Será que celular dá azar?
Algum tempo atrás perdi meu celular. Foi uma agonia, afinal, toda minha vida estava neste aparelho; contatos, agenda de compromissos, whatsapp, e-mail, documentos, livros e até um capítulo antigo da novela das nove. Foram dias tenebrosos, pois era meu celular, minha vida. Mas eis que, alguns dias após a significativa perda, percebi uma melhora em meus joelhos. Você deve estar se perguntando: o que tem a ver meus joelhos com o celular? Explico. É que sem o celular eu parei de cair, esbarrar nas pessoas, trombar em postes e coisas do gênero.
Será que o celular dá azar? A propósito, tenho um corte na testa bem grande que adquiri após batê-la numa porta de vidro. No momento eu estava andando e ao mesmo tempo lendo uma piada no facebook. Muito engraçada, por sinal. Pois é... Uma semana sem o celular bastou para meus joelhos recuperarem-se. Descobri, também, até um pôr de sol que eu não via há anos, além de várias pessoas para dar bom dia. Perguntei à minha esposa se eram moradores novos do condomínio, ela me disse que não, o pessoal morava ao nosso lado fazia alguns anos. Estranhei. Como não havia visto esse povo antes?
Bem, aproveitei e contei a história da perda do meu celular para o Jessé, meu amigo. Coincidentemente, o Jessé também havia perdido seu celular. Informou-me que com ele aconteceu algo um pouco mais interessante depois de perder o aparelho. O Jessé parou de sofrer acidentes de carro depois que perdeu o celular. Disse-me que bateu três vezes o automóvel na época do celular. Duas num poste e outra num canteiro. Prejuízo acima de cinco mil reais. As duas vezes que bateu o carro no poste ele estava dirigindo e respondendo mensagens no whatsapp. Abençoado aplicativo, disse-me Jessé, pois possibilita-nos resolver problemas enquanto dirigimos.
O outro acidente, a batida no canteiro, foi que Jessé postava foto no "Insta" naquele momento e acabou por se distrair com o like de uma "bonitona" perdendo o controle do carro. Nada de perder tempo, meu caro, informou Jessé, para arrematar: Tempo é dinheiro, ou melhor, likes... Jessé, aliás, já está providenciando mais um celular, pois não pode ficar sem, ainda mais que trabalha no trânsito. Já pensou, sem celular no trânsito? Eu também penso como o Jessé e não posso ficar sem celular. Tanto que comprei um faz umas duas semanas e, acredite, coincidência ou não meus joelhos voltaram a apresentar problemas.
Conversei com o Jessé sobre isso e ele, muito sábio, aconselhou-me a procurar um ortopedista e uma benzedeira. Ortopedista para resolver o problema de "cai - cai", o Jessé acha que tenho pé chato.
E uma benzedeira porque, segundo ele, os celulares dão azar. Sei não, falou Jessé, estou achando que esses celulares devem estar com alguma mandinga... Então, vou correndo numa benzedeira "desinfetar" o aparelho dos maus olhados...
Só pode ser inveja... só pode...