O FELIZ ALIENADO
Prólogo
O respeito às diferenças e individualidades entre os seres vivos é o que separa os conscientes dos inconsequentes. Acredito que os loucos são felizes porque em seus coloridos mundos não existe a crudelíssima realidade que envolve a normalidade passageira e aparente.
Qual seria o segredo da felicidade? Segundo Albert Einstein: "O verdadeiro segredo da felicidade é exigir muito de si e pouco dos outros".
“Uma vida tranquila e modesta contribui mais para a felicidade do que a busca do sucesso vinculada a uma agitação permanente” – (Albert Einstein).
AS FALSAS ACUSAÇÕES A MIM IMPUTADAS
Dizem que sou infeliz, incapaz de compreender a realidade que me cerca. Falam cochichando que talvez eu seja doido. Seria eu maluco? Ou não sou? Tudo, quem sabe? Depende do mistério de "ser ou não ser", pois uma pessoa alienada carece de si mesmo, tornando-se sua própria negação. Nada disso ocorre comigo! Não me nego. Portanto, não sou e tampouco estou alienado.
Essas histórias que falam por aí, nas esquinas, no calçadão da Cardoso Vieira, sito em Campina Grande, PB; nos barezinhos, entre risos pudicos ou sardônicos são mentiras. Não estou acometido de alexitimia, não converso comigo mesmo, com as plantas nem tampouco com os animais, mas apenas respondo às perguntas que elas e eles me fazem.
O SENTIR DA DOR, TRISTEZA OU FELICIDADE ALHEIA
Acusam-me sem provas (Laudo psiquiátrico). Escrevo isso porque sei de uma verdade: Ninguém é capaz de sentir a dor, a tristeza ou a felicidade alheia. Do mesmo modo não podem saber o quanto é prazeroso e seguro dialogar consigo mesmo, compreender a linguagem dos animais, das flores e outros vegetais.
Sim. Sou feliz! Sou capaz de verbalizar os meus sentimentos, sensações e emoções. Contudo, por essas supracitadas e outras inexplicáveis atitudes minhas como por exemplo: Pensar bobagens, escrever e verbalizar sandices é que me julgam. Ocorre que não entendo ser bobagem conversar com espectros ou seres imaginários como Luzia, Marcela ou Ione.
Na ausência dessas sublimes musas busco as flores, preferencialmente as violetas por suas comprovadas sensibilidades ou os animais que não conseguem expor suas vontades mais básicas a não ser por latidos, miados, gorjeios, arrulhos e outros sons explicados pela onomatopeia.
CONCLUSÃO
Ah! Se os ditos normais soubessem ou fossem capazes de serem felizes o quanto sou justamente por não compreender os fatores sociais, políticos e culturais que me cercam.
Ah! Se eles vissem um arco-íris em seus sonhos como o tenho na mente ao volitar suave ouvindo a musicalidade perene na quietude solitária, nas madrugadas insones. Isso não ocorre com eles. A fugaz riqueza da falsa realidade é o único interesse deles. Só eu em minha suposta, mas propalada loucura tenho essa sensibilidade incompreendida, aguçada pela diagnosticada agripnia.
Portanto, creio que eles provavelmente têm razão. Confesso: Nem sempre, mas às vezes penso ser maluco. Mas antes do pensamento esconso acredito, empáfia e egoísmo à parte, que sou útil e necessário nem que seja a mim mesmo.
Enfim, embora sendo incompreendido pelos "normais" sou, dentre todos os meus julgadores, o feliz alienado.