A FAMÍLIA STRAZZI
Dona Eunice Borine Strazzi
A fundação da APAE em Mogi das Cruzes não foge à motivação que deu nascimento á várias outras entidades congêneres em todo o país. E lembra, em suas nuances, a própria introdução do movimento no Brasil, pela senhora Beatrice Bemis. Nasceu da vontade abnegada de um grupo de voluntários, que sensibilizados pela situação das crianças com deficiência em Mogi das Cruzes, então sem qualquer núcleo especializado no trato de pessoas nessa condição, resolveram se unir e resolver, por si mesmos, esse problema. Até então, nenhuma política pública, ou qualquer trabalho oficial das autoridades do município, do estado ou da federação, havia sido desenvolvido em Mogi das Cruzes nesse sentido, embora fosse considerável o número de pessoas que apresentavam anomalias classificáveis no rol das pessoas com deficiência, que poderiam ser atendidas pela APAE.
Dona Eunice Borini Strazzi, embora não conste como fundadora, já que não assinou a ata de fundação, é uma das primeiras colaboradoras da entidade. Sua atuação na entidade resume bem o ambiente daqueles primeiros tempos da APAE-Mogi:[1]
“ Quem tinha filho ou filha nessas condições tinha que ir para São Paulo se quisesse obter para ele um tratamento especializado. Em Mogi não havia nada nesse sentido”, diz ela, que é mãe de Ney BorinE Strazzi (hoje com 59 anos), que entrou como aluno na APAE-Mogi em 1974, com um ano de idade e lá continua até hoje, como funcionário. Ney é considerado um verdadeiro símbolo do trabalho realizado pela entidade.
“ Foi então que fundamos o Clube de Mães dos Excepcionais (como eram chamadas as crianças atendidas pela entidade), O trabalho era realizado pelas mães voluntárias, orientadas por professoras pagas pela Prefeitura.”
“Era um trabalho muito difícil e cansativo” diz Dona Eunice. A gente não sabia exatamente como fazer. Não sabíamos como tratar essas crianças. Assim, fomos aprendendo juntas, pois todas éramos mães desesperadas em busca de uma solução de minorasse o sofrimento dos nossos filhos.”
“ A APAE de Mogi era a única organização desse tipo em todo o Alto Tietê”, continua Dona Eunice. Vinham crianças de Ferraz de Vasconcelos, Suzano, Poá, Biritiba Mirim e outras localidades. As mães que antes levavam seus filhos para São Paulo, como eu, começaram a trazer as crianças para Mogi. Não tínhamos como receber tantas crianças.”
Mas essas dificuldades não desanimaram Dona Eunice. A contrário, serviram de estímulo para ações inovadoras.
“Mas eu tinha a motivação do Ney, assim como as outras mães tinham os seus filhos que precisavam de ajuda. Então nós aprendemos a trabalhar, mais pelo coração do que razão. O amor nos ensinou a fazer um trabalho que nennhuma escola, naquele tempo podia ensinar.”.[2]
“Quando o Ney começou a frequentar a APAE, por volta de 1974, eu já tinha adquirido experiência no trabalho com crianças com deficiência e participava dos trabalhos da APAE, ajudando o Ricardo, que foi um dos fundadores da entidade e seu vice-presidente. Depois ele assumiu a presidência em 1972, e eu me envolvi totalmente com o trabalho da instituição, até porque eu tinha o interesse e a necessidade, por causa do Ney”.
“O Clube de Mães”, continua Dona Eunice, “foi uma benção para as mães das crianças assistidas pela APAE-Mogi das Cruzes, pois além de mantê-las perto de seus filhos, fazem com que elas acabem colaborando em seus orçamentos domésticos, já que elas aprendem a confeccionar produtos que são comercializados no bazar permanente que é mantido pela Instituição. Esse bazar gera renda para a instituição e para as mães das crianças.”
Ney Borine Strazzi
Quem vê e conversa hoje com Ney Borine Satrazzi dificilmente acreditaria que ele foi uma criança com deficiência. Hoje, com cinquenta e nove anos de idade, ele é a prova viva da eficiência com que a APAE tem atuado nesses cinquenta anos de sua vida em Mogi das Cruzes. Foi através da APAE que Ney adquiriu autonomia e capacidade para viver uma vida normal. É comum encontrá-lo participando das atividades sociais da APAE e do Lions Clube Mogi das Cruzes, honrando a memória de seu pai, Ricardo Strazzi. E até hoje, é um dos mais dedicados funcionários da APAE, auxiliando, com a experiência adquirida em mais de quarenta anos de vida passada dentro da instituição, os alunos e funcionários.
Com todo o merecimento, Ney é considerado o símbolo do sucesso da APAE- Mogi das Cruzes.
Ricardo Strazzi
Ricardo Strazzi nasceu em Pedreiras, interior de São Paulo, em 1923. Já com experiência na manufatura de artigos em cerâmica, veio para Mogi das Cruzes em 1940, com com 17 anos de idade, onde empregou-se numa fábrica de louças existente na hoje chamada Vila Industrial, fábrica essa pertencente à família Rizzo, capitaneada pelo industrial Ângelo Rizzo. Casou-se com Maria Eunice, com quem teve três filhos: Paulo, que faleceu em um acidente de carro, com apenas vinte anos, Ney, que hoje é o símbolo da APAE-Mogi das Cruzes, e Maria Eunice.
Morando com seu tio, Rogério Strazzi, ele completou em Mogi sua educação, fez o Tiro de Guerra e formou-se em contabilidade no Liceu Bráz Cubas em 1946. Depois formou-se em Economia pela Universidade Bráz Cubas.
Depois que deixou a fábrica de louças da família Rizzo, ele empregou-se em uma drogaria da família Ariza, a Drogariza, farmácia muito conhecida em Mogi das Cruzes.
O acontecimento mais marcante na vida de Ricardo foi o falecimento de seu filho Paulo, então com vinte anos, em um acidente de carro .
“Paulo era a esperança de Ricardo para cuidar de Ney, o seu outro filho, que havia sofrido encefalite com um ano e meio e teve lesão cerebral”, diz Henrique Borestein, amigo e patrão de Ricardo durante mais de trinta anos. “ Ele ficou arrasado com esse acontecimento. Foi o trabalho que ele exercia conosco e principalmente o comprometimento que ele tinha com a APAE que o ajudou a superar essa tragédia” completou Henrique, que desde os primeiros anos da fundação da APAE apoiou e aconselhou Ricardo, não só na administração da APAE, como também na sua vida pessoal.
Ricardo Strazzi pode ser considerado o principal fundador e articulador da APAE-Mogi das Cruzes. Seu nome está ligado à entidade desde a sua fundação, onde ele aparece como co-fundador e primeiro vice-presidente. Cerca de dois anos depois da fundação ele assumiu a presidência da entidade, em virtude da transferência do presidente Lineu Húngaro para São José dos Campos. Nesse cargo Ricardo trabalhou até o dia do seu falecimento ocorrido em 2012.
A APAE entrou na vida de Ricardo por força de uma motivação muito especial: o seu filho Ney. Com cerca de um ano e meio o menino teve uma encefalite, a qual paralisou completamente o seu crescimento. Depois de um intenso tratamento de mais de cinco anos o menino voltou a falar e a andar, mas ainda assim o seu desenvolvimento normal continuou prejudicado. Foi quando a proposta de fundação de uma APAE em Mogi das Cruzes chegou ao conhecimento de Ricardo. Ele logo se engajou no grupo e se tornou um dos seus mais ativos colaboradores e entusiastas. Além dele, arrastou também sua esposa Eunice para essa luta, formando um dos mais combativos casais da entidade nessa luta por causa mais que meritória.
A história de Ricardo Strazzi e sua luta para transformar a APAE de Mogi das Cruzes em uma das mais bem sucedidas entidades do país no trabalho de educação preparo e inserção de pessoas com deficiência na sociedade é a própria história dessa entidade.
Dona Eunice Borine Strazzi
A fundação da APAE em Mogi das Cruzes não foge à motivação que deu nascimento á várias outras entidades congêneres em todo o país. E lembra, em suas nuances, a própria introdução do movimento no Brasil, pela senhora Beatrice Bemis. Nasceu da vontade abnegada de um grupo de voluntários, que sensibilizados pela situação das crianças com deficiência em Mogi das Cruzes, então sem qualquer núcleo especializado no trato de pessoas nessa condição, resolveram se unir e resolver, por si mesmos, esse problema. Até então, nenhuma política pública, ou qualquer trabalho oficial das autoridades do município, do estado ou da federação, havia sido desenvolvido em Mogi das Cruzes nesse sentido, embora fosse considerável o número de pessoas que apresentavam anomalias classificáveis no rol das pessoas com deficiência, que poderiam ser atendidas pela APAE.
Dona Eunice Borini Strazzi, embora não conste como fundadora, já que não assinou a ata de fundação, é uma das primeiras colaboradoras da entidade. Sua atuação na entidade resume bem o ambiente daqueles primeiros tempos da APAE-Mogi:[1]
“ Quem tinha filho ou filha nessas condições tinha que ir para São Paulo se quisesse obter para ele um tratamento especializado. Em Mogi não havia nada nesse sentido”, diz ela, que é mãe de Ney BorinE Strazzi (hoje com 59 anos), que entrou como aluno na APAE-Mogi em 1974, com um ano de idade e lá continua até hoje, como funcionário. Ney é considerado um verdadeiro símbolo do trabalho realizado pela entidade.
“ Foi então que fundamos o Clube de Mães dos Excepcionais (como eram chamadas as crianças atendidas pela entidade), O trabalho era realizado pelas mães voluntárias, orientadas por professoras pagas pela Prefeitura.”
“Era um trabalho muito difícil e cansativo” diz Dona Eunice. A gente não sabia exatamente como fazer. Não sabíamos como tratar essas crianças. Assim, fomos aprendendo juntas, pois todas éramos mães desesperadas em busca de uma solução de minorasse o sofrimento dos nossos filhos.”
“ A APAE de Mogi era a única organização desse tipo em todo o Alto Tietê”, continua Dona Eunice. Vinham crianças de Ferraz de Vasconcelos, Suzano, Poá, Biritiba Mirim e outras localidades. As mães que antes levavam seus filhos para São Paulo, como eu, começaram a trazer as crianças para Mogi. Não tínhamos como receber tantas crianças.”
Mas essas dificuldades não desanimaram Dona Eunice. A contrário, serviram de estímulo para ações inovadoras.
“Mas eu tinha a motivação do Ney, assim como as outras mães tinham os seus filhos que precisavam de ajuda. Então nós aprendemos a trabalhar, mais pelo coração do que razão. O amor nos ensinou a fazer um trabalho que nennhuma escola, naquele tempo podia ensinar.”.[2]
“Quando o Ney começou a frequentar a APAE, por volta de 1974, eu já tinha adquirido experiência no trabalho com crianças com deficiência e participava dos trabalhos da APAE, ajudando o Ricardo, que foi um dos fundadores da entidade e seu vice-presidente. Depois ele assumiu a presidência em 1972, e eu me envolvi totalmente com o trabalho da instituição, até porque eu tinha o interesse e a necessidade, por causa do Ney”.
“O Clube de Mães”, continua Dona Eunice, “foi uma benção para as mães das crianças assistidas pela APAE-Mogi das Cruzes, pois além de mantê-las perto de seus filhos, fazem com que elas acabem colaborando em seus orçamentos domésticos, já que elas aprendem a confeccionar produtos que são comercializados no bazar permanente que é mantido pela Instituição. Esse bazar gera renda para a instituição e para as mães das crianças.”
Ney Borine Strazzi
Quem vê e conversa hoje com Ney Borine Satrazzi dificilmente acreditaria que ele foi uma criança com deficiência. Hoje, com cinquenta e nove anos de idade, ele é a prova viva da eficiência com que a APAE tem atuado nesses cinquenta anos de sua vida em Mogi das Cruzes. Foi através da APAE que Ney adquiriu autonomia e capacidade para viver uma vida normal. É comum encontrá-lo participando das atividades sociais da APAE e do Lions Clube Mogi das Cruzes, honrando a memória de seu pai, Ricardo Strazzi. E até hoje, é um dos mais dedicados funcionários da APAE, auxiliando, com a experiência adquirida em mais de quarenta anos de vida passada dentro da instituição, os alunos e funcionários.
Com todo o merecimento, Ney é considerado o símbolo do sucesso da APAE- Mogi das Cruzes.
Ricardo Strazzi
Ricardo Strazzi nasceu em Pedreiras, interior de São Paulo, em 1923. Já com experiência na manufatura de artigos em cerâmica, veio para Mogi das Cruzes em 1940, com com 17 anos de idade, onde empregou-se numa fábrica de louças existente na hoje chamada Vila Industrial, fábrica essa pertencente à família Rizzo, capitaneada pelo industrial Ângelo Rizzo. Casou-se com Maria Eunice, com quem teve três filhos: Paulo, que faleceu em um acidente de carro, com apenas vinte anos, Ney, que hoje é o símbolo da APAE-Mogi das Cruzes, e Maria Eunice.
Morando com seu tio, Rogério Strazzi, ele completou em Mogi sua educação, fez o Tiro de Guerra e formou-se em contabilidade no Liceu Bráz Cubas em 1946. Depois formou-se em Economia pela Universidade Bráz Cubas.
Depois que deixou a fábrica de louças da família Rizzo, ele empregou-se em uma drogaria da família Ariza, a Drogariza, farmácia muito conhecida em Mogi das Cruzes.
O acontecimento mais marcante na vida de Ricardo foi o falecimento de seu filho Paulo, então com vinte anos, em um acidente de carro .
“Paulo era a esperança de Ricardo para cuidar de Ney, o seu outro filho, que havia sofrido encefalite com um ano e meio e teve lesão cerebral”, diz Henrique Borestein, amigo e patrão de Ricardo durante mais de trinta anos. “ Ele ficou arrasado com esse acontecimento. Foi o trabalho que ele exercia conosco e principalmente o comprometimento que ele tinha com a APAE que o ajudou a superar essa tragédia” completou Henrique, que desde os primeiros anos da fundação da APAE apoiou e aconselhou Ricardo, não só na administração da APAE, como também na sua vida pessoal.
Ricardo Strazzi pode ser considerado o principal fundador e articulador da APAE-Mogi das Cruzes. Seu nome está ligado à entidade desde a sua fundação, onde ele aparece como co-fundador e primeiro vice-presidente. Cerca de dois anos depois da fundação ele assumiu a presidência da entidade, em virtude da transferência do presidente Lineu Húngaro para São José dos Campos. Nesse cargo Ricardo trabalhou até o dia do seu falecimento ocorrido em 2012.
A APAE entrou na vida de Ricardo por força de uma motivação muito especial: o seu filho Ney. Com cerca de um ano e meio o menino teve uma encefalite, a qual paralisou completamente o seu crescimento. Depois de um intenso tratamento de mais de cinco anos o menino voltou a falar e a andar, mas ainda assim o seu desenvolvimento normal continuou prejudicado. Foi quando a proposta de fundação de uma APAE em Mogi das Cruzes chegou ao conhecimento de Ricardo. Ele logo se engajou no grupo e se tornou um dos seus mais ativos colaboradores e entusiastas. Além dele, arrastou também sua esposa Eunice para essa luta, formando um dos mais combativos casais da entidade nessa luta por causa mais que meritória.
A história de Ricardo Strazzi e sua luta para transformar a APAE de Mogi das Cruzes em uma das mais bem sucedidas entidades do país no trabalho de educação preparo e inserção de pessoas com deficiência na sociedade é a própria história dessa entidade.
(Excerto do livro APAE-cinquenta de anos de amor) que deverá ser lançado no próximo ano para comemorar o cinquentenário de vida da entidade).
[1] Dona Eunice Strazzi foi esposa de Ricardo Strazzi, já falecido. Ricardo Strazzi foi o segundo presidente da entidade, tendo assumido o cargo logo após o seu primeiro presidente Lineu Húngaro, tê-lo deixado, em razão de sua mudança para São José dos Campos. Strazzi, em razão da sua atuação á testa da entidade, por mais de quarenta anos, pode ser considerado o verdadeiro implantador do movimento APAE em Mogi das Cruzes. Dada a sua importância nesse evento o seu nome aparecerá várias vezes neste relato.
[2] Ney Borine Strazzi, filho de Ricardo Strazzi teve encefalite com um mês e meio de vida. Hoje, bem integrado na vida profissional e social da cidade, é um importante colaborador da APAE.