AtOalidades

Num átimo, a vida de Paulo Salim deu um salto gidantesco: no processo de se entregar à Justiça, entrou no automóvel de forma desabrida para, amparado e de bengala, dar a saída. Quantos passos mais há de dar, até finalmente, se aGilmar?

A trajetória malufiana é longa, sinuosa, vitoriosa e, no mínimo, controversa. Esse octogenário e fração já governou o estado mais rico do país, a sua prefeitura e teve mandatos legislativos sempre com expressivo apoio do eleitorado. Seu ápice de ousadia e popularidade foi quando, desafiando o estamento militar, forçou sua candidatura a Presidente da República em meados dos anos oitenta. Sua mais palpável contribuição contudo foi na criação do neologismo malufar. E hoje se malufa descaradamente no obscenário político nacional e subnacional.

Conheci-o em pessoa, quando, como Prefeito de São Paulo, e declarado candidato à Presidência, visitou Cingapura, em 1995. À época, num interregno de chefias, eu era o Encarregado de Negócios, ad interim, na Embaixada do Brasil naquela progressista e rica ilha-Estado. Cingapura tem uma área total de cerca de 720 km2, e uma população majoritariamente de origem chinesa, que então andava pela casa de 4 milhões e meio de habitantes.

Maluf, viajado e bem articulado, fez, em inglês bastante fluente, uma conferência para cerca de 70 oficiais de governo, homens de negócios, acadêmicos e industrialistas. Proclamou seu projeto habitacional, denominado "Cingapura", como uma justa homenagem ao país anfitrião e manifestou a convicção de que aquela era uma solução urbana ideal para a cidade de São Paulo. Reiterou sua inabalável disposição de, com o Brasil redemocratizado, concorrer para Presidente nas próximas eleições gerais do país - que culminaram por conferir o mandato a FHC.

Nota desapontadora da visita foi sua desistência à última hora de realizar visita a renomado centro hospitalar local que lhe apresentaria equipamento de última geração para hemodiálise. A simples designação de seu Secretário da Saúde para o substituir no ensejo não foi bem recebida.

Lado anedótico foi sua animação, logo à chegada, com o sofisiticado comércio de varejo local. Duma vezada comprou três relógios de pulso de colecionador. À minha vista, meteu a mão no bolso, que parecia próprio, e profundo, e num segundo, pagou tudo à vista. Cash from the stash.

Por um outro átimo, quase pensei em lhe estender a mão...

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 22/12/2017
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