AtOalidades

Do Mar Morto, o nome já diz tudo. Nem Jesus, que por lá viveu, o ressuscitou. A única vantagem lá, ao que parece, é a impossibilidade de se afogar, de tão pesada que é a densalinidade de suas águas que faz qualquer um boiar. E vai ver que até sobre elas caminhar...

E mesmo mortinho da silva, esse mar está encolhendo em ritmo alarmante, razão pela qual um mega projeto de revitalização vem sendo desenvolvido pela Jordânia e cuja finalização espera-se para o ano de 2021. Mas esse esforço todo será vão, no sentido de se lhe instilar vida.

Vida mesmo, só nas águas das garrafinhas que de lá trazem os evangélicos pastores, miraculosas para curar todos os tipos de dores.

Contudo, o que está ganhando corpo agora é a investida no Vau do Jaboque. Não se assuste, dona Bela, não há risco aqui de ofensa a donzela, ou de má sequela. O Jaboque, citado na Bíblia, é um dos afluentes do Rio Jordão, e a sua bacia é bem ancestral torrão. Nasce no planalto sírio e corre para o território do povo eleito, levando o elemento vital e a consequente fertilidade dos cursos d'água. A palavra Vau não é mais que forma arcaica de nosso português, significando vale.

E é justamente mais ao norte de Israel, portanto, caminhando-se para a nascente do sacro Jordão é que se vai encontrar o lago de Genezaré. Há pessoas que preferem chamá-lo de mar da Galiléia. Mas suas modestas dimensões, de 21 km de longo, aconselham menos pompa na nomeada.

E, pela minha dedução, sem consultar o livro sacro, foi lá que Jesus ensinou seus Apóstolos a pescarem. Generazé, apesar de estar também bem abaixo do nível das águas do mar Mediterrâneo, é piscoso, e parece dar pro gasto. Sobretudo quando milagres são evocados e operados.

Há muita crença agora de que o Vau do Jaboque vá resgatar a sede da cura aos fiéis evangélicos, trazendo-lhes o livramento de uma vez por todas. Afinal, nosso único Livramento constante e operante traduz-se na cidade gaúcha que, fronteiriça sempre nos defendeu da sanha dos vizinhos sulinos.

Y, mientras tanto, a geração de notícias, ou mesmo fortes rumores, está bem escassa. Feito a bica da Gameleira de minha Velha Serrana, que décadas atrás exibia quatro saídas com canos grossos e jorro forte e que agora só se limita a uma única operacional. Falar em obstrução pode gerar conotações e ou reações adversas da sempre vigilante mídia, mas noa albores de nossa chegada a Pitangui, vindos do Brumado bem vizinho, em 1958, a água corria solta, e mamãe, com mana Bebel, e eventualmente até as tias, podiam se dar ao luxo de boas esfregadas e ainda melhores enxaguadas, ao lavarem nossas roupas na ponta de bica. A água da Copasa ainda levaria mais uma década para chegar - e o nosso encanto, de só sujadores de roupas, acabar.

E, afinal, com que roupa vamos ver o Presidente hoje no noticiário televisivo de logo mais? Será que ele estará oferecendo um jantar à base de apoio, para convencer os parlamentares das virtudes e mais ainda da imprescindibilidade das reformas? Os reajustes e apertos de cinto são absoluta e obsoletamente necessários para o país não quebrar e para. A ética e o combate à corrupção, ao que não aparece, podem esperar...

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 17/12/2017
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