SOBRE BOLSONARO, CRISTIANISMO E O USO DA RAZÃO

Numa época de relativismo moral e ateísmo militante, Bolsonaro não tem medo de deixar transparecer sua profissão de fé no Cristianismo - o que, evidentemente, irrita muita gente. As reações, nesse sentido, são muitas: há os que simplesmente acham cafona a atitude do presidente eleito; os que o acusam de estar "ferindo a laicidade do Estado" (não entendem, pobres coitados, que 'Estado Laico' é algo bem diferente de 'Estado Ateu'); e há também os que chegam a sugerir que acreditar nas palavras de Cristo, em pleno séc. XXI, seria um "retrocesso", uma postura "obscurantista e anti-racional".

A visão destes últimos, especificamente, é assaz deplorável.

Afinal, quem diz que a religião cristã é inimiga da Razão comete ato falho de confissão da própria ignorância, pois demonstra, por exemplo, nunca ter lido uma única linha de Santo Tomás de Aquino, o filósofo e monge medieval responsável por incorporar o pensamento de Aristóteles à tradição intelectual do Ocidente cristão; demonstra, igualmente, não saber que Nicolau Copérnico, defensor do heliocentrismo e um dos pais da moderna astronomia, era sacerdote e membro da Igreja, do mesmo modo, aliás, que o astrônomo e padre jesuíta Georges Lemaître, o estudioso das origens do cosmos que está por trás da famosa teoria do 'Big Bang'.

E isso para ficar em três nomes, apenas. A lista de religiosos cristãos que contribuíram de modo notável para o avanço das ciências e do conhecimento em geral, ao longo dos séculos, é praticamente interminável.

Quem diz, portanto, que o Cristianismo é inimigo da Razão só consegue demonstrar cabalmente uma coisa: que não conhece nada de Cristianismo e que não tem, em absoluto, razão.