O leitor de poesia
Por Rodrigo Capella*
O leitor de poesia não é qualquer leitor. Ele é, na grande maioria das vezes, bem mais inteligente e sensitivo do que o leitor de prosa. Ler obras com começo, meio e fim é muito fácil e chega a dar tédio. O difícil e atraente é captar a essência, o dinamismo e o significado dos versos, compostos por diversas sintonias, linguagens e pluaridade.
Tudo isso faz do leitor de poeisa um leitor mais exigente e participativo. Não é raro ele ser o primeiro a perguntar e questionar determinada questão que está sendo debatida em um evento literário. Não é raro também ele se levantar, ir na frente de todos e ler um pequeno verso que escreveu.
O leitor de poesia é, portanto, um poeta, enrrustido ou consciente, mas ele é um poeta. Um ser apaixonado por poesia e flexivel aos movimentos contemporâneos. Diferente do leitor de prosa, ele consegue enxergar tendências, captar informações únicas e vivenciar momentos puros.
É um leitor exigente, que entra em contato com o outro poeta para questionar, dialogar e propor, exercendo a democracia, que está fortemente enraizada no conceito poético. Ele é um leitor que aplaude quando é necessário, que cobra quando pode e que propõe mudanças a todo instante. Ele é um revolucionário por natureza e graças a ele é que a poesia persiste, viva enquanto os leitores de poesia existirem.
(*) Rodrigo Capella é escritor e poeta. Autor de vários livros, entre eles “Poesia não vende” e “Transroca, o navio proibido”, que vai ser adaptado para o cinema pelo diretor Ricardo Zimmer. Informações: www.rodrigocapella.com.br