Mercado consumidor de livros - Sociologia da Leitura e Literatura
*Texto escrito originalmente como atividade de participação em um Fórum da disciplina de Sociologia da leitura e práticas sociais, curso de Especialização em Literatura e outras linguagens, Nead/Uespi/UAB.
A partir das análises sociológicas da leitura e literatura compreende-se a existência de uma tríade: obra, escritor e leitor. Os três fatores se inter-relacionam, porém, nem sempre foi dada a devida importância ao público leitor. Geralmente os estudos literários levam em consideração a obra em si e as obras de um determinado escritor ou de uma determinada escola literária. Em relação ao leitor, pouco importava o seu papel.
Geralmente as editoras procuravam lançar livros de escritores já consagrados. Importando o seu nome, nem sempre se a obra realmente atendia os anseios do público.
Com o advento das novas tecnologias, onde a internet propiciou que um número infinito de escritores “anônimos”, mais dispostos a escrever sobre tudo e todos, atingindo as “tribos” mais escondidas nas entranhas da sociedade, começou-se a dar maior importância ao leitor.
O livro de papel, o tradicional, precisou e precisa se reinventar para que possa ter sua aceitação como comunicação de massa. As editoras estão investindo em pesquisa de mercado, buscam entender o que o público consumidor realmente deseja e procura atender os seus anseios por meio de obras “direcionadas”. O autor, para atender os requisitos da produção de mercado, procura adaptar suas obras para que as editoras possam lança-los no mercado e garantir uma fatia do mercado consumidor.
A produção literária passa a ter uma relação bidirecional (ou tridimensional) e não unidirecional, como era antes. Passa a ocorrer uma relação sistemática na tríade escritor-obra-leitor. E a obra, bem como o escritor, depende de que os leitores a decifrem e a aceitem.
Dessa forma, os estudos desenvolvidos pela Sociologia da Leitura atuam como se fosse uma pesquisa de mercado, considerando a obra como o que ela realmente é para o mercado capitalista, algo vendável e que, para ser vendável, necessita da aceitação do consumidor, do público leitor.
Assim, o leitor deixa de ser um mero receptor e passa a ser visto como um coautor, um elemento ativo, influenciando na produção de obras literárias por meio das tendências sociais da qual faz parte e de como as pesquisas de mercado veem o público consumidor.