Partido Liberal Progressista de 1937



            
Às vésperas da decretação do Estado Novo (1937 – 1945), período mais agitado e autoritário da longa Era Vargas, houve uma acirrada polarização entre apoiadores e adversários da candidatura do político paulista Armando Salles de Oliveira à presidência da República. Sócio da maior empresa do jornalismo paulistas, o engenheiro Salles de Oliveira, alguns anos antes, havia apoiado o movimento revolucionário de 1930, e foi nomeado por Getúlio Vargas para governar o Estado de São Paulo. Sua administração ficou na história devido à realização de diversas obras e políticas públicas de incentivo à expansão e modernização de indústrias, a construção de várias estradas e a criação da renomada Universidade de São Paulo, em 1934.


As eleições previstas para janeiro de 1938 acabaram não acontecendo, devido ao segundo golpe liderado por Vargas, com a decretação, de um regime autoritário, extinguindo os partidos políticos e suspendendo o funcionamento de instituições, impondo uma severa censura à imprensa, na mesma linha que estava ocorrendo na Itália, Alemanha e Espanha, nos anos que precederam o início da Segunda Guerra Mundial. Desse modo, o ano de 1937 ficou na história como momento de grande tensão política e social que desencadeou nos anos mais repressivos da Era Vargas.

Maior colégio eleitoral do País, o Estado de São Paulo assumiu a vanguarda na oposição ao regime autoritário decretado pelo por Vargas, assim como tinha ocorrido cinco anos antes, na Revolução Constitucionalista de 1932. Diante da polarização, entre as forças favoráveis e contrárias ao regime autoritário, os líderes políticos de São Sebastião do Paraíso, no Sudoeste Mineiro, também se dividiram.

Alguns expressaram apoio à candidatura de Salles de Oliveira e outros fizeram publicar a opinião contrária. Nesse sentido, o Correio Paulistano, São Paulo, em 18 de julho de 1937, reproduziu matéria publicada no semanário paraisense O Liberal, com a seguinte manchete: “No sudoeste mineiro, São Sebastião do Paraíso não apoia a candidatura Armando de Salles Oliveira”. Posição assumida pelo diretório municipal do então denominado Partido Liberal Progressista, presidido pelo coronel João Villela de Figueiredo Rosa, um dos principais líderes políticos locais daquela época.

Alguns dias antes, o governador Benedito Valadares, fiel escudeiro de Getúlio Vargas, havia fundado o Partido Nacionalista de Minas Gerais. Em convenção realizada em Belo Horizonte, essa extinta legenda havia lançado a candidatura de José Américo de Almeida à presidência da República, com apoio do diretório liberal de São Sebastião do Paraíso. Havia ainda esperança numa possível decisão democrática que deveria ocorrer nas eleições prevista para janeiro do ano seguinte. Porém, em 10 de novembro de 1937, houve a decretação do Estado Novo, todos os partidos políticos foram extintos, frustrando opositores e apoiadores de Salles de Oliveira. Iniciou-se então o período diferenciado da Ditadura Vargas, que terminaria somente em 1945.