OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E O ESPIRITISMO

OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E O ESPIRITISMO

“Pelo nosso passado, somos simples sombras, mas se o nosso presente procura imantar-se com o Cristo, nossa bússola indicará os horizontes da verdadeira luz em nosso favor” (Emmanuel).

No Brasil, os Meios de Comunicação exercem um papel preponderante para a sociedade e o público de um modo geral. Nos anos 60 (sessenta), a tecnologia dos satélites aproxima os povos do planeta e, dentro de cada país, intensifica o intercâmbio de informações entre regiões distantes. Marshall McLuhan cria o conceito de “aldeia global”, antevendo novos tipos de relações entre os indivíduos a partir da revolução provocada pela mídia eletrônica. O Brasil, de dimensões continentais, é cenário ideal para a vivência desses novos tempos: o começo da era das comunicações. Contribui para isso o espírito de “integração nacional”, animado desde os anos 1950 pela construção de Brasília e estimulado pelos governos militares a partir de 1964. Em 1965, dois fatos seriam decisivos para garantir esse processo: a inauguração da TV Globo em abril e a criação da Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel) em setembro.

O conceito de Comunicação

A palavra Comunicação é derivada da palavra latina communis, da qual surge o termo comum em nosso idioma. Communis quer dizer pertencente a todos ou a muitos. Dessa maneira raiz latina surge à palavra comunicare, origem de comungar e comunicar. Num novo desdobramento dessa raiz, ainda no latim, chegamos a comunicationis que indica a idéia de tornar comum. Desdobrando um pouco mais a palavra comunicação temos juntado a idéia de tornar comum que deriva de communis, o sufixo latino ica que indica estar em relação e o sufixo ção que indica ação de (CUNHA, 1999, p.308).

A origem da palavra comunicação foi retirada do “Dicionário Etimológica Nova Fronteira da Língua Portuguesa”. Através desta idéia de como as palavras em torno do significado de comunicação vão se interligando, pode-se retirar o seguinte “macroconceito” de comunicação: “Pertence a muitos, conjugarem, tornar comum, estar em relação e ação de” (LOPES, 2003, p.43). Ao ler este conceito com palavras soltas, é possível observar que tais palavras estão relacionadas às características da comunicação. Alguns autores a conceituam de forma menos complexa.

O jornalista e professor Ciro Marcondes Filho, acredita que a comunicação não está relacionada somente com a divulgação de informações, fatos ou notícias através dos jornais: “comunicação é antes um processo, um acontecimento, um encontro feliz, o momento mágico entre duas intencionalidades, que se produz no ‘ atrito dos corpos’ (se tomamos palavras, músicas, idéias também como corpos)”. Para ele, a partir daí, a comunicação se origina da criação de um ambiente comum em que dois lados participam, fazendo com que algo novo e diferente surja, modificando o estatuto anterior dos dois, mesmo que as distinções individuais permaneçam. Ciro Marcondes acrescenta que para haver comunicação é necessário que haja essa troca entre os dois lados em um determinado contexto:

A comunicação não está na difusão em massa dos jornais, rádios, televisões, revistas, publicidades de rua e semelhantes; aí ela é apenas difusão, eu emito sinais e formas livremente e alguém os capta, mas, rigorosamente, não se trata de comunicação, pois não há ação recíproca, a troca, o aprendizado instantâneo e num mesmo ambiente contextual de um com o outro. Quer dizer, a comunicação não se realiza no expresso, no intencional, na maquiagem que pretendemos de nós, de nossas coisas, de nossos produtos, de nossas ações; tudo isso fornece sinais de nós, que são decodificados livre e aleatoriamente pelos que são por eles sensibilizados.

Já Wilson Garcia colaborador e estudioso da Doutrina espírita, diz que: Não será exagero dizer que à imprensa espírita se deve, em boa parte, a grande divulgação que o Espiritismo teve no Brasil. Esse fenômeno foi verificado até mesmo na Europa, com o lançamento da Revista Espírita por Allan Kardec em 1858, apenas oito meses após a edição de "O Livro de Espíritos". Com a Revista, a doutrina ganhou um impulso incrível para além daquilo que o próprio Codificador poderia esperar. Pessoas de diversas partes do continente europeu passaram a ter conhecimento dos fenômenos e da filosofia que os explicava e a prova do interesse pela Revista se mostra exatamente pelos sucessivos aumentos da sua tiragem, além de sua longa vida (Kardec dirigiu-a por 11 anos, até seu desencarne, após o que a Revista passou para as mãos de Madame Allan Kardec e de P. G. Leymarie).

No Brasil, antes mesmo de qualquer livro doutrinário, foi lançado um jornal - Echo de Além Túmulo - em Salvador, Bahia. Embora de vida efêmera, o Echo deu a partida para uma sucessão interminável de outros veículos noticiosos, fato que alcançou os nossos dias e promete prosseguir pelo tempo futuro, uma vez que a importância do jornal espírita é vista diariamente por todos aqueles que sentem e vivem os ideais doutrinários.

Seria impossível, apesar das tentativas feitas, enumerar ou nomear todos os veículos espíritas existentes no País. Com certeza, os de circulação regular ultrapassam a uma centena e se pudéssemos contar os boletins e os veículos não periódicos chegaríamos a um número surpreendente.

Ao longo de quase século e meio, muitos homens sentiram de uma maneira ou de outra a importância de poder ter um veículo nas mãos. O alfaiate Augusto Elias da Silva fundou, em 1883 "O Reformador", que a FEB passou a editar e o faz até hoje; São Paulo, terra onde o espírito do progresso se fez presente fortemente, viu um Antônio Gonçalves da Silva "Batuíra" criar o ("Verdade e Luz") também no século passado e distribuí-lo, lépido como a ave que lhe emprestou o apelido, de casa em casa. Até na famosa Faculdade de Direito do Largo São Francisco na ânsia de tornar conhecida a Doutrina codificada na França. Cairbar Schutel seguiria seus passos e acabaria por editar um jornal (1905) - "O Clarim" - e uma revista (1925) - "Revista Internacional de Espiritismo" - para desbravar a selva da ignorância alimentada pelo clero dominante. Schutel, residente na então inexpressiva Matão, chegaria a distribuir o seu jornal na porta dos cemitérios, em época de finados, tal a sua visão da importância do veículo.

As coisas não parariam ai. O Brasil inteiro via crescer vertiginosamente o número de folhas doutrinárias e todos, absolutamente todos os homens imbuídos do propósito de editar jornais espíritas eram criaturas nascidas dentro de centros espíritas. Eis aí um fato importante. À proporção do surgimento de jornais doutrinários só não era maior que a da criação de centros espíritas, pois estes espocavam em todas as partes. Mas os jornais apareciam como ferramentas indispensáveis para a disseminação das novas idéias.

Estima-se que hoje, apenas no Estado de São Paulo, exista cerca de dois mil centros espíritas. Calculando-se à média de 500 pessoas por centro, chega-se a um número considerável de freqüentadores: mais ou menos um milhão de criaturas. Isso significa que existe um milhão de leitores em potencial no Estado. Significa, também, que a imprensa espírita teria que editar no mínimo 350 mil exemplares por mês para suprir a demanda existente, uma vez que estatisticamente cada jornal é lido por três pessoas.

Vejamos se os números da imprensa espírita conferem com essa realidade. O primeiro dado já mostra uma deficiência existente em nosso estado: cerca de 30 veículos (jornais e revistas) periódicos que, juntos, somam mais ou menos 80 mil exemplares por mês. Ocorre que cerca de 40% destes exemplares se destinam aos leitores fora do Estado: outros 20% vão para um mesmo leitor, ou seja, há pessoas que lêem mais de um jornal por mês: 10% é a taxa de encalhe, jornais que deixam de ser lidos por falta de leitores ou por deficiência de distribuição. Chegamos a um número definitivo (sem considerar os jornais que são lidos por pessoas não espíritas): apenas 30% dos veículos alcançam os leitores.

Estatisticamente cada exemplar de jornal é lido por três pessoas em média. Se, efetivamente apenas 24 mil exemplares dos jornais editados em São Paulo ficam no Estado, temos 72 mil pessoas que lêem esses jornais. Os demais não lêem nada. Na verdade esses números são hipotéticos, podendo sofrer variação, porém, mesmo que isto aconteça, a variação não deverá ser expressiva. O que fazer para melhorar o nível de leitura dos jornais? A resposta para essa pergunta é a chave da questão. Diversas possibilidades podem ser agrupadas aqui, como favoráveis ao aumento do número de leitores. Ao longo do tempo, por exemplo, se verificou que muitos dirigentes de centros deixam nas gavetas os jornais que recebem gratuitamente. Isso significa que eles não lêem e não incentivam a leitura pelos freqüentadores. Parece significativo, também que a melhoria do nível de leitura tende a passar pelo centro espírita, assim como qualquer questão que envolva a coletividade espírita. Tudo se resume em uma tomada de consciência para o assunto, ou seja, deve-se verificar que, na época em que vivemos a informação é vital para o ser humano. O jornalismo espírita é o canal capaz de levar ao adepto a informação que pode colocá-lo a par dos horizontes espíritas.

A contrapartida disto deve vir dos próprios veículos. Não se pode desconsiderar que a nossa imprensa ainda possui suas falhas, responsáveis por uma parcela do reduzido número de leitores. Melhorar a qualidade do jornalismo espírita implica em contribuir para a melhoria do nível de leitura. Mas essa melhoria não deve ser considerada apenas de caráter estético ou técnico, mas principalmente de conteúdo, ou seja, o jornalismo espírita deve ampliar sua capacidade de informar sobre os fatos e a doutrina, de modo a colaborar com o leitor em sua consciência crítica. Isto se consegue através da melhor compreensão dos objetivos do jornal e do modo como o jornal deve ser produzido.

Como se vê, a mídia imprensa teve e tem um papel preponderante na divulgação do Espiritismo, jornais, revistas, panfletos, folders, manuscritos foram os embriões importantíssimos para a divulgação da doutrina espiritista em todo o mundo. Com o advento do rádio e da televisão que se inserem nos “Meios de Comunicação”, o Espiritismo tomou um impulso muito grande e hoje existe um acasalamento permanente entre os dois. A mídia de um modo geral repassa com mais rapidez qualquer tipo de ensinamento e é através dela que as religiões hoje em dia procuram seu desenvolvimento e também manter contato com os seguidores, que por um motivo ou outro não possa freqüentar os Centros, as Igrejas e assembléias.

ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI E ACADÊMICO DA ALOMERCE

Paivinhajornalista
Enviado por Paivinhajornalista em 28/08/2007
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