SOBRE MODIFICAÇÃO GENÉTICA E O FUTURO DA HUMANIDADE

Há alguns dias, um cientista chinês assombrou o mundo ao declarar que conseguiu criar os primeiros seres humanos geneticamente modificados: um par de gêmeas nascidas em novembro passado.

Muito embora sua justificativa para tal experiência possa, a princípio, parecer aceitável (a prevenção de certas doenças), não é difícil calcular os riscos e dilemas éticos ligados a essa temerária empreitada.

De fato, esse tipo de "avanço científico" nos deixa mais próximos de um futuro distópico como o imaginado por Aldous Huxley no livro 'Admirável Mundo Novo': uma sociedade calcada num tipo extremado de utilitarismo, na qual todos os nascimentos são meticulosamente planejados a fim de que apenas indivíduos considerados úteis ao progresso estatal possam sobreviver.

O cenário torna-se ainda mais inquietante quando se leva em consideração o país de origem do cientista manipulador de genes: a China, um regime ditatorial que usa todas as ferramentas à sua disposição para manter o mais ferrenho controle sobre a própria população - e que jamais demonstrou quaisquer escrúpulos morais em relação a projetos de "engenharia social".

Questionemo-nos: e se, futuramente, governos totalitários - como o chinês - passarem a utilizar a ciência para selecionar os tipos humanos que devem ser "fabricados" (para o bem do Estado), e os que não merecem ser trazidos à existência?

A pergunta, certamente, mostra-se pertinente diante do que já estamos presenciando. Imaginar um mundo no qual burocratas governamentais teriam o poder de modificar geneticamente as populações de seus países, favorecendo ou mesmo permitindo o nascimento apenas dos que forem considerados adequados às necessidades do regime, é algo verdadeiramente assombroso. Algo que nos remete, enfim, a uma reflexão feita por C.S. Lewis em sua obra 'A Abolição do Homem', ainda na década de 40 do século psssado: "A conquista da natureza pelo homem, caso se realizem os sonhos de alguns cientistas planejadores, significaria que algumas centenas de homens estariam governando os destinos de bilhões e bilhões".

Lewis foi um sábio e um grande visionário. Queira Deus, no entanto, que sua visão hipotética do futuro da humanidade jamais chegue perto de tornar-se realidade.