! Apolinário José Gomes é o mesmo que em 1868 fundou a Sociedade Partenon Literário e antes adotara o nome da cidade que tanto amou: Porto Alegre.
Com seu busto furtado e recuperado em parte, Apolinário José Gomes Porto Alegre teve lembrado em 2004 o centenário de seu falecimento, em 23 de março de 1904.