A mulher, o sucesso e "a outra"
Eu detesto alguns ditados de nossas avós, que se tornaram matéria julgada em muitas cabeças, coisa difícil de erradicar e de isolar de alguns comportamentos. Um deles, é a clássica (e machista) afirmação “atrás de um homem de sucesso sempre está uma grande mulher”. Eu discordo! A mulher inferiorizada nunca será capaz de elevar seu homem a patamar algum. Ora, se ela não teve vigor psíquico para se libertar de uma situação subalterna, como esperar dela uma força capaz de resgatar as limitações do outro. Não parece evidente? Eu sempre afirmo, contradizendo as vovós, que o homem de sucesso, chega lá por seus méritos, ajudado, muitos deles, por uma mulher forte, colocada “a seu lado”. Disse “próprios méritos” para provocar, pois conheço casais onde um cresceu “apesar” do outro. A experiência nos revela que a pessoa vence ou se afunda por si, com ou sem ajuda externa. Atrelar sucesso a outrem seria desmerecer conquistas. No entanto, é tempestivo que se diga, que certas pessoas, em determinados momentos, sofrem ponderáveis influências - positivas ou negativas - externas, seja do(a) cônjuge, companheiro(a), pais, irmãos, amigos, capazes de influir em seu sucesso ou derrocada. Há pessoas que são predispostas à infelicidade, ao down, ao desajuste, e suas vidas se tornam complicadas e suas cabeças uma barafunda difícil de arrumar. No entanto, é bom que se diga, e o romanesco adora repetir, que no que tange aos casais, a influência positiva de um ajuda o crescimento do outro, e colabora para a felicidade dos dois. A esse respeito, há dias, escutei uma frase, para mim inédita, apesar de minha relativa experiência de vida. Uma esposa, depois de vinte e tantos anos de casada, trocada pelo marido por outra, vinte anos mais jovem, me disse: “O sucesso chega com a ajuda da primeira mulher; a segunda vem atraída por esse sucesso”. Eu fiquei refletindo e conclui pelo acerto daquela assertiva. De fato, a primeira mulher, em geral a esposa, faz de tudo para que o marido suba na vida, cresça, atinja o sucesso. Lembrei de um cara que me deu aulas de matemática. Era um bronco, medíocre, casado com uma moça pobre, sem estudo, mas exímia dona-de-casa. Ela o incentivou a estudar. Depois de formado, havendo experimentado uma mudança social, ele trocou-a por uma colega. A “outra”, em geral uma predadora experiente, nunca aposta em um obscuro. Elas têm um faro, de posição, dinheiro, notoriedade, inteligência; enfim, querem um homem de sucesso, um vencedor. A esposa, que batalha, que luta ao lado, em geral ajudando a prover a logística doméstica, muitas vezes perde o marido, para a “outra”, via-de-regra mais jovem, menos prendada, mas mais objetiva. E, sobretudo, mais lasciva. O homem chega ao sucesso pela primeira, sucesso esse que atrai a segunda. Sobre a lascívia da amante, é interessante uma observação. O passar dos anos traz à relação homem-mulher um natural esvaziamento. É a rotina, o trabalho, a maternidade, algumas crises e suas cicatrizes, etc. Tudo isso faz com que a relação experimente uma queda no entusiasmo. Biologicamente, o homem é movido por emoções. A mulher também, embora seja menos instintiva. Quando falta a emoção, diminui a libido masculina, e a relação entra em baixa. É aí que surge a “outra”. Novas técnicas, novos estímulos e novas emoções, a adrenalina vai lá em cima. Está desenhado o quadro da ruptura. Atraída pelo sucesso, a “outra” é capaz de desertar quando o “ídolo” desce à planície. Nesses casos - e não é raro observar - solitário, velho e doente, ele volta à primeira, que generosamente o acolhe. A chamada “outra”, em muitos casos, não aceita obscuridade, pobreza, brochura ou enfermidade. Quais mariposas, elas se atraem pelo sucesso, e o sucesso, de uma forma ou de outra, atrai, romances, aventureiras “apaixonadas”, etc.. O problema, depois, é saber a hora de deixar o brinquedo, ou sair sem se machucar.