Museu de Arte Sacra - Belém - Pará

INTRODUÇÃO

Este artigo faz parte de série voltada para discorrer sobre os elementos que compõe o Complexo Histórico e Turístico Feliz Lusitânia de Belém, capital do Pará.

Por meio desse complexo, aqueles que visitam seus elementos podem, de forma mais prazerosa, sentir e entender a história e as origens de seu hospitaleiro povo.

Já foram objetos de artigos anteriores: Complexo Histórico e Turístico Feliz Lusitânia – Belém – Pará; Forte do Presépio - Belém – Pará; Praça Frei Caetano Brandão - Belém – Pará; Catedral Metropolitana de Belém – Pará; e Casa das Onze Janelas - Belém – Pará.

CONTEXTO HISTÓRICO

Os tempos eram de descobertas graças à expansão do desenvolvimento da tecnologia naval, principalmente, por espanhóis e portugueses.

A seguir dessas descobertas, os territórios precisavam, senão se expandirem, manterem seus limites por defesa, por meio de força armada dos descobridores, contra invasores europeus.

Além disso, o objetivo era colonizar as terras descobertas e torná-las empresas mercantis rentáveis. Para tal, era necessária mão de obra barata, a escrava.

Por outro lado, os nativos encontrados deveriam ser transformados em gente, segundo o conceito da Corte, e, para tal, convertidos ao cristianismo.

Assim, dentro desse contexto, duas ações estavam presentes: dos missionários; e dos governantes da colônia.

ORIGEM

No início de janeiro de 1653, os jesuítas João de Souto-Maior e Gaspar Fragoso, partiram de São Luís para Belém do Pará.

Ao chegarem, construíram residência e pequena capela, ambas cobertas de palha, em terreno cedido pela Ordem das Mercês, no bairro da Campina.

Em razão da precariedade daquele terreno, transferiram-se no mesmo ano para área vizinha ao Forte do Presépio, iniciando a construção de colégio e igreja anexa.

Por volta de 1698 teve início a construção da igreja pelos padres jesuítas com a participação do trabalho indígena. Inicialmente, dedicada a São Francisco Xavier, a igreja foi inaugurada a 21 de março de 1719.

Na mesma época, os jesuítas começaram a edificar o Colégio de Santo Alexandre.

O nome da igreja deveu-se a que o colégio abrigava relíquias de Santo Alexandre de Bérgamo, doadas pelo Papa Urbano VIII, quando era pontífice, entre os anos de 1623 e 1644. Alexandre de Bérgamo foi centurião romano, que se tornou santo e mártir do catolicismo.

A Igreja de São Francisco Xavier e o Colégio Santo Alexandre, arquitetados em estilo barroco, foram construídos para compor conjunto, no qual a igreja seria o centro irradiador, típica da arquitetura jesuítica no Brasil. Além disso, tornou-se sede da Companhia de Jesus, até o ano de 1759.

LOCALIZAÇÃO

O conjunto, igreja e colégio, integra o Centro Histórico e Turístico Feliz Lusitânia e fica localizado na Rua Siqueira Mendes, s/n, bairro da Cidade Velha, Belém, Pará.

A Rua Siqueira Mendes, chamada, inicialmente, Rua do Norte, é considerada a primeira rua aberta pelos colonizadores na antiga vila.

A atual denominação é homenagem ao ex-presidente da província, o sacerdote Manuel José de Siqueira Mendes.

FUNÇÕES E ARQUITETURA

Nas primeiras décadas do século XVIII, funcionou no colégio oficina de escultura dirigida pelo padre João Xavier Traer, nascido no Tirol (Áustria). Traer ensinou escultura, inclusive, aos indígenas.

Consta em fontes escritas antigas que, nos fins do século XVII, o colégio contava com uma biblioteca de 2000 livros e oficinas de encadernação, pintura e escultura.

Com a expulsão dos jesuítas por ordem de Marquês de Pombal, em 1759, o Colégio foi reformado e passou a ser utilizado como residência dos Bispos e Seminário Episcopal por longo tempo, bem como sede do Arcebispado de Belém.

Essa mudança na função do conjunto implicou em alterações e reformas.

A igreja é um exemplar da arquitetura jesuítica no Brasil em estilo predominantemente barroco, com forte influência amazônica e da monumental Igreja Jesuíta de Salvador (atual catedral), que havia sido construída entre 1652 e 1672. É um dos mais importantes templos erguidos pelos padres da Companhia no Brasil. Seu convento é o complexo jesuíta mais importante do Brasil.

A construção foi realizada com menos apuro técnico, talvez devido ao caráter indígena da mão-de-obra empregada pelos jesuítas. Ao lado da igreja foi levantado o Colégio.

O acesso ao templo é feito por três portais no primeiro piso, decorados com volutas.

A fachada da igreja, que contém quatro andares de altura, é arrematada por frontão formado por duas grandes volutas que se unem no topo, onde há uma cruz. Os nichos do frontão eram antes ocupados por algumas imagens de santos jesuítas, que se perderam.

As pilastras da fachada encontram-se decoradas em alto relevo com motivos maneiristas (maneirismo movimento artístico do século XVI), que criam interessantes efeitos visuais de luz e sombra, que encantam.

O corpo central da fachada é ladeado por duas torres baixas, que se encontram levemente recuadas e um pouco escondidas detrás das enormes volutas do frontão.

Quanto ao interior da igreja, que revela também a influência da igreja de Salvador, apresenta nave única em forma de cruz latina, com três capelas em cada lado, com diversos elementos decorativos. A sacristia localiza-se no braço esquerdo da nave, ao lado da capela-mor, onde eram guardados os objetos litúrgicos utilizados nas missas, além das vestimentas clericais.

MUSEU DE ARTE SACRA NO PRESENTE (2017)

Os edifícios da igreja e do colégio dos jesuítas foram tombados pelo IPHAN na segunda metade do século XX, após a idealização do projeto Feliz Lusitânia.

Após longo período de abandono e por fazerem parte de projeto de revitalização do centro histórico de Belém, os edifícios do colégio e igreja foram restaurados para serem transformados no Museu de Arte Sacra do Pará, que, além da arquitetura do local, exibe rico acervo de pintura e escultura, dos séculos XVII e XVIII da região amazônica.

As descaracterizações sofridas pelas reconstruções, em épocas posteriores ao século XVIII, na medida do possível, foram retiradas pelas obras de restauração.

O Museu de Arte Sacra é composto pela Igreja de Santo Alexandre e pelo Palácio Episcopal, antigo Colégio de Santo Alexandre.

A igreja, além da função litúrgica e de integrar o Museu de Arte Sacra, também funciona como espaço cênico-musical para espetáculos teatrais e recitais.

O edifício do colégio tem áreas dedicadas: ao restauro; à biblioteca; e a loja e galeria de arte. Além disso, nele são apresentados concertos de música, teatro e outros eventos.

Hoje, o Museu de Arte Sacra faz parte do circuito internacional dos museus e contém a memória das heranças barroca e religiosa na Amazônia.

O museu conta com acervo de quase 400 peças. O acervo do Museu é composto de imagens e objetos sacros dos séculos XVIII ao XX. São peças sacras de pintura, escultura (talha), gesso, prataria e outros objetos litúrgicos, provenientes: do acervo jesuítico; da cúria metropolitana da cidade; de outras igrejas do Pará; e de coleções particulares.

No interior da igreja, destacam-se as obras de arte em talha do padre João Xavier Traer e sua oficina de escultores indígenas. Em especial: os dois magníficos púlpitos, profusamente decorados com anjinhos, inspirados na arte barroca do Tirol, pátria de origem de Traer; e os retábulos de talha nas capelas laterais e na capela-mor.

No colégio, ainda podem ser vistos, trabalho em talha de dois anjos portadores de tochas executadas por indígenas, ex-alunos de Traer.

Atualmente, em seu pavimento superior, o prédio do Colégio expõe o acervo de telas, imaginária sacra e objetos litúrgicos.

Na sala inicial, juntamente com a exposição da Pietá, consta um breve histórico das Ordens Religiosas presentes em Belém.

Nos demais ambientes, destacam-se a tela Santa Ceia, óleo sobre madeira, provavelmente do final do século XVIII; a imagem de Santa Quitéria e ainda diversas representações de Cristo.

A grande coleção de imaginária sacra ainda permite leituras iconográficas de santos como São José de Botas e Nossa Senhora do Leite. Encontram-se, ainda, expostos um oratório, lanternas e crucifixos.

A sala da prataria expõe peças de predominância portuguesa.

FONTES

culturapara.art.br;

leiaja.com;

percorrendobelem.blogspot.com.br;

pt.wikipedia.org; e

xumucuis.wordpress.com.

J Coelho
Enviado por J Coelho em 24/08/2017
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