O feitiço da lua

Coisa linda foi a lua na noite de ontem! É incrível a riqueza plástica da visão, com que o contraste do prateado da lua reborda o azul das noites de verão. Luar e romance, meus dois temas preferidos, se agruparam significativamente na noite que passou.... Imaginei como estaria no Laranjal... Qual um feitiço, a lua evoca muitas coisas, como mistério, romance e sedução. Seria por demais insensível a pessoa que não se deixasse levar pela emoção ao contemplar uma noite de lua. No filme “O feitiço da lua”, que conta a história de uns imigrantes italianos residentes no Brooklyn, em NY, a lua é o tema principal do romance. Cheer ainda se mantinha indecisa quanto ao romance com Nicolas Cage, pois estava “prometida” ao irmão mais velho. Eles saem, vão à ópera e na saída decidem fazer amor. Na madrugada, são despertados por uma enorme lua cheia que penetra no quarto. Eles se levantam da cama e vão para a janela olhar a lua. O esplendor da luminosidade aperta os laços da paixão, e a partir dali eles decidem encarar aquele amor. Vale a pena ver o filme. A ópera que os dois amantes assistiram é “La Bohéme” e o tema musical do romance assumido dos dois pertence ao primeiro ato, quanto a florista Mimi e o poeta Rodolfo se conhecem. Na velha pensão de Paris, do fim do século XIX, ela vai ao quarto do jovem poeta buscar fogo, pois sua vela apagara. No escuro os dois conversam e ele diz, na célebre área “Che gelida manina... (“Que mãozinha gelada) ...ma per fortuna è una notte di luna, e qui la luna l’abbiamo vicina” (mas por sorte é uma noite de lua, e aqui a lua está bem perto de nós”). Agora à noite, cedo, choveu um pouco. Depois, perto das onze saiu uma lua nunca vista. Um enorme disco de prata clareava o céu com seu brilho argentino, fazendo desenhos e sombras no chão, através do recorte de nuvens incrivelmente brancas. Deixei meu pensamento viajar... a fantasia me transportou onde tu estavas... nos abraçamos, nos beijamos demoradamente e depois fizemos amor na beira da Lagoa... Só a lua, uns grilos solitários e as nuvens puderam contemplar aquele momento de magia. Ficamos ali em silêncio, dominados pelo deslumbramento da beleza, imobilizados pelo feitiço daquela lua que “... iluminou teu corpo, moreno, bonito, pra me provocar...” Ao nos brindar com uma noite de lua assim, a natureza dá uma lição de calma e poesia, beleza e romance. E ali estávamos mudos pela emoção. Creditamos aquele encantamento ao feitiço da lua... Quando olharmos a luz no céu, teremos presente esse nosso encontro. Não sei se real, fantasia ou virtual... Enquanto a realidade não vem, o melhor mesmo é sonhar, sob o magnetismo da lua.

Antônio Mesquita Galvão
Enviado por Antônio Mesquita Galvão em 27/10/2005
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