= REALIDADE E VERDADE =
Boa tarde a todos amigos(as) Beijos em seus corações!
Desabafo... Realidade e verdade
Realidade e verdade em nossas vidas não são ciências exatas... Estão sujeitas às mais diversas mudanças, mesmo que tenhamos todos os fatos, todas as testemunhas, todas as provas, mesmo assim, podem sofrer de abruptas mudanças.
Sei que é difícil falar sobre as surpresas que a vida nos proporciona, mas, são fatos! Somente Deus pode nos dar o discernimento e a compreensão.
Parece que não estou dizendo coisa com coisa, mas, farei da minha própria vivência um exemplo... Explicarei melhor: Aos 20 de julho de 1981, nasceu minha primeira filha Tatiana, que será “o” protagonista deste texto.
Nasceu de uma cesariana, pois, ela havia sido gerada sentada. A família toda estava feliz, era ela uma linda criança. Médicos e enfermeiras nos parabenizaram pela bela e saudável menina. Naquela época não se usava fazer o ultrassom. Felizes da vida, fomos ao cartório a registrá-la, tudo era festa. Tempos depois vieram Daiana e Francisco Daniel, a completar a nossa felicidade; eram duas meninas e um menino. Todos os exames foram feitos, Tatiana era uma criança saudável e perfeita, não havia com o quê nos preocuparmos.
O tempo foi se passando, Tati, como costumávamos chamá-la, se tornou uma moça, morena, alta, de olhos verdes, uma bela jovem. Sempre fora muito carinhosa com todos que a cercavam. Em sua pré-adolescência, começaram mudanças de comportamento, dava para notar a sua insatisfação com a vida. Na escola, desde criança, fora vítima de bullying, um sofrimento atroz, tanto para ela, quanto para nós. Aos trancos e barrancos, fomos contornando aquela dolorosa situação. Meu Deus... isto chega a ser desumano! Ao atingir a adolescência, Tatiana chamou-me, em particular, passando-me a sua realidade bombástica! Disse ela: “_Pai, não tenho com quem conversar, minha mãe está sofrendo de depressão e não entenderá o meu problema, na verdade, eu sou homossexual.” Só Deus sabe o que eu senti, faltou-me fôlego, o chão parecia ter sumido de meus pés, deixando-me completamente sem palavras e ação. Tentei dar a ela várias sugestões, algumas, tenho que admitir... ridículas! Eu não sabia o que dizer ou como me comportar. Com o passar daquele fatídico momento, com a ajuda “Daquele” que não nos abandona, eu disse que não estava feliz e nem iria soltar foguete em comemoração, mas, não deixaríamos de amá-la, ela continuaria a ser nossa filha.
Jamais poderemos ser algoz dos nossos filhos, não importando quais sejam as circunstâncias!
Foram anos difíceis! Ela era discriminada preconceituosamente, até mesmo por familiares. Somente quem passou, ou passa por isto, sabe o que estou falando. Ela continuou seus estudos, apesar dos problemas, formou-se em publicidade e propaganda. Devo confessar que, ao terminar uma tempestade emocional, às vezes, não nos dava prazo de preparar para a próxima. Não foi fácil, mas nós procurávamos entender e aceitar com amor, fé em Deus e pela intercessão de Nossa Senhora, tentamos agir com a maior naturalidade possível, é claro!
Peço a vocês, amigos (as)... se acontecer com seus filhos, isto ou coisa semelhante, o remédio que funciona é o amor... ame-os em dobro!
As coisas não pararam por aí; quando ela estava próximo dos trinta anos, começou a sentir muitas dores abdominais, foi aí que começaram as peregrinações pelos hospitais, muitos exames e poucos esclarecimentos. Foram localizados tumores, o que dava a entender a possibilidade eminente de câncer, iniciando-se assim, o nosso calvário entre Divinópolis – BH. Depois de uma série de exames, veio uma nova surpresa... Tati chamou-me novamente à outra conversa e disse-me: “_Pai, eu não sei se o senhor ficará triste ou com raiva de mim, nestes últimos exames descobriram, com surpresa, inclusive dos próprios médicos, que eu sou homem, os tumores que tanto os preocupavam, na verdade, são testículos, é um caso raríssimo, mas aconteceu comigo, o nome é: "Hermafrodismo Verdadeiro.” _Filha ou filho, disse eu, quando você estava para nascer, eu não escolhi ou pedi a Deus que fosse homem ou mulher, não será agora que eu vou escolher, seja feita a vontade de Deus, te amaremos da mesma forma. Desde então estamos nesta labuta, são várias cirurgia, numa novela que ainda está longe do final.
Domingo passado, dia 11 de fevereiro, com autorização do Vaticano, Tati, consagrou-se, como um novo batismo, pelo Bispo da diocese de Divinópolis, Dom José Carlos, doravante recebendo o nome de Henrique Tati, para que as pessoas fiquem mais a vontade ao tratá-lo, por Henrique ou Tati.
Os padrinhos foram: o meu irmão Pedrinho, e a sua tia Rita, do lado materno, os dois sempre tiveram o maior carinho por ele e são pessoas que eu respeito e os estimo muito.
Hoje Henrique Tati está muito feliz, nós também estamos, agora ele verdadeiramente se encontrou. Para nós o que importa é que, apesar de tudo, continuamos juntos com perspectivas de vencermos, com a ajuda de Deus, todos os desafios que a vida nos impuser.
Agradeço a Deus por nos dar forças a continuar o tratamento. Quero dizer que, apesar de tudo, sentimos felizes e orgulhos, por Deus ter-nos concedido, dois filhos e uma filha, que igualmente os amamos!
Quando a vida, aparentemente, nos represar, não nos deixando
saída, lembrem-se: é aí que nos tornamos mais fortes e mais profundos em nossa fé!
Agradeço a todos os amigos e amigas, pela força que sempre me deram, mostrando suas preocupações e orações, que Deus os abençoe sempre!
Tonho Tavares.