A NOSSA IDADE DAS TREVAS
Durante a Ditadura militar (1964-1985), houve um período no qual a mão da repressão bateu com mais força, Começa com a edição do AI-5 em dezembro de 1968. Não existe consenso sobre seu fim. Ele pode ser marcado por qualquer ano da década de setenta. Esse período ficou conhecido historicamente como “os anos de chumbo”.
Entre os anos de 1983 e 1984 ainda que em plena ditadura, o povo criou coragem e saiu às ruas exigindo “Diretas Já”. Nos palanques os discursos políticos monopolizavam todas as siglas pela volta da democracia ao Brasil. As vozes que se ouviam iam desde um inesquecível Sobral Pinto, até um hoje amado e odiado Luiz Inácio da Silva.
Promulgada a Constituição de 1988, nossa democracia foi caminhando rumo a escuridão. Fomos rapidamente empurrados para a uma “idade das trevas”. É possível afirmar que vivemos o seu auge atualmente. Sem nenhuma perspectiva de clarear em curto prazo.
Aqueles que escreveram nossa atual Constituição nunca estiveram interessados em espalhar igualdade pela pirâmide social do país. Pelo contrário. Ela foi o trampolim para a continuidade e o surgimento de novas oligarquias.
Nos dias atuais essas oligarquias receberam uma nova denominação. São as quadrilhas. Mesmo assim continuam mandando. Quando não é uma, é outra. Existem aquelas que governam. Também existem as que mandam prender e soltar. Com um sotaque típico de juridiquês. Claro, ninguém quer ser compreendido e nem interpretado.
Para continuarem onde estão, as oligarquias usam as trevas em seu favor e espalham sementes da erva daninha conhecida como ignorância. Neste ambiente que se assemelha a enormes currais, qualquer flor do intelecto que ouse florescer é crucificada e abatida.
Nesta idade das trevas da nossa democracia, é compreensível estar perdido. O primeiro passo dos perdidos é saírem não apenas procurando, mas também fabricando heróis e mártires. Se houver necessidade e possibilidade até santos. Não culpem apenas o povo. A mídia e os formadores de opinião também se perdem facilmente.
A “Idade das Trevas” denominada por Francesco Petrarca, compreendeu o período mais obscuro da raça humana durante a Idade Média entre os séculos V e XV. Este período que vivenciou a caça às bruxas da Inquisição, morreu pisoteada pelo movimento intelectual e filosófico do Iluminismo. A vitória triunfal da razão sobre ignorância.
Talvez, seja este o caminho a trilhar para finalmente assoprar as trevas que pairam sobre nós. Extirpar sem dó a erva daninha da ignorância, e deixar as flores do intelecto florescerem. Demora. É bem provável que não vejamos clarear. Sem problemas. Nenhuma herança será melhor do que deixar nossas futuras gerações viverem na luz.