Desmistificando Herois: o que os liberais querem?

Há um modismo agora, que as vezes beira o revisionismo histórico, que é desconstruir os heróis. Zumbi, Nelson Mandela, Madre Teresa de Calcutá, Lampião, etc. Não nego que devemos questionar e mudar visões sobre coisas que já se mostram ultrapassadas por novas informações ou teorias, mas há algo além disto.

Nunca fiquei alegre ou soltei fogos de artifícios quando me descobri enganado em relação a personagens históricos quanto ao seu heroísmos e objetivos. Nunca senti prazer em divulgar isto como um troféu por aí. Não me apraz mostrar para as pessoas "provas" de que coisas como altruísmo e solidariedade são contos da carochinha.

De forma parecida, tentam deslegitimar o movimento feminista, movimento negro, sindicatos tudo que tem por princípio aspectos coletivos e públicos da vida. Eles não entendem que a vida social só existe por que há normas, formas de lidar um com o outro, expectativas mútuas. Esta esfera social é irredutível a relações que persigam objetivos egoístas.

De forma alguma passa na cabeça desta gente, que a vida em sociedade depende da disposição das pessoas a manterem a reciprocidade e a agirem sobre a vida social de forma a torná-la justa. Para isto é preciso preservar certos valores e combater outros.

A liberdade de buscar exclusivamente objetivos egoístas implica em degradar a vida social, torná-las mais pobre. É quando todos desconfiam de todos. Onde a empatia é vista como fraqueza diante dos demais e ninguém pode esperar nada do outro que não seja paga e garantida mediante de punições.

Me preocupa quando a empatia, a solidariedade e o altruísmo sejam relativizados como coisas de partido ou de certas vertentes ideológicas. Estes princípios nortearam as sociedades antigas durante muito tempo. A ascensão do homem individualista de conduta racional e egoísta é fruto de desenvolvimentos recentes.

Mesmo sociedades atuais que são habitat deste homem egoísta, aquele que perseguindo interesses egoístas promoveria o bem comum, vide Adam Smith, precisam de valores como solidariedade, altruísmo e empatia para se tornarem minimamente suportáveis no convívio.

Este homem liberal, o que defende a liberdade do homem egoísta, toma qualquer exigência, indignação e posicionamentos que não "respeitem" suas escolhas. Eles querem decidir entre serem ou não empáticos, serem ou não solidários, se importarem ou não com os outros.

Então repudiam o tal "politicamente correto". Detestam terem que se colocar no lugar do outro. Desprezam sentir pena, acham que as dores e sofrimentos do outros são formas de vitimismo, um teatrinho ou exagero para obter vantagens sobre os outros.

Fico pensando se todos fossem como vocês, se teríamos um mundo melhor. Acho que o mundo melhor pra vocês não inclui os demais, é o mundo que é melhor pra vocês, outros... Bem os outros não importa, cada um por si.

Inicialmente eu pensava que isto fosse uma forma de atacar os pensamentos de orientação de esquerda, mas não é isto. Eles são assim se orientam por estes princípios.

Este tipo de homem vê o mundo como um jogo de toma lá da cá. Ele não se vê favorecido, não enxerga a generosidade das pessoas, que sempre tenta reduzi-las a algum interesse egoísta oculto. Não enxerga nem quando recebem esta generosidade, acham que tem alguma coisa por trás que a pessoa esta ganhando com isto...

Isto não funciona. Não é do ser humano se orientar exclusivamente por objetivos egoístas. Ele tem necessidade de coisas como reciprocidade, de compartilhar valores, de empatia dos demais diante de dificuldades.

Eles não entendem que ao agirmos de forma generosa e empática não agimos por outro motivo que não seja a generosidade e a empatia como valores: não são meios, são fins em si mesmos.

Ninguém se sente realmente livre quando todos agem exclusivamente por objetivos egoístas. Como confiar em um médico, professor, juiz, mãe, mecânico, amigos se supor que todos agem pensando só em si mesmos? Não há um valor relacionado ao seu papel, a sua importância social, ao que representam para as pessoas, etc.

Como se sentir em um mundo em que você se convenceu de que sempre será um meio para alguma coisa e não um fim? Sempre será usado e tentará usar o máximo as pessoas. Valores, reciprocidade e generosidade seriam coisas de gente otária?

Isto é só o começo. Farei o possível para as pessoas saberem como estes tipos de liberais pensam e para onde podem levar o mundo. Vocês podem ser o que quiserem, só não podem nos impedir de vê-los como realmente são e dizer isto a quem precisa saber.

Wendel Alves Damasceno
Enviado por Wendel Alves Damasceno em 19/01/2019
Código do texto: T6554375
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