De Janaúba a Las Vegas ou vice-versa. Tragédias anunciadas.
De Janaúba a Las Vegas
ou vice-versa. Tragédias anunciadas.
Dias estranhos desta primeira semana de outubro. Somos ou fomos todos atingidos por tragédias coletivas?
Fomos atingidos pelas nossas dificuldades pessoais? Sofremos perdas significativas? Em que nos tornamos quando fatos dolorosos nos atingem? Como fica a nossa reflexão pessoal ? Ou será que não refletimos mais e deixamos que tudo aconteça sem maiores reações, anestesiados pelas notícias que chegam segundo após segundo. E como nos proteger de tanta notícia ruim?
Estamos vivendo todos os efeitos da aldeia global em seu mais absoluto extremo.
Começamos a semana com o atirador em Las Vegas que em seu plano realizado minuciosamente conseguiu matar 58 pessoas e ferir mais de 400. É incrível como este idoso conseguiu com as graças da lei americana abastecer-se de armamento pesado, hospedar-se em hotel de luxo e assim destruir a vida de tantas famílias. Quem é o culpado? Será ele ou a Constituição do País dele? Ele era transtornado ou perverso?
Agora, vamos a tragédia nacional. Vamos falar sobre Damião. Vamos falar sobre a creche Gente Inocente. Vamos falar de uma cidade do interior de Minas Gerais.
Ao mesmo tempo vamos pensar nas milhares de creches que existem no Brasil.
Damião era transtornado ou perverso?
Damião em um dia de fúria resolveu entrar na creche e matar cruelmente todas as crianças e todas as professoras. As armas que usou foram simples. Combustível e fogo. Matou 8 crianças ( a esta altura já poderá existir um maior número de vítimas) e uma professora que deu a própria vida para evitar uma tragédia maior. Janaúba talvez jamais registrasse algo tão perverso em sua história.
Damião Soares dos Santos não passará pela justiça humana. Morreu com 90 por cento do corpo queimado. Em sua trajetória criminosa ele deixa dezenas de pessoas que levarão anos tentando recompor seus corpos queimados; deixa famílias inteiras enlutadas, deixa gente sem qualquer desejo de prosseguir o caminho.
A professora Helley Abreu Batista aparece neste cenário nacional de dor como o contra ponto. Ela agigantou-se para salvar todas as crianças que conseguiu salvar. Ela é sem dúvidas uma heroína contemporânea, destas que surgem para dar aos séculos alguma possibilidade de esperança.
Mas, a partir de agora, que estamos conscientes da fragilidade de nossas creches e escolinhas infantis, como devemos agir? Acreditar que uma nova tragédia não irá ocorrer? Acreditar que o quadro depressivo de Damião poderá ser evitado quando sabemos que a depressão é a doença deste século?
E, para você, qual a pior tragédia: a de Las Vegas - resultado da política das armas usada nos Estados Unidos? Ou será que a tragédia nossa, brasileira, verde-amarela é pior? Em que momento poderemos achar que os nossos filhos,netos e e irmãos brasileirinhos estarão protegidos?
Assim foi esta primeira semana de outubro de 2017;
Sobre as tragédias pessoais que falei lá no inicio desta conversa, farei silencio.
A dor coletiva é espantosamente grande.
A dor coletiva nos dilacera e nos transforma.
A misericórdia e a compaixão estão ficando distantes de nós.
É preciso lutar por uma nova humanidade.