A Filosofia
Alguém disse no passado que a filosofia era uma ciência inútil e que para nada servia. Concordamos, em parte, com essa afirmação porque como ela é a mãe de todas as ciências, não podemos exigir que uma mente tacanha e preguiçosa, sem qualquer esforço ou preparo, possa entender o pensamento ou uma dialética filosófica.
Por outro lado, para uma pessoa poder entendê-la, mesmo nos seus rudimentos, precisa de, pelo menos, algum conhecimento da sua etiologia, da história, antropologia, sociologia e teologia, motivos pelos quais, um apedeuta não poderia dizer outra coisa da filosofia.
Além disso, como cada filósofo é oriundo de uma classe social, de uma região, de uma cultura, de uma época e que normalmente sofre a influência de um ou mais filósofos, se nos ativermos apenas na exposição literal, como ele apresenta, se torna igual a bíblia onde o capitulo seguinte, vez por outra, contradiz o anterior.
No caso da filosofia, como em outras obras literárias, a intenção do autor é apresentar uma tese, a antítese e uma síntese, em outras palavras, introdução, desenvolvimento e conclusão de cada teoria ou dialética. Mas é notório que os filósofos raramente, ou quase nunca, expressam claramente os seus pontos de vista, suas teorias, suas conclusões, nem o que nos querem dizer, ficando para os estudiosos, discípulos e interessados tirarem desses emaranhados jogos de palavras, as suas próprias interpretações e entendimento.
Exatamente por ser, toda a obra filosófica, muito extensa e de difícil compreensão é que o leitor menos avisado ou menos letrado terá muita dificuldade em descobrir ou mesmo jamais ficará sabendo o que de fato cada filósofo quis dizer.
Por exemplo, se você se propuser a ler O Capital de Carl Marx, A república de Platão, a Fenomenologia do Espírito de Hegel ou mesmo as Críticas de Kant, verá que eles escreveram um tratado filosófico para expressar, dizer ou fazer apenas algumas afirmações.
Mas a culpa não é dos filósofos, mesmo porque, a maioria das obras filosóficas foi escrita em época em que o mundo não tinha pressa e seus autores podiam se estender em intermináveis verborragias e, muitas vezes, desnecessárias dissertações e explicações nem sempre muito claras e objetivas como, por exemplo, “O Ser e o tempo” de Martin Heidegger, considerada, por muitos, uma obra que é quase impossível de ler e igualmente de se entender. Nessa linha de raciocínio acrescentaríamos aqui a extensa obra Crime e Castigo do grande pensador russo Fiodor Dostoiévisk.
Já Nicolau Maquiavel, apesar de haver sido sempre muito combatido e até execrado é entre os filósofos modernos, sem sombra de dúvidas, o mais límpido e explícito em suas proposições, principalmente, na sua mais famosa obra “O Príncipe”.
Infelizmente, a maioria dos hodiernos escritores e filósofos ainda está presa a milenar tradição de usar um canhão para matar uma formiga, em outras palavras, escreve um livro de quinhentas páginas, para transmitir apenas uma ideia ou contar um fato. Só que desta vez a culpa é do leitor, que paga caro por um livro grosso, mesmo que sem conteúdo, e deixa os bons livros finos e baratos mofando nas prateleiras.
Apesar disso, segundo o nosso entendimento, todos os que se propuseram até agora a explicar, simplificar, resumir obras filosóficas ou mesmo teorias psicológicas, econômicas ou de administração, caíram no mesmo erro dos seus antecessores e fizeram os seus resumos e interpretações mais confusas e ininteligíveis que as dialéticas dos próprios autores.
Conforme afirmamos acima, a filosofia é também produto de uma época e como o mundo de hoje tem pressa, caberia aos novos filósofos e escritores e estudiosos a obrigação de ao elaborarem as suas monografias acadêmicas ou outros trabalhos intelectuais sobre filosofia, procurar resumir e usar uma linguagem mais acessível tanto nas suas produções quanto na reprodução de obras dos grandes pensadores.
Porém, para se mostrarem entendidos ou igualmente eruditos além de se limitarem a transcrever os textos ainda citam autores cordantes ou discordantes, e que, por isso mesmo, mais complicam que explicam as teorias ou doutrinas não chegando a esclarecer e muito menos dizer a que vieram.
Como não nos consideramos eruditos, não queremos nos mostrar entendidos, nem temos a pretensão de formar tese acadêmica, elaboramos o presente trabalho de forma desmistificada com o fim único de levar ao simples mortal e interessados um conhecimento básico da filosofia.
Assim, usando a nossa já costumeira linguagem popular moderna e da forma mais simples possível vamos definir o que é filosofia, falar dos principais filósofos, das escolas e correntes filosóficas orientais e ocidentais e suas filosofias. Vamos explicar o que quer dizer existencialistas, estóicos, academia, platonismo, dialética, pré-socráticos, epicuristas, dualismo, fenomenologia, monismo, pitagóricos, positivismo, sofistas, idealistas, jônicos, filósofos da natureza, atomismo, peripatéticos, escolástica, racionalistas, eleatas, cínicos, etc e tal.
Para não cometermos os mesmos erros de todos os que até hoje se propuseram, sem sucesso, resumir ou simplificar o estudo da filosofia, tomamos emprestada a “Navalha de Occan”, sobre a qual daremos, adiante, maiores explicações.
De posse dessa “navalha” cortamos tudo o que não fosse absolutamente necessário para que o leitor possa assimilar com relativa facilidade, um conhecimento, mesmo que elementar, das obras e dos principais pensadores.
Como a nossa metodologia é coloquial, todas as definições e explicações estão dentro dos próprios textos sem necessidade de perguntas ou respostas diretas ou indiretas, bastando apenas que se faça uma leitura calma e pausada.
Para a maioria das pessoas, falar em filosofia é lembrar a Grécia antiga e seus filósofos, mas ela não é exclusividade nem uma invenção dos gregos. Na verdade, as manifestações filosóficas foram surgindo entre os povos na medida em estes iam evoluindo e quase sempre num mutualismo com a religião e a ciência.
Nas mais primitivas sociedades humanas já eram constantes, a busca da compreensão do universo, seus fenômenos e a própria existência do homem, por isso dizemos que filosofia é a busca do conhecimento. Essa preocupação, seguida da observação, não era ainda uma ciência nem uma filosofia, mas já se faziam tão fortes que até hoje povoa o subconsciente do homem civilizado sob a forma de superstições e temores infundados.
A relação entre o homem, Deus e o universo, sempre foi o problema fundamental da filosofia, “cogito ergo sum” penso logo existo. A máxima de René Descartes se aplica ainda hoje, porque se nós não existimos, o mundo também não existe para nós, é indispensável existirmos para termos consciência do universo.
Considerando que a definição da prática filosófica é formar hipótese a partir de um fato, foi observando os fenômenos naturais e os outros seres vivos que o homem aprendeu a conhecer o mundo, a se conhecer melhor e elaborar suposições e questionamentos.
Quando o gênero humano chegou à idade da razão, o homem organizou o pensamento filosófico e passou a buscar a origem racional e inteligível para os fenômenos que até então eram explicados apenas pelo mito.
Assim, a filosofia começou a surgir na medida em que os povos começaram a buscar uma explicação para o mundo e para a origem da vida.
Foi olhando para o alto, contemplando os astros e com base no que via que cada povo ou cultura desenvolveu seu próprio pensamento filosófico ou a sua própria filosofia, por isso, não é demais repetir que a filosofia sendo fruto da evolução cultural dos povos, não tem pátria nem inventor.
Portanto, o entendimento de a filosofia ser grega não passa de puro equívoco, mesmo porque, dos mais de duzentos filósofos antigos conhecidos, menos de meia dúzia nasceu, de fato, dentro da Grécia.
Por exemplo, o primeiro filósofo “grego” que se tem notícia é Turco nascido em Mileto, seu nome é Tales, e por ai vai.
Apesar de não ter pátria, para fins de estudo a filosofia é naturalmente dividida em filosofia oriental e filosofia ocidental e estudada, cada uma, separadamente.
Superado o primitivismo, algumas civilizações chegaram a um relativo conforto. Com a estabilidade social, política e econômica, sem ter que se preocupar com casa, comida ou roupa lavada, boa parte dos nobres e até mesmo alguns plebeus, puderam se dedicar mais às artes, a cultura e as ciências.
Por isso, não foi por acaso que a mitologia, filosofia e o direito clássico, floresceram na Grécia, Roma e Egito.
Partindo-se do principio de que cada povo tem seu modo de vida, suas crenças, seus deuses e seus costumes, cada cultura, de acordo com a região onde vive, desenvolve seu pensamento filosófico ou a busca de explicações na crença popular.
É evidente que essa busca começou pela mitologia a única fonte acessível ao homem primitivo que entendia que tudo o que lhe acontecia, de bom ou de ruim era por vontade e decisão de seres mitológicos deuses ou demônios.
De qualquer forma, e embora houvesse manifestações filosóficas similares em todas as civilizações antigas, temos que admitir que foi a partir da filosofia ocidental que nasceu a reflexão crítica.
Naquele tempo filosofia, ciência e religião eram a mesma coisa e no começo, nem os próprios filósofos sabiam definir seus limites, porquanto, durante muito tempo elas formaram um único todo.
A filosofia somente se habilitou a ser ciência depois que se distinguiu da religião pela dúvida e quando submeteu os dogmas e as crenças indiscutíveis, ao exercício da crítica. Isso se deu na Grécia, devido às condições sociais que permitiram o aparecimento da cultura helênica.
Quando a ciência se libertou da religião, abriu também o caminho para o divórcio da filosofia, essa separação foi se processando gradualmente e paulatinamente foi se definindo o que cada uma faz e para que serve.
Por isso, ao contrário do pensamento oriental, que nunca rompeu definitivamente com a prática religiosa, a filosofia ocidental, já livre dos liames da religião, parte rumo á aventura de entender e buscar explicações para o universo.
Uma vez fixado os respectivos campos, estabeleceu-se que Filosofia é a vontade de saber, é a observação a busca e a pesquisa. Ciência é a possibilidade de saber, através dos experimentos e da comprovação, e Religião é a certeza de saber, é estar convencido, mesmo sem qualquer prova, que na hora da morte a confissão, o arrependimento, a extrema unção ou mesmo a conversão, livram o pecador do inferno. Estas definições, apenas filosóficas, são aceitas até os nossos dias.
Apesar de existir muitos pontos de convergência e pensamentos relativamente parecidos entre si é notória a diferença entre o pensamento oriental e o pensamento ocidental. É exatamente por causa dessa diferença de visão e de entendimento filosófico, que vamos estudar em blocos distintos e separadamente a filosofia oriental e a filosofia ocidental.
Por ser a mais falada, estudada, divulgada, conhecida, complexa e até mais utilizada, vamos começar com a filosofia ocidental, que é erroneamente, denominada filosofia grega.
Inicialmente, devemos esclarecer que a filosofia ocidental é dividida por Escolas ou correntes filosóficas que começaram a surgir por volta do ano 600 a.C, e ao longo do tempo, muitas vezes, se apresentam antagônicas ou divergentes entre si.
Assim, vamos conhecer as principais escolas e seus filósofos, mais ou menos, pela ordem em que foram aparecendo e paulatinamente avançamos no tempo passando por períodos e verificando a influência que os pensamentos filosóficos tiveram no desenvolvimento e na história da humanidade.
Além das escolas e correntes filosóficas, a filosofia vai passando por fases ou períodos nem sempre positivos. Ela começa com os filósofos pré-socráticos, passa pelos platônicos entra na repressão da Escolástica, desabrocha no Renascimento, provoca o iluminismo e o humanismo e influencia o pensamento e as teorias dos filósofos modernos.
A primeira Escola é chamada de escola Jônica por haver se situada em uma das ilhas do mar Jônico, seu fundador é Tales 624/558 nascido na cidade de Mileto na Turquia e é o primeiro filósofo “grego” que se tem notícia. Embora haja controvérsia sobre a sua cidade de nascimento Mileto ou a antiga cidade de Tebas na Grécia, ficamos com Mileto até porque, ele é conhecido como Tales de Mileto. Seus trabalhos intelectuais não se reduziram a meras especulações, tiveram também aplicações concretas como, por exemplo, a sua teoria da Physis, diz que na natureza tudo se transforma.
Todos os filósofos dessa escola são denominados de filósofos jônicos e também conhecidos como filósofos da natureza por se aterem ao estudo do homem e da natureza. Afirmavam que todas as coisas estão cheias de deuses. Arché significa água e é a origem da vida. Usando o seu teorema Tales, calculou da altura da pirâmide pela sua sombra. São dessa escola os filósofos Anaximandro, Anaxímenes e Heráclito que através da sua teoria Panta-rhey já informava que tudo na natureza está em movimento.
A segunda Escola, denominada pitagórica por haver sido criada por Pitágoras de Samos 570/496. Pitágoras é um ex-filósofo jônico e contemporâneo de Tales que já afirmava a pré-existência das coisas inclusive da alma humana.
Segundo ele o mundo é regido por uma relação matemática e pela essência dos números como o seu teorema. Foi Pitágoras que criou o nome filosofia e disse que os animais dividem conosco o privilégio de ter uma alma. A Escola pitagórica é esotérica e mística e seus filósofos são chamados pitagóricos.
A terceira escola denominou-se Eleata ou Eleática por se localizar em Eleia uma antiga cidade da Itália. É considerada uma escola racionalista e foi fundada por Xenófanes de Colofon 570/460.
Para Xenófanes as pessoas é que criaram Deus a sua imagem e semelhança, um deus antropomórfico, ou com forma humana, um deus egoísta e vingativo tal qual são as pessoas. Diz Xenófanes que cada povo desenha e pinta o seu deus de acordo com a sua raça. Para os eleatas, Tudo é um e um é Deus.
A quarta escola foi a dos Sofistas ou, mestres do saber, fundada por Protágoras 487/420. Esta não foi propriamente uma escola, mas um grupo de filósofos, que vindos de fora, cobravam para ensinar filosofia. Os Sofistas ou forasteiros eram agnósticos, não acreditavam na existência de Deus. Para eles o pudor é uma criação da sociedade e não da natureza e ter vergonha é um costume. Os sofistas são considerados filósofos, menores e livres que vieram das colônias para Atenas.
Foram também denominados de céticos ou seguidores do ceticismo, porque não viam respostas seguras para os mistérios da natureza nem do universo. Para eles o homem é a medida para todas as coisas. O certo ou errado, o bem ou o mal, devem ser avaliados em relação às necessidades do homem.
A quinta, foi a Escola Atomista, criada por Demócrito de Abdera 460/370 em uma ilha no mar Egeu. Esta também não foi propriamente uma escola, mas uma corrente filosófica. Demócrito foi o criador da palavra átomo e é considerado o último filósofo da natureza.
Segundo ele, todas as coisas são formadas de infinitas partículas denominadas átomos, que se desfazem para formar outros corpos, inclusive a alma, mas não acreditava na vida depois da morte. Para Demócrito acreditar em Deus é ter fé, acreditar em astrologia é superstição.
A sexta foi a escola Cínica, fundada por Antístenes 444/365. Embora também não tenha sido propriamente uma escola, essa corrente filosófica denominada “cinismo” teve forte influência socrática e não aceitava a separação dos homens por classes sociais, limites territoriais nem cidadania e muito menos a escravidão. Os homens são todos iguais e livres. Os cínicos se consideravam cidadãos do mundo.
Diógenes de Sinope o mais famoso e controvertido dos cínicos vivia num barril e andava com uma lanterna a procura de um homem de verdade, motivo pelo qual seus seguidores foram denominados filósofos de barril.
Viviam como cães pelas ruas, o que teria originado o nome canicos ou cínicos. Seriam hoje os ciganos, os peregrinos, os que não têm terras nem onde morar. Diziam que a virtude se consegue com exercícios físicos e espirituais e que não devemos nos importar com o nosso sofrimento nem como sofrimento alheio, cada um cuida de si mesmo. Cínicos em filosofia quer dizer insensíveis ou existencialistas.
A sétima escola ou corrente filosófica é a Escola dos Peripatéticos, foi fundada por Aristóteles de Estagira 384/322. Funcionava no Liceu ao lado da Coluna Coberta chamada de Peripatos, que teria dado o nome de peripatéticos aos seus seguidores ou porque ensinavam ao ar livre como ambulantes ou os que passeiam.
Aristóteles é considerado o senhor do método e da lógica, foi aluno 20 anos na academia de Platão. Se Platão usou razão Aristóteles usou mais os sentidos. Sua metafísica estuda as causas e os princípios da existência de Deus e diz que o espírito é o principio de todos os fenômenos vitais. Foi mestre de Alexandre “O Grande” e a sua metafísica viria, mais tarde, juntamente com a filosofia de Sto Tomas de Aquino dar origem a teologia aristotélico/tomista em que se fundamentam as bases da doutrina católica.
A oitava escola foi a Epicurista que também foi mais uma corrente filosófica. Fundada por Epicuro de Aristipo 341/270 que foi discípulo de Demócrito de Abdera, aquele do átomo. Epicuro ensinava não temer a morte, pois enquanto vivos a morte não existe, e quando ela passa já não existimos. Foi Epicuro que disse: Se deus pode acabar com o mal e não quer é injusto, Se quer e não pode é fraco, se quer e pode porque não acaba. Para ele a filosofia prática deve satisfazer o homem. Seus seguidores foram denominados epicuristas, epicureus ou filósofos de jardim porque se reuniam nos jardins.
A nona e última escola é a dos Estóicos, porque se reuniam e ensinavam debaixo ou sob o Stoa, pórtico ou portal. Seu fundador foi Zenão o fenício, no ano 300 a.C. Os estóicos são filósofos do bem viver. É uma filosofia prática e uma espécie de auto ajuda. A natureza é governada pela razão divina Deus ou logos divino. Essa corrente prega a calma e dignidade nas adversidades e deu origem a filosofia gnóstica de Aristóteles. Para os estóicos todas as pessoas são partes de uma mesma razão universal e nada acontece por simples acaso. Para eles o espírito e a matéria são um só ou monismo, em oposição ao dualismo de Platão. Essa escola viria mais tarde dar origem ao humanismo porque para ela a humanidade é sagrada.
Bom, até aqui, vimos as principais escolas e correntes filosóficas, mas além das escolas e correntes temos o que poderíamos chamar de pensamentos filosóficos que por ser mais pessoal é seguido por filósofos de uma ou de mais escolas ou correntes.
Os principais pensamentos filosóficos foram, racionalismo, existencialismo, dualismo, monismo, idealismo, materialismo, positivismo, ateísmo, niilismo e relativismo.
Idealismo ou idealista ou é um pensamento filosófico de oposição ao materialismo e se preocupa com a valorização do ser ou do eu. Esse pensamento também prega que o mundo deve ser uma a sociedade ideal para se viver. Para o idealista tudo é formado de idéias. Os principais filósofos idealistas foram Descartes, Kant e Hegel.
Existencialismo ou existencialista prega a liberdade individual livre de preconceitos e de normas morais exageradas. Entre os filósofos desse pensamento temos Sartre, Heidegger e Schopenhauer.
Racionalismo ou racionalista dá prioridade a razão e a lógica dizendo que tudo o que é entendido pela razão é racional. Seguem esse pensamento, seu fundador Parmênides, Spinoza e Leibniz, Sócrates, Platão e Sto Agostinho.
Monismo ou monista, é o pensamento que afirma tudo ser único ou formado de uma única substância. Seus filósofos são Pitágoras, Pascal, Spinoza e Hegel
Materialismo ou materialista é um pensamento filosófico que justifica tudo pela simples acomodação ou evolução da matéria, sem a interferência de Deus ou de qualquer entidade abstrata ou poderosa. Para os materialistas todos os fenômenos são resultado de interações materiais e a matéria é a única substancia que existe. Seguem esse pensamento os filósofos Demócrito, Leibniz, Epicuro e Marx.
Dualismo ou dualista é a oposição ao monismo prega que o ser humano como todas as coisas são formadas por duas substâncias, ou seja, feitas de matéria e espírito, não propriamente um espírito religioso, mas algo que transcende a matéria e que dá vida. Seus principais pensadores são Descartes, Platão e Aristóteles.
Negativismo ou niilismo do latim nihil que quer dizer nada, em filosofia significa negação a tudo que está ou é estabelecido como tradição, autoridade ou estética. É com Nietzsche que a reflexão filosófica sobre o niilismo alcança o seu mais alto grau. Foi desse pensamento que surgiu o marxismo, anarquismo e por via de conseqüência o social comunismo.
A seguir damos alguns conceitos e definições filosóficas de termos menos extensos.
O Positivismo afirma que só se chega ao conhecimento através da ciência. Já o Ateísmo diz que não precisamos de deus para explicar as coisas.
O Relativismo considera que tudo varia de acordo com a época e situação. O Empirismo é oposto do racionalismo e é considerada a filosofia da experiência. O Ceticismo é próprio dos sofistas que não viam respostas para os mistérios da natureza. Pré-socráticos são os filósofos que antecederam Sócrates. Dialética se refere a diálogo ou argumentação para demonstrar idéias.
Renascentistas são os filósofos surgidos na época do renascimento como Descartes, Locke, Leibniz e Kant. Neo-platônicos é a denominação dada aos novos seguidores de Platão ou da sua filosofia.
Agora passamos a descrever outros importantes filósofos ocidentais que existiram antes de Cristo, suas características, correntes e pensamentos.
610/547 Anaximandro, iniciador da astronomia grega afirma que o A-peiron é inicio de tudo e que tudo vem da água.
588/524 Anaxímenes, concordou com o A-peiron de Anaximandro mas diz que o A-peiron é o ar. Foi o primeiro a dizer que a luz da lua vinha do sol. Dedicou-se a meteorologia. 540/480 Heráclito de Efeso, O obscuro, com o seu Pantha-rhei, diz que tudo está em movimento, tudo flui nada dura para sempre. Disse que a constante interação dos dias e das noites é decorrente do logos ou lei universal. Falou do átomo, fogo, combustão espontânea e do magnetismo. Filósofo orgulhoso desprezava a plebe, ridicularizava o conhecimento dos médicos e dos cientistas. Pare eles o Arkhé é principio do qual todas as coisas foram criadas e que mais tarde seria usado por Jung para criar os arquétipos da sua psicologia.
530/460 Parmênides de Elea, contemporâneo de Xenófanes na Escola Eleática diz que o mundo sensível é uma ilusão, uma criação dos nossos sentidos. Os sentidos nos fornecem uma visão enganosa do mundo. A verdade é a aletheia. Criou a ontologia que é o estudo do ser. Para Parmênides nada nasce do nada e é considerado o primeiro racionalista. É dele a expressão “Ser ou não ser”.
500/428 Anaxágoras, veio para Atenas e se dedicou a astronomia, estudou os eclipses e disse que o Nous, espírito, é principio de tudo e que as homeomerias são sementes que dão origem a realidade.
495/435 Empédocles, médico, místico, legislador e profeta. Para ele terra, fogo, água e ar, amor e disputa, união e separação, amor e ódio é que mantém o universo. Há 2460 anos antes de Darwin, ele já tratava da teoria evolucionista dizendo que o mais capacitado sobrevive e o que o mundo evoluiu das águas por processo natural.
470/399 Sócrates nasceu e viveu em Atenas. É o mais enigmático dos filósofos. Não escreveu uma linha e o que se sabe sobre sua filosofia foi escrito por Platão, seu discípulo, mas influenciou várias correntes filosóficas. Condenado a beber cicuta, morreu sem se retratar de suas convicções. Platão seu discípulo escreveu sobre ele através dos seus diálogos. Só sei que nada sei, dizia Sócrates. Era um homem do povo e acreditava na razão e não na sociedade. Para ele um escravo ou uma mulher são tão capazes de entender uma verdade filosófica desde que usem a razão. Criador da ética disse que o homem precisa conhecer a si mesmo, isto é, saber de toda a sua potencialidade.
460/377 Hipocrates não foi propriamente um filósofo, mas um médico descendente de uma família dedicada a medicina. Rejeitava as práticas mágicas na saúde e pregava a troca da superstição pela saúde científica.
427/347 Platão, discípulo de Sócrates, famoso por seu discurso em defesa do mestre. Escreveu mais de trinta diálogos, e fundou sua Escola de filosofia num bosque de Atenas onde estava o túmulo do herói grego chamado Acádemo e por isso chamada academia.
Ensinava através de diálogos e afirmava que existem dois mundos, o mundo real onde vivemos e o mundo espiritual de onde viemos e para onde vão os mortos. Obras principais, O Mundo das Idéias, A República e a Caverna. Diz que diálogo, em filosofia é a técnica de perguntar e responder.
413/323 Diógenes de Sinope, o mais folclórico dos filósofos, teve sua vida cercada de mistérios e coincidências, morreu no mesmo dia em que morreu Alexandre o Grande. Cínico extremista desprezava a opinião pública e foi um exemplo vivo da indiferença cínica.
Morava dentro de um barril, não admitia nacionalidade e se considerava uma criatura do mundo. Saia de dia com uma lanterna a procura de um homem virtuoso, porque a virtude deve ser praticada. Pregava a igualdade entre homens e mulheres e a negação do sagrado. Sua obra principal é A Politéia ou República.
225/300 Diógenes de Laércio, não foi propriamente um filósofo, mas um historiador da melhor qualidade. Em seu livro “Vida e Doutrinas dos filósofos” é minucioso em descrever as escolas filosóficas e quase todos os filósofos, principalmente a filosofia de Epicuro.
Depois de Cristo a filosofia ora se inclina para o material e ora para o espiritual e as correntes filosóficas se alternam se combatem e as vezes até se aproximam conforme a influências que os novos filósofos vão tendo ou recebendo.
205/270 Plotino, é considerado um filósofo neo-platonista e foi o que poderíamos denominar de filósofo místico. Dizia, eu sou deus e deus é você. Luz e trevas, alma e matéria. Quando eu era deus não era, agora Deus é e eu não sou mais. O mal é ausência de Deus.
392 Sto Agostinho Teólogo e filósofo, considerado um dos doutores da igreja foi o criador da filosofia cristã e organizador da igreja católica nascente.
Nenhum trabalho sobre filosofia estaria completo se não mencionasse mesmo que aleatoriamente os marcantes períodos históricos da Escolástica, Inquisição, Renascimento, Iluminismo e Humanismo, mesmo porque, em todos esses períodos os filósofos foram os principais articuladores e protagonistas.
Se durante a Escolástica eles foram proibidos se manifestar, perseguidos e coagidos o Renascimento trouxe de volta a liberdade de expressão artística e de pensamento que ditariam os novos rumos da história.
Por volta do ano l.070, com a hegemonia do altar sobre a coroa, surge a filosofia Escolástica, tendo como fundador, Anselmo, arcebispo de Cantuária ou Canterbury na Inglaterra, que como seus seguidores, foi mais teólogo que filósofo e cujo ensinamento pode ser assim resumido:
Que quando se tem uma fé firme e inquebrantável é dever do crente tratar de compreender aquilo em que acredita.
Como essa compreensão é de todo impossível, Anselmo e todos os escolásticos que o sucederam, perderam tempo considerável e gastaram muitas palavras, tentando provar o que não pode ser provado.
Como já vimos, até o século VI, a filosofia era ensinada aleatoriamente e em qualquer lugar, por livres pensadores, por uma ou outra escola ou corrente, e por filósofos independentes que nem sempre se pautavam pela moral cristã ou religiosa.
Temendo as heresias, que já começavam a dominar o pensamento dos cristãos, a igreja resolveu, ela mesma, através dos seus teólogos e mestres, ensinar filosofia, mas agora, dentro dos estritos rigores teológicos.
Assim, a filosofia que, antes, era ensinada nos portais e nos jardins passou a ser ensinada nas catedrais, universidades e escolas, por isso, a denominação Escolástica para todo o ensino teológico, doutrinário e filosófico ministrado pela igreja no período que vai do século VI ao século XVI.
Na verdade, a Escolástica foi, mais, um movimento para reavivar a fé, divulgar a doutrina e principalmente para consolidar a autoridade da igreja, que propriamente, um movimento filosófico.
Esse período foi fortemente marcado pela hegemonia da igreja, pela teologia católica e pela repressão a livre manifestação das artes, cultura e pensamento. Por isso, foi denominada de a “Noite de Mil Anos” que durante dez séculos atravancou o conhecimento e retardou o desenvolvimento.
A filosofia cristã compreende a escolástica, mas não se confunde com ela, pois seria uma contradição se falar em filosofia religiosa, visto que a filosofia é a razão e a religião é o dogma e as verdades da fé são inacessíveis a razão, isso porque, pelas suas formas abstratas elas se contradizem. Por outro lado, que liberdade terá a razão se o dogma, a priori, limita seus movimentos?.
Diz-se “noite” ou período negro, porque na Escolástica, a religião apoiada pelo estado, impôs a ditadura teológica, obrigando os filósofos a serem também teólogos, já que suas observações e hipóteses científicas tinham que se ajustar aos dogmas religiosos.
Com a supremacia da teologia sobre a filosofia, cientistas e filósofos, não podiam contestar a “vontade de Deus”, pois a fogueira esperava os que ousassem aventar a hipótese de que a terra girava ao redor do sol. Nessa época, a igreja proibiu os médicos de dissecarem cadáveres para estudos de anatomia ou para fins científicos.
A Inquisição foi o período de maior de terror que a história já registrou, nasceu com a Escolástica e só desapareceu oficialmente em 1965. Durante a Inquisição, ou Santo Ofício, os inquisidores é que decidiam sobre a vida ou a morte das pessoas. Quem fosse considerado herege, feiticeiro ou mago ia direto para a fogueira ou morria sob tortura. Em nome de Deus foram praticados tanto crimes políticos quanto religiosos.
Mas como o assunto é filosofia, vamos citar os principais filósofos surgidos durante a Escolástica.
1182/1226 Francisco de Assis, foi mais teólogo que propriamente um filósofo. Abandonou tudo para viver junto a natureza, se dedicar a causa da religião, auxiliar as pessoas e cuidar e proteges os animais.
1225/1274 Sto Tomás de Aquino, denominado Doctor Angélicus é para a igreja católica, “O mais Sábio dos santos e o mais santo dos sábios”. Teólogo e filósofo cristão, que influenciado por Aristóteles, lançou as bases da doutrina católica. Sua filosofia é formada por elementos helenísticos neo-platônicos, fundamentos aristotélicos arábicos e revelações judaico-cristãs. Sua principal obra “Suma Teológica” é uma síntese do cristianismo vista pelo prisma das filosofias de Aristóteles e Platão.
1285/1347 Frade franciscano William de Ockhan “Occan” aquele da Navalha. Teólogo, filósofo e escritor denominado “doutor invencível”. No seu tratado Lex Parcimoniae, lei da parcimônia, diz que as entidades não podem nem devem ser multiplicadas além da necessidade, pois quanto mais simples melhor. Em sua obra “Ordinatio” ou Filosofia da liberdade, faz severa criticas contra a autoridade da Igreja. Sua filosofia é eminentemente simplista. Dizia, se podemos simplificar porque complicar. É dele a teoria de que devemos escrever e ensinar aquilo que é realmente necessário o resto o individuo vai atrás. Usou a sua simbólica “Navalha” para cortar todos os excessos na burocracia, nas exigências, nos textos, no ensino e na própria lei, porque tudo o que é demais faz mal.
1469/1527 Nicolau Maquiavel “O injustiçado” Foi certamente um dos maiores filósofos. Fundador do pensamento e da ciência política moderna, estadista, filósofo, escritor, estrategista militar, economista e conselheiro.
Foi execrado e perseguido por haver escrito como o estado e o governo são e como deveriam ser. Sua principal obra “O Príncipe” fala exatamente dos governos e reinos da sua época.
A Escolástica já agonizava e os primeiros raios do Renascimento começam a iluminar as planícies da liberdade.
Esse período que vai do século XIII ao século XVII marca o retorno da liberdade de expressão cultural e artística, do misticismo e da magia tão reprimidos durante a Escolástica e a Inquisição.
Com o fim do período escolástico a inquisição foi perdendo força e as manifestações artísticas, culturais e místicas já livres das peias religiosas e da ditadura teológica deram origem a chamada Renascença que trouxe consigo o Iluminismo ou época das luzes que se caracterizou pelo domínio da razão e influenciou a revolução francesa com o seu lema, liberdade, igualdade e fraternidade. Seguiu-se o Humanismo que foi, mais, um movimento de filosofia moral, dentro do Renascimento e que teve por objetivo a celebração e elevação do ser humano.
Os reflexos do Renascimento ou da Renascença que abriram o caminho para a transição do feudalismo para o capitalismo, vão mais tarde, influenciar na revolução industrial e conseqüentemente nos movimentos sociais. Por isso, daqui a diante vamos falar dos chamados filósofos renascentistas que provocaram todos os acontecimentos que se seguiram a época do Renascimento.
1561/1626 Francis Bacon, Fundador da ciência moderna. Em seu tratado Novum organum, A grande restauração, prega uma reforma completa do conhecimento e faz duras criticas a Escolástica dizendo que o saber tem que dar ao homem o poder sobre a natureza ou o império do homem. Considerava Demócrito de Abdera superior a Platão e Aristóteles. Para ele, saber é poder e que são falsas as noções de ídolos.
1588/1679 Thomas Hobbes, A sociedade deve se submeter a um governo para evitar conflitos e guerra de todos contra todos. Na obra o Leviatã, sobre a natureza humana diz que como as coisas são escassas existe uma constante guerra de desejos e interesses próprios. Para ele, o homem é o lobo do homem e por isso é licito fazer a guerra. Defende e o poder absoluto da igreja cristã sobre os reinos e povos.
1596/1650 Renê Descartes é tido como fundador da filosofia moderna. Segundo ele as duvidas metódicas nos levam ao raciocínio e que devemos duvidar de tudo. É dele a máxima “nós pensamos logo existimos”. Foi um dos mais completos pensadores e cientistas da filosofia ocidental. Matemático, geômetra, advogado e criador da lógica cartesiana. Suas principais obras O Discurso do Método e Os Princípios da filosofia. Eminentemente dualista é tido como católico espiritualista.
1623/1662 Blaise Pascal, Matemático, físico, filósofo e teólogo. Para ele, crer em Deus não é pensar em Deus, mas sentir Deus.
1632/1677 Baruch Spinoza, Benedito Spinoza, foi outro idealista, monista que também buscou explicações para o mundo. Judeu de origem portuguesa foi excomungado como herege, humilhado e perseguido, dizia que os dogmas rígidos e rituais vazios eram as únicas coisas que ainda mantinham o cristianismo e judaísmo vivos.
Criticou a interpretação literal da bíblia, pregava a liberdade e a tolerância religiosa. Como panteísta dizia que Deus não é um manipulador de fantoches. Obras principais, Tratado Teológico-Político e A Ética.
1632/1704 John Locke, gnóstico meio materialista, vai pendendo para a religiosidade chegando até ser religioso. Para ele a certeza da existência de Deus nos é assegurada pelos sentidos, pela inteligência, pela razão e pela reflexão sobre nós próprios que nos provam que o ser não pode sair do nada e se alguma coisa existe essa coisa deve ter saído de Deus. Dizia que o homem, ao nascer, é uma tabua rasa aonde vão se imprimindo conhecimentos e experiências.
1646/1716 Leibniz, Barão Gottfried Wilhelm Von Leibniz, Filósofo, matemático, advogado. É o criador do termo mônadas que são unidades imateriais, coesas, indivisíveis e representam o principio da criação. Para ele a matéria pode ser decomposta, mas o espírito não. O átomo é físico e a mônada é metafísica.
Até aqui vimos os que consideramos filósofos renascentistas, e a partir de Berkley já entramos na filosofia que dá inicio a Idade Moderna.
1685/1753 George Berkeley, bispo irlandês diz que as coisas e o mundo não existem. A vida é um sonho e que não podemos saber do mundo mais do que percebemos pelos nossos sentidos. Tudo o que existe é só o que percebemos, mas aquilo que percebemos não é matéria ou substancia. Você pode sonhar que está batendo em alguma coisa dura, embora no sonho essa coisa não exista. Uma pessoa pode ser hipnotizada e achar que sente frio calor ou que está sendo acariciada ou levando um soco na cara. Ele não duvida só das coisas, ele duvida também do espaço e tempo, pois a nossa percepção de tempo e espaço pode estar apenas na nossa consciência.
1689/1775 Charles Louis de Secondat, Barão de Montesquieu, jurista, filosofo, escritor, tratadista e político. Para ele os poderes devem ser divididos em Executivo- governo, Legislativo-parlamento, Judiciário tribunal. Principais obras, O espírito das Leis e Cartas Persas. Um juiz não pode criar leis. As leis ocorrem da realidade e são do próprio povo considerado. Não existem leis justas ou injustas, o que existe são leis adequadas a um determinado povo circunstância ou lugar.
1711/1776 David Hume, diz que é para atirar ao fogo os livros que meditas números, raciocínio sobre fatos da vida ou experiências, pois tudo é pura ilusão. Quem não conhece ouro não sabe como é uma cama de ouro. Fé e razão são inconciliáveis. A fé é crença e a filosofia é o oposto da magia.
1712/1778 Jean Jacques Rousseau, Diz que todos os homens nascem livres e que a terra não pertence a ninguém e que o homem pode encontrar Deus por si mesmo sem a necessidade de religiões. Principal obra. Discurso sobre a origem e os fundamentos das desigualdades entre os homens. Influenciou o Iluminismo Francês e as revoluções liberais como Marxismo e Anarquismo.
1724/1804 Immanuel Kant, A filosofia de Kant é essencialmente agnóstica. Criticou severamente a metafísica de Aristóteles e cravou uma espada na metafísica tradicional. O idealismo de Kant também busca explicações para o mundo. Diz que o tempo e espaço são propriedades da nossa consciência e não atributos do mundo físico. A água num jarro toma a forma do jarro.
As coisas se adaptam a nossa consciência. Nunca saberemos de fato como as coisas são. Só sabemos como elas se mostram para nós, mas a razão nos diz para não fazermos mal aos outros. Nas Críticas das razões Kant mostra um criticismo agnóstico. Para Kant a lógica da aparência é uma ilusão.
1770/1831 Georg Wilhelm Friedrich Hegel, denominado o “insuspeito” é incontestavelmente uma figura de destaque na moderna filosofia. Como Kant e Spinoza foi um digno representante da cultura de uma classe em ascensão. Idealista em filosofia, conservador em política e ateísta em religião, Hegel chegou a conclusão de que tudo quanto o que é real é racional e que a combinação da dialética com o materialismo abria amplas possibilidades a um melhor entendimento do mundo. Sua principal obra “A Fenomenologia do Espírito” é tão obscura e controversa como a sua própria filosofia. Em compensação, seu idealismo vai tão longe para encontrar uma finalidade para o mundo que chega a ser fecundo em explicar a natureza, dizendo que a causa e a concepção do universo se explica por si mesmo através do materialismo. Na fenomenologia do espírito o conceito de fenômeno e de espírito de Hegel é muito diferente do que os teólogos entendem. A dialética marxista é concreta e materialista, a dialética hegeliana é idealista e aborda o movimento do espírito.
1788/1860 Arthur Schopenhauer, Foi o introdutor do budismo na metafísica alemã, combateu Hegel e influenciou Nietszche. Como seguidor de kant se servia dele para dizer que o mundo não é mais que uma representação tendo de um lado o espaço e tempo e de outro a consciência subjetiva.
Diz ainda que ao tomar consciência de si o homem é movido por aspirações e paixões que vão constituir a vontade e que há algo no ser humano que subsiste a morte em outra esfera com a consciência de quem foi em sua existência terrena.
1798/1857 Auguste Comte, Filósofo francês, fundador da sociologia e do positivismo. Diz que todas as concepções humanas passam por Três estados sucessivos: teológico, metafísico e positivo com uma velocidade dos fenômenos correspondentes é a famosa lei dos três estados. Suas principais obras, Sistema de filosofia positiva. Religião da humanidade e Física social que mais tarde foi transformada em sociologia.
1818/1883 Karl Heinrich Marx, Filósofo, historiador, político, jornalista tido por muitos como o maior filósofo de todos os tempos. Influenciou a sociologia, política, antropologia, filosofia, historia e psicologia.
Marx teve forte influência de Demócrito, Epicuro e principalmente Hegel de cuja lógica se necessita para entender principalmente o primeiro capítulo de “O Capital” obra que tem origem na analise dialética de Hegel e a filosofia materialista de Ludwig Feuerbach. Depois de algum tempo abandona as idéias de Hegel e passa a criticá-lo. Para Marx a vitoria do proletariado era inevitável e por causa da falência do capitalismo.
1844/1900 Friderich Wilhelm Nietzsche, Um dos autores mais controvertidos na história da filosofia moderna. Considera o cristianismo e o budismo como as duas religiões da decadência, mesmo assim, diz que o budismo é mais realista que o cristianismo. Ele se autodenomina ateu e é um negador por excelência. É exatamente com Nietzsche que a reflexão filosófica sobre o niilismo alcança o seu mais alto grau.
1889/1976 – Martin Heidegger, filósofo alemão e um dos pensadores fundamentais do século XX. Considerado o fundador da ontologia e da filosofia existencial. A fenomenologia heidegeriana se consolida com sua obra “O Ser e o tempo” uma obra quase impossível de ler e igualmente de se compreender.
1889/1973 Gabriel Honoré Marcel, Filósofo existencialista, conferencista e fenomenologista como Hegel, Sartre e Heiddeger. Músico, dramaturgo e espiritualista. Protestante não praticante, aos 40 anos se converteu ao catolicismo e abraçou a teologia católica, sem no entanto deixar de ser um filósofo. Defende a paternidade criativa e a adoção. O contato com a morte na guerra o transformou num metafísico e espiritualista convicto. Obra O Diário Metafísico.
1905/1980 Jean Paul Sartre, Considerado maior intelectual do existencialismo. Filósofo que proclama a total liberdade do ser humano teve sua obra Melancolia/Náusea inicialmente recusada pelos editores. Suas principais obras, O Ser e o nada, O imaginário, O filho do trovão, Crítica da razão dialética e A idade da razão. Foi mais um escritor, literato e psicólogo que propriamente um filósofo.
Existencialista e fenomenologista, Sartre diz que o marxismo se ossificou ou ficou engessado. Ateu, diz que deus não existe e que o homem está abandonado.
Como psicólogo a sua Psicanálise Existencial rejeita o determinismo freudiano que retira a responsabilidade do individuo.
Nega, inclusive, as influências de vidas pregressas no nosso comportamento e diz que somos responsáveis por todas as nossas ações. Foi um filósofo moralista e um psicólogo ateu esquerdista.
1946 - Peter Albert David Singer, Filósofo e professor australiano atualmente radicado nos Estados Unidos. Grande defensor dos animais e vegetariano por convicção. Sua principal obra é “A libertação Animal”. Nesta obra argumenta o especifismo e a discriminação contra certos seres baseada apenas no fato de estes pertencerem a uma dada espécie.
Ele considera que todos os seres que são capazes de sentir sofrimento têm os mesmos direitos e conclui que o uso de animais, nos moldes atuais, para a alimentação é injustificável.
Uma vez concluída a filosofia ocidental vamos passar a estudar a filosofia oriental que embora não seja tão complexa quanto a ocidental, nem por isso é menos importante como filosofia, mesmo porque, teve e tem igualmente forte influencia sobre os povos, inclusive, sobre alguns filósofos ocidentais.
Na Ásia a filosofia indiana está até hoje, intimamente ligada à religião, mesmo porque, ela deriva da mística doutrina védica que é a vertente da lógica e da metafísica, que mais tarde foram aperfeiçoadas e utilizadas pelos filósofos “gregos”.
Os upanishads ou tratados filosóficos indianos que fazem acentuadas referências à reencarnação, darma e karma vão formar a base do hinduísmo e do budismo. Já as técnicas de meditação, modo de vida e conservação da saúde segue as normas da ioga.
A filosofia indiana, só se consolidou como tal a partir do século XIX, quando surgiram Ram Mohum Roy, 1774/1833 filósofo e humanista. Rabindranath Tagore 1861/1941 filósofo, literato, humanista e escritor. Mahatma Gandhi 1869/1948 filósofo, pacifista e líder religioso.
Mohamed Iqbal 1877/1938 filósofo e advogado. Swam Vivekananda 1863/1902 filósofo e religioso e Osho Rajneesh 1931/1990 filósofo religioso criador da Meditação Dinâmica, não escreveu nada os seus discípulos é que publicaram livros com a suas pregações, inclusive o seu livro “A Harmonia oculta” que se reporta a filosofia de Heráclito.
Assim como os demais pensamentos orientais a filosofia chinesa também se confunde com a religião. Lao-Tsé século VI a.C, com o seu taoísmo baseado no Tao Tse Ching profundo tratado filosófico chinês, é o primeiro filósofo que aparece, seguido do célebre Kung Fu Tse,551/479 a.C, mais conhecido como Confúcio, moralista, filósofo e humanista, que traz uma doutrina filosófica pautada nos princípios de justiça e amor ao próximo, conhecida como confucionismo.
Na África, os povos que se alternaram nas antigas regiões da Mesopotâmia, Palestina e Egito, não legaram propriamente uma filosofia, mas os feitos e a sabedoria de Hamurabi 1700 a.C com seu famoso código de leis. Zoroastro profeta e criador do zoroastrismo 750 anos a.C, Gilgamesh rei sumério citado na mais antiga narrativa humana. Nabucodonosor rei babilônico 604/562 a.C, Salomão e outros. Foi no Oriente, que Pitágoras colheu boa parte do conhecimento em que se baseou sua filosofia.
Da religião islâmica verte a filosofia árabe que também influenciou em muito os filósofos ocidentais. Al-kindi 188/258 um dos doze sábios do mundo, filósofo, astrônomo, médico e físico rejeitou a alquimia e disse que os planetas giravam ao redor do sol.
Asan Al-Basri 642/728 filósofo, teólogo, defensor do auto-conhecimento, do livre arbítrio e contra a predestinação. Seus contemporâneos tentaram e não conseguiram juntar o livre arbítrio e a predestinação.
A partir do século IX, surgem Avicena 980/1037 filósofo, médico, astrônomo e geólogo. Já na Espanha muçulmana, aparece Averroés 1126/1198, filósofo seguidor de Aristóteles e Platão e profundo conhecedor do direito canônico muçulmano, fundador da corrente filosófica denominada averroismo ou filosofia maior que prega que o Alcorão tem uma verdade simples para o povo, uma verdade mística para o teólogo e uma verdade científica para o filósofo. Ele e seus seguidores tentaram, em vão, conciliar a filosofia e o dogma.
Como vimos não podemos dizer a filosofia, mas devemos dizer as filosofias, porque em todo o tempo e lugar sempre surgiram e surgem pensadores com suas próprias afirmações que embora possa, a priori, ser descartadas ou consideradas absurdas, com o tempo se verifica que não estavam tão distantes assim de uma verdade e que sempre tiveram ou terão alguma utilidade, mesmo porque, como tudo se transforma e está em movimento, aquilo que hoje nos pareça inviável ou fora de cogitação amanhã poderá ser repensado ou até aproveitado.
Foi assim, com a physis de Tales, em que tudo se transforma, com o pantha rei de Heráclito, que tudo está em movimento, o combate dos eleatas contra antropomorfismo de Deus, a elevação do homem do sofistas, o átomo de Demócrito, o cinismo livre de Diógenes, a espiritualidade metafísica de Aristóteles, o agnosticismo de Epicuro, o bem viver dos estóicos, e com a própria filosofia Escolástica, Inquisição, Renascimento, Iluminismo e o Humanismo que, por via de conseqüência, causaram a Revolução Francesa, forçaram a transição do feudalismo para o capitalismo e que, por sua vez, desembocou na Revolução industrial e os conseqüentes movimentos sociais.
É evidente que houveram, há e hão de haver outros filósofos, mas como o homem é também produto do meio, e os pensadores sendo homens, refletem nas suas obras as marcas dos seus tempos que podem ser próprias ou influenciadas por outros.
Assim, também nas filosofias, não raro, o discípulo segue outra corrente bem diferente dos ensinamentos do mestre, chegando mesmo, às vezes, a contradizê-lo, por isso, somente o tempo pode provar com segurança o grau de acerto ou medir o quilate de cada um.
Essa é a razão de que, muitos filósofos foram ou são perseguidos ou injustiçados, alguns endeusados e exaltados, outros simplesmente desacreditados ou incompreendidos.