Pablo Neruda Tradção Gilmar da Silva Paiva

Poema III

Ah vastidão de pinheiros, rumor de ondas quebrando-se,

Lento jogo de luzes, companheira solitária,

crepúsculo caindo em teus olhos,boneca,

búzio terrestre em ti canta!

Em ti os rios cantam-se e minha alma neles rui.

Como tu o deseje e fazia onde tu queres.

Marcar meu carinho em teu arco de esperança

e soltarei em delírio minha tolhida de flechas.

Em torno de ti estão vendo tua cintura de nevoa.

e teu silêncio acusa teus braços de pedra transparente.

Onde meus beijos ancoram e minha úmida ânsia aninha.

Ah tua voz misteriosa que o amor tem e dobra

no entardecer ressoante e morrendo!

Assim em horas profundas sobre o campo hei visto.

Dobram-se as espigas na boca de vento.

Gilmar da Silva Paiva
Enviado por Gilmar da Silva Paiva em 19/01/2018
Código do texto: T6230563
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