O ciclo cobiça, obtenção, perda e frustração

O que é o ciclo cobiça, obtenção, perda e frustração? É uma bola de neve que tendemos a repetir ao longo da vida e que só aumenta se não tomarmos consciência da sua existência. É uma cegueira que nos torna vítimas de nossos desejos sem que possamos perceber o quanto estamos aprisionados sem perspectivas de mudar realmente nossas vidas.
Primeiro, cobiça: Acreditamos cegamente que se sairmos de casa e morarmos em outro lugar, com a nossa namorada, seremos felizes. Acreditamos que se virmos o último filme do Harrison Ford, seremos muito felizes. Acreditamos que se nos deliciarmos com aquele sorvete do fast food, estaremos contentes e felizes. Nossa meta e objetivo nos deixam cegos e nos levam a cobiçar inconscientemente. Tornamo-nos apegados às coisas.
Segundo, obtenção: Todas as alegrias desaparecem depois que obtemos o que queríamos, percebemos que conseguir aquele apartamento, aquele filme ou aquele sorvete não nos preenche totalmente. Nada poderia nos preencher totalmente, na verdade. Sentimos um vazio e tendemos a perder o que conseguimos, de modo a que possamos nos frustrar e partir para a nova cobiça e obtenção, repetidamente.
Terceiro, a perda: Não é o apartamento, o filme ou o sorvete que causam o sofrimento. Podemos aproveitá-los enquanto estão lá. É para isto que eles estão lá, para que os aproveitemos enquanto estão lá. Mas preencher nosso vazio interior com essas coisas nunca vai ser possível. E o desejo de preencher esse vazio é o que causa a frustração.
Quarto, a frustração: A partir de nossa ignorância e confusão, criamos o sofrimento. Acreditar que a verdadeira felicidade vem através da aquisição de coisas, vem da obtenção de algum objetivo é o caminho para essa frustração. Obter um apartamento, ver um filme ou tomar um sorvete não é nossa felicidade como um todo, nem nunca vai ser. Quando tomamos consciência disto, nossa convicção cega de cobiça nos deixa e quebramos o ciclo repetitivo.
Não há nada de errado em ter um apartamento, ver um filme ou tomar um sorvete, mas ter o apego nessas coisas a ponto de acreditar que se não as tivermos, seremos infelizes, é o caminho para a frustração e a amargura, como já disse. E se descobrirmos que é ótimo morar com a namorada no novo apartamento, mas seria muito melhor morar numa casa espaçosa com ela? E depois descobrirmos que seria maravilhoso ter um carro na garagem dessa casa? E se descobrirmos que o novo filme do Harrison Ford é fantástico, mas o que queríamos mesmo é de ir em toda sessão de estreia dos seus filmes? E se descobrirmos que ir nas sessões de estreia é um must, mas o que queríamos mesmo é ter a coleção de todos os filmes dele em DVD ou Blue-ray? E se descobrirmos que o sorvete é muito bom, mas queríamos mesmo é tomar um sundae caramelizado? E se descobrirmos depois que o queríamos mesmo é tomar um super milk shake? E assim por diante. Nunca para. Nunca para.
Os desejos são fenômenos impermanentes, como dizem os budistas. Ficar feliz com o que existe, ficar feliz e calmo com o que existe não é comodismo. É a harmonia interior de aproveitar o momento presente. Sem o qual, nada nos satisfará, nunca. Paz e luz.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Referências:

O Dharma de Guerra nas Estrelas . Matthew Bortolin. Editora Fissus . Rio de Janeiro . RJ , 2005.
 
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Enviado por Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) em 14/10/2017
Código do texto: T6142603
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