OS FERROVIÁRIOS ALERTARAM O BRASIL NOS ANOS 80 E 90...

Nos anos 80 e 90 fui Agente Especial de Estação da empresa já extinta, nos dias atuais, R.F.F.S.A. Mais exatamente na SR-10 antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil S/A.

Estudava ciências sociais na Universidade Federal na cidade de Corumbá e, percebi que não poderia deixar de contribuir com a luta da categoria que enfrentava sérias dificuldades com um processo destrutivo de sucateamento e inviabilização, patrocinado, infelizmente pelas próprias autoridades do país que deveriam defender o Setor e propiciar investimentos fortes na ferrovia e no modal maritimo e fluvial.

Aproveitaram o baixo grau de instrução e politização da população e muitas denuncias do mau estado de conservação chegavam ao povo de forma distorcida e incentivando o povo a defender a desativação do Trem de Passageiro que fazia a linha de Corumbá-MS até a cidade de Bauru-SP, constituindo-se num atrativo turistico, ecológico e muito importante para as populações de Corumbá, Miranda, Aquidauana, Campo Grande, Ribas do Rio Pardo e muitas outras cidades de Mato Grosso do Sul e do Estado de São Paulo, chegando até a cidade de Bauru. Havia também o transporte de combustíveis, minerio de ferro, manganês, gado, grãos e equipamentos agrícolas para as nossas cidades e para a Bolivia e até mesmo Paraguai com o ramal Ponta Porã.

Mas, grande parte dos politicos e governantes do Brasil desde a era Vargas e até Juscelino Kubischek e mesmo os Ministros militares durante o governo dos Generais já havia aderido a introdução dos produtos das industrias automobilisticas dos países mais poderosos do mundo...Alemanha, França., EUA, Japão etc..., O Brasil tem montadoras, mas as marcas e os verdadeiros Barões milionários da industria automobilística vive no primeiro mundo. Assim o "dever de casa" dos seus aliados e nossos governantes era NÃO PERMITIR QUE AS FERROVIAS E OS TRANSPORTES FLUVIAIS E MARITIMOS OCUPASSEM O ESPAÇO QUE DE FATO AJUDARIAM A ALAVANCAR O NOSSO BRASIL AO CHAMADO PRIMEIRO MUNDO. Infelizmente nenhum governante brasileiro rompeu este silencio até os nossos dias. Muitos integrantes do poder legislativo se recusam a tocar nessa PEDRA FILOSOFAL.

Ferroviário e simples integrante das classes populares fui no ano 2000 ocupar uma vaga de Deputado Federal e , acabei, justamente na Comissão de Transportes da Camara Federal em Brasilia-DF, ali vi de perto a razão da tragédia de nosso sistema de transporte e logistica, tão inviavel ao Brasil e sua economia.

Demitido politico da era Collor e de governos anteriores, assisti os discursos de Collor falando das "chamadas carroças brasileiras", na verdade ,ele falou dos veiculos montados aqui no Brasil pelas Multinacionais, inclusive o ex Presidente Lula, hoje preso, foi um dos funcionários destas Industrias montadoras do A.B.C., Foi a razão de EU e muitos outros colegas acreditarmos que Lula faria uma verdadeira revolução no Brasil, investindo em ferrovias e ignorando os Barões Multinacionais da Industria de Veículos, pneus e toda sua parafernália e tornando a ferrovia do Brasil um exemplo. Infelizmente, isso não aconteceu e o máximo que vi aqui no meu estado, foi a Festa politica de um Trenzinho inviável de Indubrasil a Miranda, ou seja: UM TREM DO PANTANAL QUE NÃO ATRAVESSAVA A PONTE PANTANEIRA E NEM CHEGOU A CAPITAL DO PANTANAL CORUMBÁ. Ali em Terenos, fui tomar uma Cerveja com o amigo Waldemir "X" autor de Prosas e Poesias e que foi manobrador da Ferrovia e disse a ele, esta foi mais uma grande decepção minha com o Cumpanheiro Lula: "...Esse Trem aí é só para Campanha Eleitoral..."

Assim, de 1988 até 1990 e chegamos a tentar lutar em 1995, para mostrar aos governantes e ao Brasil que era preciso não só manter a velha Noroeste do Brasil, moderniza-la, mas também investir em ferrovias em todo o Brasil....Mas foi inútil, fomos massacrados por Collor, demitidos, chamados de Marajás e outros nomes mais feios e para muitas pessoas ignorantes , era isso mesmo que pensavam de nós e de nossas lutas....

hoje vemos o Brasil de joelho diante não dos caminhoneiros, mas sim diante dos Grandes Barões Milionários da poderosa Industria Automotiva do Primeiro Mundo e suas peças, pneus, etc...vivemos, hoje em um dos maiores produtores de alimentos do mundo e com potenciais fantásticos, mas com um sistema MONO-MODAL que inviabiliza e fragiliza o nosso país e economia. Não falo aqui de greve dos caminhoneiros e de nossas lutas na ferrovia somente, Mas do drama que vivemos devido a nos tornarmos refém de uma Politica internacional de subordinação a interesses econômicos externos....AINDA É POSSÍVEL REVER ISSO, TALVEZ AS PRÓXIMAS GERAÇÕES TENHAM ESSA COMPREENSÃO....Mas a educação e o verdadeiro conhecimento destas causas e efeitos devem chegar a mente e coração de nosso povo, nossos jovens principalmente...é deles o futuro do Brasil.

*Em tempo: Nem preciso falar que a Privatização da Noroeste do Brasil foi trágica e entregue a um Grupo Americano da Noel Group.