Uma frase
Com justo júbilo manifesta-se a família espírita mundial pelo êxito da sublime trajetória de Francisco Cândido Xavier, em etapa fisicamente concluída no dia 30 de junho de 2002. E também, com merecido e conquistado respeito de autoridades e população em geral - mesmo de outras crenças -, colhe o valoroso seareiro os frutos de sua dedicação, renúncias e sacrifícios, a bem do próximo, como ensina o Evangelho do Cristo e recomenda a Doutrina Espírita. Desnecessário repetir o que a mídia e a própria imprensa espírita já divulgou ou vai divulgar, em termos do fato em si.
A vida do incomparável exemplo de mediunidade e de homem de bem, perfeitamente coerente e sintonizado com o amor ao próximo - em qualquer ângulo que se queira analisar sua marcante personalidade - deixa exemplos para várias gerações do futuro e para a história humana, como protótipo da humanidade regenerada do futuro.
E isto reflete o objetivo da Doutrina Espírita. Fomos pesquisar na Revista Espírita* uma frase ou artigo que embasasse rápido comentário sobre o referido médium neste significativo mês de julho em que se comemora os 75 anos de sua mediunidade e os 70 anos do lançamento, pela Federação Espírita Brasileira, de seu primeiro livro, o "Parnaso de Além Túmulo". Entre inúmeros parágrafos, capítulos, comentários ou ponderações do Codificador da riquíssima fonte de informações que é a citada publicação, sem contar a exuberante bibliografia do Pentateuco Espírita, que ensejariam livros e mais livros só para situar as qualidades e benefícios oferecidos aos seres humanos e espíritos vinculados à Terra, localizamos uma frase que propicia pensar na nobreza desse espírito que cumpriu sua tarefa de maneira tão exemplar.
Esta frase está na edição de janeiro de 1860 (1). Kardec dirige-se aos assinantes e fala sobre os progressos do Espiritismo, agradecendo as inúmeras cartas que recebe e da impossibilidade material de responder a todas. Entre argumentos de grande valor, distribuídos pelas cinco páginas do citado artigo, já de início ele cita "(...) o Espiritismo compreendido em todas as suas conseqüências morais. (...)" (2). Pronto! É suficiente. Esta frase tem enorme alcance.
Podemos afirmar sim que Francisco Cândido Xavier é alguém que compreendeu, em toda amplitude, a Doutrina Espírita e em suas conseqüências morais. E como o Espiritismo revive o Evangelho, há perfeita sintonia na vivência e prática desta orientação. Isto o fez cidadão íntegro, verdadeiramente cristão, vivendo naturalmente as lições e virtudes já adquiridas pelo espírito imortal que conquistou o conhecimento e os coloca em prática (3). Compreendendo, procurou viver o Espiritismo.
O exemplo de vida do médium fica como ponto de referência para espíritas e não espíritas e como convite vivo para uma mudança de comportamento, visando o progresso individual e coletivo.
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*Publicação fundada por Allan Kardec em 1858 e com circulação até os dias atuais. O Codificador a dirigiu até sua desencarnação em 31/03/1869.
(1) Edição da Edicel, tradução de Júlio Abreu Filho, São Paulo-SP, 1965, página 1, primeiro parágrafo.
(2) Destaque do autor deste artigo.
(3) Vide Conclusão de O Livro dos Espíritos, item VII.
Matéria publicada originariamente no jornal O Clarim, de julho de 2002.