DESGLOBALIZAÇÃO
O termo globalização começou a ser usado em meados de 1980, ganhando maior ênfase a partir de 1990. Com o mundo navegando na onda do liberalismo, a globalização visava aprofundar a integração econômica, social, cultural e política entre as nações. Havia a ideia utópica de um mundo sem fronteiras.
Dentro deste pacote é possível destacar alguns outros aspectos da globalização. Abriram-se discussões sobre os desafios ambientais. Os especialistas em mudanças climáticas ganharam a atenção dos governantes. E novamente como ideias utópicas esperava-se um freio na destruição do planeta, e a disseminação do conhecimento.
Mesmo não tendo o papel de protagonista, é possível dizer que a globalização ajudou na derrubada do Muro de Berlim em 1989, e no fim da Guerra Fria em 1991. Ela chegou ao front e viu de perto a ruína do império soviético pelas mãos de Mikhail Gorbachev com a ajuda do papa polonês João Paulo II. Gorbachev foi um dos maiores discípulos da globalização.
Então veio o 11 de setembro de 2001. Neste dia pela primeira vez, a globalização ganhou contornos de um bicho-papão horrendo. O mundo de ideias liberais descobriu que o terrorismo também fazia parte deste planeta que se desenhava globalizado.
Outra das maldades da globalização ocorreu na crise financeira entre os anos de 2008 e 2009. O impensável aconteceu. Hipotecas quebraram bancos no Primeiro Mundo. Investidores ficaram à beira da falência. A globalização colocou todo o sistema capitalista em xeque.
Ventos da globalização sopraram também durante a “Primavera Árabe”. Num primeiro momento, o Ocidente comemorou a queda dos ditadores do Oriente Médio. Ajudou a derrubar alguns outros. Os milhares de imigrantes que a “Primavera Árabe” produziu está fazendo a União Europeia nascida com a globalização repensar seus ideais de mundo livre sem fronteiras.
A globalização sepultou o liberalismo e parece ter decidido caminhar em outra direção. O grande advento desta mudança foi a eleição de Donald Trump. Em todos os continentes uma nova onda desta vez nacionalista está em gestação. A globalização corre o risco de ser desglobalizada e sepultada pelo novo nacionalismo.
Donald Trump está ganhando muito mais discípulos do que se imaginava. Ele não está sozinho no que pensa e diz sobre as mudanças climáticas, imigração e guerra.
O nacionalismo é um fértil semeador de conflitos. Quando esses conflitos acontecem nas selvas do Terceiro Mundo não causam pavor. Por experiência a Europa sabe dos perigos que significa um nacionalista comandando a maior potência nuclear do planeta.