Atoalidades

Diante da garantia verbal, e avisual, do próprio timoneiro, de que está recuperadíssimo e apto a retomar as rédeas e esporas do governo, iniciamos o ano sob o manto da tranquilidade. Se dezessete foi um ano ímpar, dezoito, tem forçosamente que o contrariar: é par. Mas é na alternância que avançamos com mais propriedade e melhor. Os próprios computadores parecem ter assimilado essa lei do Criador, com os seus bits e bites.

Esse trotar, nada obstante, já fez apear pelo menos três membros do primeiro escalão nestas últimas semanas, a que se soma o anúncio de uma quarta baixa, na Saúde. Não a de Sua Excelência que é forte, notoriamente saudável para os seus setenta e muitos anos e que trabalha incansavelmente. Até depois do poente. E tendo que receber cada tipo de gente...

Por outro lado, o propalado desembarque do PSDB do Governo, continua numa indefinição de dar dó. E nó. Se Imbassahy saiu, Luislinda se autogarantiu e nenhum mundo ruiu...o tema, por ora, se diluiu. Ao menos na mídia, já que dos bastidores, o que sabemos são as gravações judiciosas de Aécio, ou esculachando com um Perrela, ou dando instruções ao goleiro Gilmar para que nada deixe passar.

No obscenário internacional, entretempo, Kim e Trump digladiam-se destilando retórica. A imagem mais forte foi a da disputa sobre quem tem o maior e mais potente botão. Nuclear, é bom frisar. Mas se porventura acionados, sobrará para nós todos tanta catinga aguentar.

Talvez uns felizes habitantes da espalhada Polinésia ou dos geleiras nunavíticas possam escapar ao apocalipse. E aí, reconstruírem tudo de novo, até que, como agora, a convivência se torne insuportável, ou ainda pior, insubornável, e aí o Criador, desacorçoado com o rumo que sua obra tomou, liquide tudo, em mega-promoção que atraia até compradores interestelares...

Está anunciado para hoje o lançamento, nos Estragos Zunidos, de uma obra, contestadissima por Trump, que reúne os podres de seu caráter e de seu governo - o que aliás, todo o mundo, mais a torcida do Flamengo, já sabe. E não fez nada até agora. Fá-lo-á, ano afora?

Mas o que parece pegar nessa história toda é a questão da obstrução de justiça. Que lá, algures e alhures, condena. Cá, vale a pena.

E Portugal vem sendo celebrado como a destinação turística mundial por excelência. E não surpreende, ainda que lá não se façam anúncios bombásticos como 50% off, Seasons Greetings, delivery, delete, and so on. São cartesianos, sem descartes. Dia desses, ouvi, uma distinta sociality nossa, num luxuoso restaurante português, apontando para uma das iguarias locais, no alentado cardápio, perguntou ao Maître:

- Como é que vem esse bacalhau aqui, meu Senhor?

Ao que lhe veio a resposta solene, rápida e cabal:

- O garçom traz, minha Senhora.

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 05/01/2018
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