Pablo Neruda Tradção Gilmar da Silva Paiva
Poema III
Ah vastidão de pinheiros, rumor de ondas quebrando-se,
Lento jogo de luzes, companheira solitária,
crepúsculo caindo em teus olhos,boneca,
búzio terrestre em ti canta!
Em ti os rios cantam-se e minha alma neles rui.
Como tu o deseje e fazia onde tu queres.
Marcar meu carinho em teu arco de esperança
e soltarei em delírio minha tolhida de flechas.
Em torno de ti estão vendo tua cintura de nevoa.
e teu silêncio acusa teus braços de pedra transparente.
Onde meus beijos ancoram e minha úmida ânsia aninha.
Ah tua voz misteriosa que o amor tem e dobra
no entardecer ressoante e morrendo!
Assim em horas profundas sobre o campo hei visto.
Dobram-se as espigas na boca de vento.