O que as pessoas não gostam de ouvir quando um ente querido morre
Faz algum tempo que trabalho no tema referente à morte de entes queridos e como podemos/devemos lidar com esta "perda". Mesmo para aqueles que acreditam na vida após morte, impossível não ficar triste com a perda da convivência com o ente que partiu. Tentar ocultar esta ideia da tristeza é, ao menos em meu entendimento, um grave equívoco. A fé na imortalidade da alma, para quem a tem, não elimina a tristeza pela partida de nosso afeto. Esta fé ameniza a dor, mas jamais a extermina por completo.
E seguindo com algumas pesquisas, dia desses pedi para que os amigos da rede social escrevessem o que não gostariam de ouvir quando um ente querido partisse para o outro lado da vida. Cinquenta e oito amigos deixaram suas visões acerca do que não gostariam de ouvir quando um ente querido partisse e, a partir de seus comentários, pude colher algumas interessantes informações que, agora, compartilho.
Frases feitas, de efeito, tais como - Ele descansou! Virou uma estrelinha! Está melhor do que nós! - quase que 100% dos que responderam desaprovam. Uma parcela de 14% informou que se sente bem apenas com um abraço, sem necessidade de palavras. Uma palavra que soa mal, ao menos para os que responderam, é "pêsames" - cerca de 10% disseram que não apreciam ouvir a frase - Meus pêsames. Eu jamais imaginara que receber "meus pêsames" poderia causar algum mal-estar. Algumas pessoas disseram que a palavra não tem uma sonoridade bacana. Um outro ponto importante registrado é o do julgamento em face da tristeza que se experimenta ao "perder" um ente querido. Observei que as pessoas necessitam sofrer e chorar, vivenciar aquele momento de tristeza de forma plena, sem terem de passar por comentários inquisidores do tipo: Tenha fé! Cadê seu Deus! Seja forte!
Aliás, esses julgamentos merecem um capítulo à parte. É de uma enorme crueldade alguém tentar impedir que o outro "curta" sua tristeza e vivencie seu luto. Parece-me que, em casos de partida de entes queridos, o mais interessante e que produz resultados mais eficazes é o velho abraço e a simples presença física. Ambos são acolhedores, falam de alma para alma.
Conselhos e frases prontas são dispensáveis e causam mais desconforto e constrangimento em quem passa pelo delicado momento da partida do ente amado. Mais prudente evitá-los a fim de não cometer as chamadas "gafes".
Fica o registro, de modo a oferecer-nos uma pálida visão de como poderemos agir diante de um momento solene e delicado como o da partida de afetos de nossos afetos.