Psicologia Transpessoal
Embora mão seja a única bandeira que se levanta em defesa da espiritualidade humana, a psicologia trans-pessoal vem despertando cada dia maior interesse nos meios acadêmicos e tem igualmente causado um grande reboliço e até mesmo acalorados debates e controvérsias entre os profissionais das áreas da psicologia, psiquiatria e da psicanálise.
Nas palavras do Professor Alexandre Pedrassoli, “A psicologia transpessoal é a primeira corrente da psicologia, moderna, que admite expressamente que o homem possui uma dimensão espiritual e diz que chega a ser uma ironia, que a psicologia que nasceu do estudo e adotou uma palavra que significa alma para definir a si própria, não tivesse, até agora, se interessado em estudar mais detidamente a espiritualidade humana”.
Assim, é na qualidade de palestrante motivacional, pesquisador e escritor espiritualista que resolvemos escrever essa matéria com o fim especial de passar para os estudiosos, estudantes e pesquisadores o que há de novo nessa que, embora seja uma velha conhecida nossa e dos psicólogos esotéricos, promete ser a psicologia do futuro.
Depois de exaustivas buscas e pesquisas e já de posse de farto material informativo sobre trabalhos teses e teorias de eminentes cientistas e pesquisadores o senso crítico nos levou a confrontar essas informações com a nossa experiência em psicoterapia, hipnose, regressão de memória e mesmo com a nossa vivência nas práticas apométricas e espiritualistas.
Ao longo desses escritos, vamos discorrer sobre o que os autores, tanto do passado quanto do presente, dizem e informam sobre a psicologia trans-pessoal e ao mesmo tempo vamos inserindo as nossas próprias observações, comentários e opinião de forma que conforme se desenrole o texto o leitor vá assimilando e obtendo uma visão mais ampla dessa “nova” e controvertida escola da psicológica.
Seguindo a corrente da psicologia metafísica criada por Myers, nós a partir da própria certificação de que, de fato, a mente humana não tem poder algum, dirigimos o foco da nossa empírica investigação para o além da matéria, ou seja, para o campo espiritual.
Para os acadêmicos ou eruditos que dão mais valor para as fontes do que para o que o autor propõe ou informa, podemos dizer que as considerações que abaixo apresentamos sobre a psicologia trans-pessoal, têm o aval das teorias do Myers, Jung, Maslow, Lacan, do insuspeito Hegel, Rhine, Watson, Alexandre Pedrassoli, Marco Aurélio dias da Silva, Freud, Stanislav Grof, Francisco Di Biase, Mario S.F da Rosa e da hodierna e bem conceituada Professora Dra Vera Saldanha, que defende a tese, Legitimando a espiritualidade como aspecto inerente a natureza humana.
É, portanto, estribado nas teorias de tão eminentes fontes que apresentamos as nossas proposições e conclusões preliminares tiradas dos diversos pensamentos e correntes acadêmicas que tratam da psicologia transpessoal.
Mesmo sem compreender ou ter como comprovar todos os povos da Antiguidade sempre acreditaram que a mente humana gerava ou era movida por forças ou energias espirituais que eram as responsáveis tanto pela origem e evolução quanto pelo tratamento e cura das doenças mentais.
Essa espiritualidade foi e é verifica através dos diversos cultos e rituais místicos de exorcismos e pela manipulação de fluidos magnéticos, ervas, cristais e a própria água nos batismos iniciáticos como ocorre até hoje.
Foi nesse meio místico-espiritualista que nasceu a primeira teoria sobre implicância da alma no comportamento humano proposta em 1872 pelo escritor e filósofo inglês Frederic Willian Henri Myers, estudioso da metafísica que divulgou um trabalho o qual denominou de psycologia, que quer dizer estudo da alma.
Nesse estudo Myers faz acentuada referência sobre a existência da alma e afirma que o homem sendo dual sofre tanto a influência do espírito sobre a matéria quanto da matéria sobre o espírito e que com a morte a matéria se decompõe, mas o espírito não.
Embora nascesse ai uma psicologia eminentemente metafísica e preocupada em explicar as origens das manifestações e dos fenômenos paranormais ou mediúnicos, surge quase na mesma época na Alemanha o médico e psicólogo Maximilian Wilhelm Wundt, tido, erroneamente, como o fundador da psicologia, que na sua obra “Elementos de Psicologia Fisiológica” publicada em 1874, afirma que a relação entre o cérebro e a mente é puramente física.
Apesar de originariamente a psicologia se ocupasse apenas do estudo da alma e das implicâncias do espírito sobre o corpo, ao longo do tempo teses materialistas como as propostas pelo Dr. Wundt foram suplantando os postulados psicológicos holísticos transcendentais e deram origem a uma visão apenas física do composto humano.
Essas teorias propõem que a vida e a consciência foram concebidas como frutos de processos naturais ocorridos ao acaso e sem a influencia de forças inteligentes espirituais superiores e que, portanto, a consciência sendo física não pode transcender os limites do espaço, do tempo nem da morte.
Esse entendimento de que todo o processo mental e psicossomático tanto na origem quanto no tratamento de transtornos é apenas físico permaneceu por muito tempo dentro das universidades e nos meios acadêmicos como matéria incontestável e definitiva. Mas mesmo essa corrente materialista mecanicista mantendo a hegemonia sobre o pensamento acadêmico e profissional, minorias de tendências espiritualistas e holísticas continuaram a existir nas universidades mantendo vivo o estudo da espiritualidade humana.
Da mesma forma, profissionais mais espiritualizados continuaram, clandestinamente, dentro dos consultórios a pesquisar e se utilizar de terapias espiritualistas alternativas como reiki, hipnose, regressão, magnetismo e outras praticas e estudos sobre a influencia da espiritualidade nas causas e nos tratamentos dos transtornos mentais e psicossomáticos.
Ainda de acordo com Pedrassoli, foi exatamente por se desvirtuar dos seus postulados originais, pelo seu desinteresse, por haver negado, ignorado e até combatido o espiritualismo e nem admitir a implicância do espírito nas manifestações psicossomáticas e nos transtornos mentais, que a psicologia ortodoxa reduziu o seu campo de estudos e a sua abrangência terapêutica.
Ora, se a psicologia admite que todas as doenças psicossomáticas e comportamentais são exteriorizações puramente físicas, além de contrariar a teoria de Lacan, que condena o uso de medicamentos químicos, também abre mão da sua competência e transfere para a medicina tradicional e farmacológica a responsabilidade pelo tratamento e pela cura desses transtornos.
Diante desse quadro, e com base na nossa experiência e na própria realidade, podemos fazer uma constatação de que a psicologia como ciência relativamente nova e bastante recente em termos práticos, até o momento, não demonstrou ainda muita segurança nos seus postulados e nem nos resultados.
Calma, calma, essa observação não é só nossa, o próprio Jung não satisfeito com as respostas obtidas para alguns fenômenos psicológicos que não compreendia, não entendia e nem estando seguro das teorias e resultados das terapias herdadas do Freud, foi à busca de maiores conhecimentos esotéricos nos fenômenos religiosos orientais.
Stanislav Grof disse que os estados alterados da consciência não tinham somente motivações físicas e Maslow, vai muito mais longe ao declarar que “Um espírito sem corpo é uma aparição, um fenômeno mediúnico, mas um corpo sem espírito é apenas um cadáver”.
Além disso, entre os anos de 1918 e 1980, o psicólogo americano John Broadus Watson e o parapsicólogo também americano Joseph Banks Rhine, se aprofundaram no fenômeno da percepção extra-sensorial e se declararam incapazes de afirmar se a origem desse fenômeno era física ou espiritual.
Como essas teorias não tiveram a receptividade nem a atenção que mereciam a psicologia abandonou a metafísica, descambou de vez para o organicismo e está hoje espremida entre a medicina e a psiquiatria.
Mas como a evolução é inexorável e vem sempre alterando conceitos e entendimentos, mesmo depois de enclausurada, dentro do materialismo, por quase cem anos a psicologia, seguindo a tendência das demais ciências, começa a volver o seu olhar para a espiritualidade humana e paulatinamente vai retornando as suas origens.
Não satisfeitos com os resultados apresentados pelas terapias até então conhecidas e utilizadas Carl Rogers, Abraham Maslow, Stanislau Grof e outros pesquisadores, com base no legado de Myers e na hermética psicologia analítica de Jung começaram as investigar e pesquisar os fenômenos espiritualistas e sobre as suas possíveis implicâncias no comportamento humano.
Como estes novos estudos apontaram na direção de que a nossa mente, enquanto física, por si só não tem poder algum e nem de fato existe, Maslow passou a considerar a possibilidade de que a nossa consciência fosse desligada da mente e, portanto, espiritual e não física.
As rigorosas pesquisas cientificas efetuadas por Grof e demais pesquisadores abriram um campo novo de investigação clinica, uma nova interpretação da saúde física e mental e conseqüentemente indicou novas formas de tratamento.
Diante dessas novas descobertas criou-se a necessidade de se considerar uma nova e mais ampla concepção sobre a consciência que levou Maslow a especular uma psicologia mais elevada e mais centrada na espiritualidade que nas necessidades e interesses humanos.
Embora o termo transpessoal já tenha sido usado por Jung desde o ano de 1917, para indicar que o homem tem também, um espírito que influi diretamente no seu comportamento, o entendimento da dimensão espiritual humana só começa de fato a ressurgir, dentro da psicologia, depois do comportamentalismo, da psicanálise e do humanismo.
A investigação sistemática desses fenômenos resultou em 1968 na criação e desenvolvimento de uma nova escola de psicologia denominada psicologia trans-pessoal e conhecida como a quarta força da psicologia.
A nova visão e os novos conhecimentos sobre a composição e entendimento da consciência humana trazidas pela psicologia trans-pessoal, direcionou os estudos da psicologia para além da medicina corrente, suplantou os postulados do behaviorismo, da psicanálise e da psicologia humanista que eram até então as grandes correntes da psicologia ocidental.
O caminho aberto pela psicologia trans-pessoal permitiu a utilização terapêutica de antigas e novas formas de psicoterapias como a oração, a meditação etc, que estão transformando e revolucionando a compreensão e o tratamento das doenças físicas, mentais e sociais.
Essa nova corrente se fundamenta nos conhecimentos teóricos da psicologia inicial, conceitos, postulados e pesquisas, para se aprofundar numa visão holística das diversas áreas da saúde, educação, relações e desenvolvimento humano.
Na sua postulação integram conhecimentos oriundos de diferentes teorias psicológicas e retoma o foco do estudo da consciência que orientou os criadores da psicologia ocidental, principalmente a metafísica de Jung, numa tentativa de conhecer o homem integral.
Como esse movimento aborda e prega uma psicologia mais espiritualizada com base no misticismo, religião e principalmente nos fenômenos espirituais ou para-psicológicos é uma ciência ainda bastante controversa nos meios acadêmicos e até combatida pelos psicólogos ortodoxos por contemplar a espiritualidade e a sua implicância na conduta e comportamento humano.
Ela é o resultado das experiências comportamentalistas, psicanalíticas, necessidades humanas e chega há nossos dias com a missão de estudar e apaziguar os conflitos e transtornos de ordem física, psicológica e espiritual do ser humano como parte integrante do universo e, por isso, mais completa e complexa do que a psicologia acadêmica possa admitir.
Por outro lado, se observarmos, o comportamento humano dentro dos cânones da psicologia clássica, que só pode ser aprovado o que pode ser medido, jamais poderemos saber o tamanho da tristeza ou o grau de sofrimento de alguém. Os males do espírito como a insatisfação e desamor a si mesmo resultam em doenças no corpo, pois o corpo padece quando a alma sofre.
Assim, a psicologia transpessoal não é apenas exercícios físicos e espirituais, nem só estudos e práticas experimentais de desdobramentos, viagens astrais, terapia de vidas passadas ou estudos místicos, muito menos o uso de alucinógenos, para ampliação ou expansão da consciência.
Ela vem para resgatar as práticas da terapia emocional, sem o uso de medicamentos, e se preocupar principalmente em conhecer o doente para poder livrá-lo dos seus problemas, das suas preocupações, transtornos e medos.
Num segundo momento, o seu compromisso é com a vivência da espiritualidade na prática e através da inteligência emocional re-despertar e acordar no homem os valores humanos essenciais para o seu equilíbrio como amor, compaixão, respeito, parceria e convivência pacífica formando seres humanos e não indivíduos.
Além disso, ela se preocupou em observar que alguns estados comumente classificados como “surtos psicóticos” se assemelhavam as experiências místicas de vários povos de diversas linhas religiosas e espirituais e passou então a considerar que alguns desses “surtos” são na verdade experiências de transcendências e tratou de estabelecer critérios para diferenciá-los dos surtos psicóticos.
Assim, a psicologia transpessoal trata dos enfoques científicos como a física quântica, a medicina, a filosofia, a neurociência e a biologia aliada à sabedoria das grandes tradições da humanidade, tais como o budismo, espiritismo, hinduísmo e taoísmo e contempla os sentimentos de unidade com o universo como visões e imagens de épocas e locais distantes, sensações de energias correndo pelo corpo e o vislumbre de luzes e de pessoas.
Apesar de tudo, como ocorre em todas as mudanças de paradigmas, a principio surgiram as mais diversas criticas e resistências oriundas das áreas mais ortodoxas da psiquiatria e da psicologia que já estavam de longo tempo sedimentadas no poder das academias e das universidades.
Uma das principais criticas é a de que a psicologia trans-pessoal é um sincretismo, uma mistura de diversas disciplinas teorias e experimentos esparsos não interligados entre si e sem qualquer coerência conceitual e experimental.
O que ocorre, é que tanto para as escolas de psiquiatria quanto para as escolas de psicologia ortodoxas os fenômenos que ultrapassem os limites físicos do cérebro e da mente humana, por não se enquadrarem nos fundamentos estabelecidos, são descartados como erros de pesquisas científicas.
Outra forma de critica infundada refere-se à alegação de que a psicologia trans-pessoal não é reconhecida oficialmente pelos conselhos profissionais nem pelas autoridades certificadoras.
Diante dessa resistência o cientista que insistir em pesquisar fenômenos que vão além do cérebro é desprezado, desqualificado e ridicularizado pela comunidade cientifica.
Esquecem esses eruditos que os grandes precursores da psicologia como Freud, Adler, Reich, Lacan, Watson, Skinner, Maslow, Grof e outros psicólogos e pensadores nunca pediram licença a ninguém para expor suas teorias, exprimir suas ideias e utilizá-las na pratica clinica.
Ora, se não houvesse a liberdade de utilização e da divulgação de novos métodos, praticas e descobertas, também não haveria o progresso das ciências e das artes que surgem todos os dias trazendo nova visão de mundo e de conhecimentos.
De qualquer forma, cada pesquisador ou estudioso tem a obrigação de divulgar o seu trabalho por mais incoerente que possa parecer. Muitas teorias que foram consideradas absurdas no passado hoje fazem parte da base ou se tornaram verdadeiras ciências.
Assim, se preocupar com a doença e esquecer o doente é uma falha humana, por isso, o importante é primeiramente conhecer a pessoa que tem determinada doença, pois tratando a pessoa, a doença tende a desaparecer.
Para encerrar, não é demais recomendar que usemos cada vez mais os princípios da inteligência emocional e abandonando o egoísmo dar lugar a uma gentileza, o estender a mão, ajudar, cumprimentar ou responder alegremente a um cumprimento, devolver o troco recebido a mais e ter consciência de que, queiramos ou não, sempre colhemos o que plantamos.