O DIA EM QUE PENSEI EM ABANDONAR TUDO E IR PRA CASA...

Quem conhece de fato a minha vida, sabe que ainda cedo deixei interesses particulares e familiares e me envolvi em lutas públicas em Corumbá e em muitas outras cidades e estive até bem distante do Brasil nessa caminhada...

Assim me envolvi na luta estudantil, universitária, criamos com o Ferry do Flor de Abacate e o professor Messias de Corumbá e apoio de Dona Cacilda e outros homens e Mulheres de Corumbá a A.I.M.C.O.L Associação de Inquilinos e Mutuários de Corumbá e Ladário na época da crise do plano Cruzado e para tentar impedir despejos de famílias em nossas cidades e lutar pela construção de casas populares em Corumbá e Ladário, nesta época só em São Paulo se organizou um Movimento igual ao nosso e lá se chamava Associação dos Inquilinos intranquilos...Fui lutar na U.F.M.S onde acabei em parceria com Altivo ganhando a eleição do Conselho de Centro e Conselho Universitário, por ser especial o Altivo ficou no Conselho de Centro e eu, fui para o COUN, depois participei da criação de varios sindicatos e associações em Corumbá e Ladário, como foi o Sindicato dos Trabalhadores Rurais junto com Geraldo Garcia, pois apoaiamos os assentados da região que estavam se orgnizando e depois ajudamos na criação da Associação dos Funcionários da Prefeitura de Corumbá, junto com Mauricio Lopo e Dra Terezinha e Edinor na U.R.T. que ficava no ILA ( Instituto Luiz de Albuquerque) tìnhamos a tarefa de ajudar estes movimentos, ainda participei de lutas na Marinha pela Periculosidade e Luta pelo Direitos dos servidores civís e nessa batalha tive apoio dos colegas e do Dr. Fadah Gatahs que nos ajudava a contactar o Almirante Alfredo Karam sempre que precisamos. Tive muitas outras lutas, inclusive com a organização dos moto taxista que surgiam em Corumbá e no Brasil e estivemos junto a varias reuniões onde eles buscavam se organizar e na época em que dirigi o sindicato dos ferroviários era nossa pratica abrir as portas ao outras categorias que queriam se reunir e se organizar, sempre demos a nossa opinião e apoio, mas sempre preservamos a liberdade e opções próprias de cada categoria. Como resultado de muitas lutas, acabei no ano 2000 sendo deputado federal por Mato Grosso do Sul ao substituir o titular Dr. Ben Hur Ferreira.

Eu fiquei empolgado com este trabalho e as possibilidades de conseguir fazer coisas boas, ajudar criar leis, conseguir recursos financeiros pra Corumbá, Ladário e opinar sobre grandes Projetos do Brasil , falar da importância de Corumbá e continuar na Comissão de Transportes a luta em defesa da ferrovia e na Comissão de Meio ambiente criar um Grande evento nacional para tentar atrair apoio e investimentos na causa do Rio Taquari que considero um dos maiores desastres ambientais do Pantanal e que afetou milhares de pessoas e as cidades de Corumbá e Ladário mais fortemente....

Um dia voltando de Brasilia empolgado,pois tinha conversado com Dr.Ramez Tebet, Flavio Derzi e os outros deputados federais como Mariza,João .Moka, Juvencio e até Ludio Coelho senador, do qual acabei me tornando amigo depois de tanto critica-lo, quando era muito jovem e passei a admirar o seu jeito de ser e ficamos muito amigos, independente de ideologias e partidos. Mas sim...Vim procurar Ben Hur que era Chefe da Casa Civil e fiquei na ante-sala aguardando, porque havia com ele um grupo de pessoas,para a minha surpresa e depois tristeza, eram pessoas de minha cidade...cinco pessoas , se não me falha a memórea e todas do meu partido em Corumbá, acabei ouvindo-os, quando esqueceram a porta do gabinete aberto e "EU" era o "judas" das reclamações, Nunca soube que tinha tantos defeitos...Falavam que eu era orgulhoso, metido, não tinha humildade, não era a favor de Corumbá e estava prejudicando o partido e os companheiros de Corumbá e Ladário, alguns sugeriram a Ben Hur voltar a Brasilia e me tirar do cargo porque eu era péssimo...Pensei em entrar na sala, mas depois me contive e resolvi ir tomar uma água e café e refletir sobre tudo que tinha ouvido....A minha alegria com o trabalho em Brasilia e os sonhos que tinham, confesso...ficaram embaçados naquela hora...

Depois eu voltei pra falar com Ben Hur, ele me falou que tinham reclamado muito de minha pessoa e me disse, Manoel ...eu disse a eles que precisavam falar e conhecer melhor você e que você estava se saindo melhor que eu em Brasilia, O Ben Hur era e é bem assim, uma pessoa alegre e justa, sempre gostei dele...E disse a ele, Não seria melhor você voltar pra Brasilia agora ? -Ele disse não, só voltarei na época certa e se o Partido e o governo me ajudarem, você poderá ficar até o fim do mandato,porque meu objetivo é disputar uma vaga na Assembléia se der - Você esta indo bem...continue suas lutas tranquilo..

Mas sai dali bem aborrecido e compreendi a razão dos "companheiros", na verdade eles queriam ocupar cargos e ter espaços, porém um suplente não fica com todos os cargos e, optei em dar oportunidade ao companheiros de Corumbá que lutaram nas ruas e não tinham emprego, podiam ajudar politicamente e mereciam também a oportunidade, Eu não tinha como nomear todas as pessoas que gostaria, se não colocaria todos os membros do Diretório e amigos que me ajudaram.

Num esforço quase insano, tentei criar uma Empresa de Papel Em Corumbá, meu objetivo era empregar ali pessoas da familia, amigos e gente do partido que estava desempregada em Corumbá e Ladário, daria uma 80 vagas e sendo empresa privada, eu poderia convidar para trabalhar até irmãos se quizesse,afinal não seria cargo público.Mas como o BNDES não liberou o financiamento de 500 mil reais com garantia do patrimonio e área, acabei perdendo a area e todos os investimentos de cerca especial de concreto e metal e todos os gastos com projetos, viagens que fiz e sonhos....Tive que vender a área que foi um grande terreno deixado pelo meu pai de herança e ainda vendi minha casa,pois tive que cobrir despesas com sobras de dividas da Campanha de Prefeito no ano 2000.

Mas, naquele dia na Governadoria, eu senti vontade de abandonar tudo e voltar pra casa, pois muitos companheiros e cidadãos de Corumbá não compreendiam que eu, não tinha como resolver todos os problemas, eu era suplente, só estava temporariamente e não era um homem rico....

Compreendi muitas coisas e até o fato de cidades como a nossa ficarem, as vezes, sem representantes e o porque de muitas pessoas desistirem ou não gostarem de politica...

Dificilmente as pessoas compreendem as lutas, as dificuldades e como foi difícil a um trabalhador ferroviário comum chegar a um Congresso cuja maioria são de pessoas que tem muitos recursos e muitas pessoas que lhes financiam, inclusive lá tem muitos empresários e pastores mantidos e apoiados por poderosos e ricos religiosos que lhes dão respaldo e pedem voto aos fiéis para eles....É raro chegar a o Congresso e mesmo se eleger suplente de deputado federal sendo de uma cidade do interior e sem recursos, ainda mais que na minha época enfrentava um rico fazendeiro e empresário que tinha meios e recursos para estas lutas politicas me eu não tinha nada,além da boa vontade e sonho....Mas estou feliz hoje, nada do que fiz como deputado ou atividade politica me envergonham....Não tenho mágoas e rancores daquele grupo d Corumbá que desejava destruir a minha vida politica, apenas considero um episódio triste do ponto de visa humano.Continuo em atividade, não em cargo e sim como CIDADÃO BRASILEIRO...Luto pelas causas que considero JUSTAS E DIGNAS.