A política é o ópio do povo
Que dia esquisito o domingo 8 de julho. Meu Deus! Foi um tal de solta Lula, prende Lula... Ligava a televisão era isso, internet também, tudo girava em torno do solta - prende. Que coisa mais estranha!
A verdade é que a figura de Lula suscita paixões avassaladoras, pró e contra. O país do futebol está tornando-se o das discussões políticas, mas conservando, claro, a velha passionalidade brasileira.
Dá até para fazer um paralelo entre nosso estado de equilíbrio e o dos europeus em jogos da Copa do Mundo. Enquanto que, contra o Japão, a Bélgica perdia de dois a zero e continuou na mesma, fria, calculista, fazendo seu jogo, o Brasil, ao tomar dois tentos, logo se perdeu e entrou em parafuso.
Não soube lidar com a adversidade do placar, descontrolou-se e perdeu a partida decisiva. Claro que não foi apenas isso que confirmou a derrota brasileira, mas o desequilíbrio demonstrado por nós ainda atrapalha um bocado na resolução de desafios em todas as esferas da vida.
Basta verificar quantas amizades são desfeitas nas redes sociais, quantos crimes cometidos por conta da "cabeça quente" e por aí vai. É muito sangue quente para um povo só.
E pensar que o senso comum coloca-nos como um povo tranquilo e receptivo. Mas não somos, tanto não somos que morrem assassinadas, anualmente, mais de 60 mil pessoas. Isso é coisa de gente tranquila? Imagine se fôssemos estressados, o que estaria acontecendo neste país?
A parte disso, estou tendo algumas ideias aqui. Acho que essa conversa de Lula foi pra desviar nossa atenção da Copa do Mundo.
Quem, no domingo, depois do solta-prende, falou do gol contra do Fernandinho? A quem interessa essa conversa do solta-prende senão ao Manchester City, clube do Fernandinho, que não quer ter seu jogador desvalorizado. Ingleses! Bah! Mas não passarão! Não tirarão nosso foco dos erros cometidos pelo cabeça de área. Isso mesmo, ele é um cabeça de área! Quem no domingo falou de Tite, Jesus, Neymar?
Quem comentou sobre o Mario Fernandes, brasileiro-russo que perdeu o pênalti contra a Croácia e eliminou os vermelhinhos? Isso é Copa do Mundo, gente! Coisa séria, só de 4 em 4 anos. Eleição não. Eleição é igual Copa América, de 2 em 2.
Pois é, aí vem essa mídia e despeja chope em nosso domingo que queríamos curtir a ressaca da derrota brasileira, buscar culpados, caçar jogadores e eleger "Cristos".
Não conseguimos... Este Brasil atual não é mais o mesmo, troca futebol, Copa do Mundo por política. Por isso que digo aos amigos: a política é o ópio do povo!