Amazonas, da glória ao ostracismo
Quatro anos antes da Lei Áurea os escravos já tinham sido libertos no Amazonas. Foi em 10 de julho de 1884. Daí o nome da rua 10 de Julho, no centro da cidade de Manaus, a rua que passa na lateral do Teatro Amazonas. O Amazonas, aliás, teve o primeiro governador negro do Brasil, o maranhense Eduardo Ribeiro. O Teatro Amazonas e outros prédios históricos foram construídos na gestão dele. Foi uma das épocas de maior desenvolvimento de Manaus, que chegou a ser a cidade mais rica do Brasil, a mais cultural e foi a segunda no país a ter energia elétrica. Era tanto dinheiro que, reza a lenda, os Barões da borracha acendiam charutos com dinheiro e mandavam lavar a roupa na Europa. O monumento em frente ao Teatro Amazonas foi construído em comemoração à abertura do porto de Manaus ao comércio internacional. O monumento tem, em cada lado, o nome de um continente. A riqueza de Manaus era tanta que havia exposições para magnatas em Nova Iorque sobre o processo de produção da borracha. Tanta riqueza desta pequena cidade lá no "fim do mundo" fizeram chamá-la de "Paris dos Trópicos" e a colocou em pé de igualdade comercial com ninguém mais, ninguém menos que a poderosa Inglaterra. Manaus era potência mundial. Mas, a gananciosa Inglaterra, que viu sua hegemonia comercial com uma pedra no sapato pelo comércio da borracha brasileira, acabou roubando do Amazonas mudas de seringueira para plantar na Malásia, o que barateou a produção do Brasil. A a invenção da borracha sintética piorou a situação da borracha natural amazonense. Manaus, mais famosa que Rio e São Paulo, nunca mais ocupou lugar de destaque no cenário comercial mundial. Dizem que Eduardo Ribeiro, sabe-se lá por quê (ou se sabe, sim), foi tido como louco, internado em sua chácara, que depois foi transformada em hospício, o Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro. Também, nunca mais tivemos um governador desse naipe.