Um passeio pelo Supremo

É breve e, no momento e nas circunstâncias, minha única forma de fazer um passeio pelo nosso Supremo Tribunal Federal, é pela internet, esse poderosíssimo instrumento de pesquisa, que tanto o trabalho nos suaviza, como também, pra carvalho, nos escraviza.

E embora ao longo de meus quarenta e dois anos de serviço público tendo vivido em Brasília por um tempo acumulado de quase quinze anos, e trabalhado na vizinhança mais imediata do estiloso edifício que abriga a mais Alta Corte do país, não o visitei por mais do que um par de vezes, e ainda assim, de forma perfunctória. Mas por dezenas, senão centenas, de vezes, de passagem, pude me deparar com a face mais eloquente de nossa Justiça, representada na famosa estátua assentada, e vendada.

No passeio que ora faço, entro direto até, sem fazer reverência à figura simbólica de nosso terceiro, e mais elevado, Poder da República. E eis-me virtualmente diante de seu egrégio corpo de Ministros, que busco melhor conhecer por meio de suas biografias.

E, ab initio, não me seduz, ou ao menos empolga, o formato de dados e informações que escolheram para se tornarem mais conhecidos dos conacionais que representam. Os curricula-vitae desses tão ínclitos profissionais do Direito, da Academia, das Letras, e de outras áreas afins são por vezes por demais circunstanciados, cansam o leitor, e ainda por cima, parecem desatualizados, em sua maioria. E isso se evidencia ainda mais quando olhamos para as fotografias que conquanto majestáticas, no tempo, ao reverso de Dorian Gray, elas, só elas, estáticas.

Verdade é que sem um curriculum alentado, substantivo e especializado não se chega ao topo de uma carreira, e muito menos no Supremo Tribunal Federal. Ou se chega?

Há pelo menos um caso em que o titular dessa elevada função ainda não inseriu seu curriculum e em muitos outros há dados que sem deixar de ser informativos, soam pouco relevantes, e até enfadonhos, à nobreza da função de Magistrado.

Num outro caso, pelo menos, uma Ministra não registrou a data de seu nascimento, no que pode ser visto como mera inadvertência, ou excessiva reverência dos encarregados de lhe formatarem a rica biografia. Afinal, em se tratando de ladies, noblesse toujours oblige.

Um dos Magistrados, contudo, surpreende positivamente em matéria de agilidade e clareza de informação, ao publicar, adicionalmente, versão resumida de seu currículo.

Será que me animo agora a atualizar minha página curricular no MRE?

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 17/03/2018
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