À MEMÓRIA DE UM PRACINHA DA FEB

Ontem comemoraram-se 73 anos do “Dia V”, o marco da vitória dos países aliados contra a Alemanha Nazista, na 2ª. Guerra Mundial.

Embora isso nem sempre receba a devida atenção, é importante lembrar que o Brasil participou ativamente do conflito, tendo enviado para o front de batalha milhares de soldados, os famosos “pracinhas” da FEB. A atuação desses bravos brasileiros resultou em conquistas e façanhas heroicas, que muito ajudaram na desestabilização das forças nazistas – cite-se como exemplo a tomada de Monte Castello e Monte Cassino, na península itálica.

Há muitos anos, tive a chance de ouvir, por mais de uma vez, as histórias de guerra contadas por um ex-combatente que vivia em Chapecó. Seu nome era Rosalino, mas não sei se ainda está vivo. Ouvi-lo retratar os cenários de combate e as ações militares das quais participou era, ao mesmo tempo, algo arrepiante e encantador: embora aquilo tivesse acontecido há mais de meio século, o eterno pracinha se recordava de tudo com uma exatidão de detalhes absolutamente incrível. Uma das coisas que ele contava é que, para os soldados nazistas, a maior humilhação era serem capturados e feitos prisioneiros por soldados brasileiros de cor mais escura ou morena: era como se toda a teoria da superioridade racial ariana fosse implodida num instante, deixando após si apenas um rastro de vergonha e descrédito.

No entanto, a narrativa que mais me impressionou foi outra, de cuja veracidade alguns poderão, talvez, duvidar. O velho Rosalino dizia, em voz baixa e quase como quem conta um segredo, que nunca precisava colocar despertador quando queria levantar cedo: bastava-lhe, antes de dormir, mentalizar o horário de acordar para que seus amigos, os que tombaram em combate, viessem despertá-lo nos sonhos – na hora exata que ele havia pensado!