GENAURA FALA SOBRE ENCONTRO LITERÁRIO EM RIO VERDE-GO
Aconteceu na cidade de Rio Verde nos dias 6 e 7 de novembro último o I Encontro Cultural Rio Verde/Goiânia. Uma reunião de escritores conhecidos da cultura goiana de ambas as cidades. Um intercâmbio erudito e proveitoso.
O convite fora-me feito com tanto carinho que a alegria de cumpri-lo grassava meu espírito aventureiro. O seu idealizador, o escritor Filadelfo Borges, era credor de minha admiração por causa de seus constantes e edificantes escritos no Jornal "O Popular " de Goiânia, minha cidade .
A Fundação Municipal de Cultura e o Jornal "Vale do Verdão" encarregaram-se do êxito do Encontro. Tudo planejado com perspicácia e denodo, evidenciando-se a alma linda, translúcida e bandoleira de Francisco Bentinho.
A caminho, podíamos avaliar o progresso da região, notadamente pela agricultura, em extensas glebas de plantios, que ladeavam a rodovia.
De repente, à nossa frente, uma linda cidade! Uma mistura de modernismo e tradição, estampando a fartura e o cuidado de um governo responsável. Numa arquitetura arrojada, os espigões erguidos em pontos estratégicos, além do mobiliário da cidade, denotavam exigência e bom gosto do povo rio-verdense. Também o hotel que nos hospedou - Rio Verde Pálace - nada deixou a desejar. Excelentes acomodações, bom trato, beleza e um corpo de servidores refinado, destacando-se sua gerente Ilza, aliás, Dra. Ilza, moça culta, competente, mestra na Universidade que, com seus olhos azuis como safiras e o sorriso peculiar, conquistou a nossa simpatia.
Acompanhada do marido Alfredo, companheiro inseparável de todos os passeios, e do filho Flávio, eis-me no local do evento: O "Palácio da Intendência" – um casarão antigo, devidamente restaurado, que guarda toda a história política de 150 anos de tradição dessa cidade goiana.
Era o povo em festa! As autoridades constituídas, escritores, e a fina flor da cidade ali se encontravam, com destaque para a prefeita Nelcy Spadoni que, pela postura, elegância, harmonia de voz e trato, deixou jorrar a simpatia que a todos impregnou.
Ela, a mulher que se preocupa com o lado poético, com a sensibilidade do homem, enquanto caminheiro dessa estrada. Ela sabe que escrever é um ato de amor. É driblar barreiras, alar o mundo feito borboletas. Escrever é desnudar-se. Sem dúvidas, escrever é ter a coragem por escudo, perscrutando sonhos, definindo realidade. Ela, a mulher que, pela grandeza de coração sabe ouvir o inaudível, os sentimentos mudos, os versos silenciosos da sua gente. Mulher ousada, corajosa, destemida, a criadora da Secretaria de Cultura! Uma prefeita na virada do século! _ pensei encantada.
Após a composição da mesa, a festa rolou até altas horas, regada pelas músicas da pianista Ruth, de quem levantou-se uma detalhada biografia, mostrando o seu valor, cujas raízes remontam à tradicional família rio-verdense.
Muitos discursos, ensinamentos históricos, novas amizades e, naturalmente, uma linda noite de autógrafos. Entre os escritores da terra, como a Zilda Pires, estava eu com o meu livro Pássaro sem asas, o Brasigóis Felício, para mim, o monstro sagrado da literatura goiana, diante de quem curvo-me com respeito. Ainda, o Getúlio Araújo, o poeta-médico da terra dos coqueirais balouçantes, do mar encrespado, das ondas dançarinas...
Valdivino Braz, Aidenor Ayres e o famoso cartunista Jorge Braga, moço de talento inigualável que com suas charges criativas e engraçadas encarrega-se de aflorar o humor dos goianos, lá se encontravam na troca de solidariedade e afeto com os intelectuais de Rio Verde.
Terminamos a noite numa linda churrascaria. Um jantar selou a nossa amizade com aquela gente erudita, cujo carinho estampava-se em sorrisos. Bentinho era a figura central de todo esse carisma: extrovertido, culto, franco... Um poeta do meu querido torrão nordestino!
Realmente, foi um encontro inesquecível! Costumo dizer que o poeta é como a chuva: dá nova roupagem à vida, faz brotar as flores, aninha-se no amor, nos veios da ternura, vestindo de verde todos os momentos.
E naquela noite CHOVEU em Rio Verde!