SER LIVRE E ÉTICO
Falando ainda sobre espiritualidade e não espiritismo, como erroneamente digitei no texto anterior, verifico que mais do que nunca é importante que as pessoas procurem desenvolver sua espiritualidade, como condição para um crescimento interior, harmonização e equilíbrio próprio e nas relações.
Não me refiro a espiritualidade como prática religiosa, nem vinculada a uma religião em especial, mas como exercício diário que só eleva o ser humano uma vez que pressupõe mudanças, abertura para o outro, vivência de acordo com certos princípios cuja aplicação só aprimora o ser humano e o convívio social, proporcionando mais satisfação e menos violência.
Citando o que Dalai-Lama define como espiritualidade, torna-se fácil entender porque é tão importante cultivá-la e desenvolvê-la. Espiritualidade está relacionada com as qualidades do espírito humano- tais como amor e compaixão, paciência e tolerância,capacidade de perdoar,contentamento,noção de responsabilidade, noção de harmonia-que trazem felicidade tanto para a própria pessoa quanto para os outros.
O processo de espiritualização proporciona uma abertura maior, mais doação, mais responsabilidade com o bem estar do outro, menos individualismo, mas ao mesmo tempo mais afirmação do indivíduo como pessoa, pois pressupõe constante crescimento no plano afetivo, social e cultural. Este comprometimento com o crescimento próprio e coletivo é um processo que se constrói através do diálogo e da prática ética, com respeito aos limites próprios e do outro.Não se pode falar em se tornar uma pessoa melhor,em construir uma sociedade melhor, mais evoluída, longe de princípios éticos, moralmente corretos.
Então concluímos que não é possível desvincular a espiritualidade da ética. Podemos pensar que quanto mais espiritualizado mais ético.
A falta de ética decorre, justamente, da falta de comprometimento com o bem estar coletivo. Há uma exacerbação do individualismo,do consumismo da valorização do ter em detrimento do ser,levando as pessoas , muitas vezes, a se corromperem na ânsia de acumular, a qualquer custo, bens materiais, de usufruir de poder,status,notoriedade.
É o exercício do poder pelo poder, no qual acaba sendo mais valorizado o interesse pessoal, em detrimento do interesse público.
O que considero perigoso é o convívio diário com situações totalmente desprovidas de cunho ético e que vão sendo assimiladas pela população como aceitáveis, posto que apresentam alguma vantagem. São os fins justificando os meios.É a antiga lei de Gérson ,que prega a aceitação de certas práticas desde que proporcione vantagens.Isto é lastimável, pois como educar as crianças e adolescentes convivendo ao longo dos anos com este tipo de conduta,que parece receber aprovação de grande parte da sociedade?
Concluímos, que mais do que nunca, educar torna-se uma tarefa por demais árdua, mas acima de tudo, temos que ser exemplo, mostrando que independente de posição social, deve prevalecer a honra, a fidelidade, a dignidade, o caráter, procurando cada um, sempre fazer o seu melhor, pois estes atributos são mais valiosos que o poder.
Faz-se necessário ter redobrada força, para mostrar a importância destas virtudes que acreditamos serem indispensáveis para a construção de uma sociedade mais justa,menos violenta ,na qual as pessoas sejam verdadeiramente livres.