Cidadania

Mas afinal, como podemos encarar, pelo menos primariamente, as questões de cidadania? Considero que cidadania existe pela prática, por opções e ações. Escolher algo e fazê-lo pelo todo. Cumprir o que lhe cabe cumprir, cobrar o que lhe cabe cobrar. Contudo, como adquirimos cidadania? Participamos de um fórum, onde seguimos a discussão desse tema, sem avançar muito; vejamos se nesta reflexão nos adiantamos um pouco mais. Consideremos este ponto de vista: "A riqueza do Brasil/ é sua gente, seu povo,/ é seu solo sempre novo/ seus minérios entre mil/ outras riquezas. Mas nós/ temos que erguer a voz/ pra não ficarmos de luto" / (Paulo Camelo)*.

Tudo começa pela base. Pela família. Mas hoje, escola e família confundem-se. Com que idade as crianças vão para a escola? Há dois tipos de cidadania: aquela dos direitos e deveres dos cidadãos, questão ampla, porém derivada de outra que a precede, relacionada à Pátria, à nacionalidade. Ter cidadania (brasileira, italiana, americana) significa estar ligado aos valores culturais, sociais, morais, éticos, raciais ... de um povo. Então, começamos com o povo e com o território onde vive ( mesmo que as fronteiras hoje sejam mais tênues). Quando canto o Hino Nacional, eu me emociono, às lágrimas. Quando estudava os hinos, decorava as letras, cantava os hinos com meus alunos, de alguma forma transmitia isso a eles. Não apenas o Hino Nacional, mas o Hino à Proclamação da Independência, da República, o Hino à Bandeira e outros mais. Hoje o Hino une as torcidas, as conquistas esportivas. Não tenho nada contra tal fato, mas não é patriotismo, é moda, é marketing! Eu não amo o Brasil porque é ou não é campeão de alguma modalidade esportiva, em algum evento esportivo. Ao alegrar-me com as vitórias, isso não é causa, é conseqüência.

Se um jovem intervém e comenta, como fez um amigo** dizendo: ("os hinos também me emocionam, em especial o Hino do Soldado -'A paz queremos com fervor/ A guerra só nos causa dor/ Porém se a Pátria amada/ For um dia ultrajada/ Lutaremos sem temor'/ -alguém lembrava?- E vejo que a Pátria amada está sendo ultrajada!"), posso responder sem hesitar: "quem tiver essa consciência, como tu tens, a ponto de emocionar-se com tais palavras, poderá fazer, com completa qualidade, a transferência e lutar 'com fervor' pelo bem do Planeta. Sem isso, a questão estará na mente e não no coração.

Cidadania é aquisição de hábitos e habilidades. É formativa, não informativa.
Assim, se formos ao início da linha que estamos seguindo, temos os mesmos valores formativos, vindos através do exemplo, das experiências, reforçados pelo amor, na família e na escola, durante o período de educação que é informativo e formativo, sendo que o primeiro deve ser veículo para o segundo. Apenas com essa formação sólida, a partir do amor pelo que é seu (e aqui entra o sentido do repente), a riqueza cultural de nosso povo, a Arte, a Música, a Literatura, o Artesanato, o Folclore, apenas para citar alguns aspectos; a riqueza dos recursos naturais, minerais e vegetais, as bacias hidrográficas, as florestas, a extensão de nossa costa e tudo que está aí contido, e nem estou mencionando tudo, pois não é o propósito, repito, somente a partir do conhecimento e do amor verdadeiro pelo que é nosso , podemos ampliar nossa visão, sermos cidadãos mais conscientes em relação ao mundo, ao nosso planeta e aos nossos direitos e deveres para com a Terra. Antes disso estaríamos queimando etapas, construindo uma "casa de palha".



* Fórum do Recanto das Letras:
Repentes e Redondilhas
Postado por Paulo Camelo
em 17/08/07 às 12:26

** Rafael Alcântara Ribamar
http:/www.astrologiareal,com.br
fórum: cidadania