NOTAS SOBRE O NAZISMO
Muito se tem discutido sobre o posicionamento que cabe ao Nazismo no espectro político-ideológico: se na Esquerda ou na Direita. Pululam nas redes artigos que buscam dirimir esse suposto imbróglio, mas a maioria deles – como era de esperar – acaba apresentando uma versão distorcida dos fatos, tendendo a considera-lo uma ideologia de Extrema-Direita, o que é uma deturpação grotesca da realidade.
Comecemos pelo nome. Nazismo vem do alemão ‘Nationalsozialismus’, isto é, Nacional-Socialismo. Ou seja, trata-se de uma mescla entre socialismo e uma forma exacerbada de nacionalismo, focada na pureza racial. O próprio Hitler, aliás, enfatizava a essência socialista de sua doutrina, descrevendo o Nazismo como uma espécie de “Socialismo da Raça Ariana”.
A seguir, convém definirmos o que é, a rigor, a ‘Direita’ no âmbito político, a fim de apontarmos as incompatibilidades entre esta e o Nazismo. Para tanto, é preciso recorrer aos autores, teóricos e pensadores que, ao longo dos séculos, contribuíram para estruturar e dar forma ao que, corretamente, convencionou-se chamar de Direita. Nesse sentido, podemos, primeiramente, distinguir entre os autores ligados de modo mais específico ao ‘Conservadorismo’ e aqueles que se vinculam ao ‘Liberalismo Clássico’ – ambas vertentes do pensamento político direitista.
Entre os conservadores mais renomados e influentes, citemos Edmund Burke e Russell Kirk, que nos ensinam que o Conservadorismo é a política da cautela e da prudência, avessa a qualquer tipo de extremismo ou radicalismo. Ora, logo percebe-se que o Nazismo, sendo uma ideologia extremista e radical, nada pode ter em comum com a Direita Conservadora. Entre os liberais clássicos, recorramos especialmente a John Locke e Adam Smith, que defenderam, respectivamente, um governo limitado e a liberdade econômica relacionada ao livre-mercado. Ora, o Nazismo, sendo um regime totalitário, é o exato oposto de um governo limitado, pois trata-se de um modelo governamental em que o Estado interfere em cada mínimo aspecto da vida dos cidadãos, fazendo com que cada indivíduo tenha que se portar, agir e mesmo pensar em rigorosa conformidade com a ideologia do partido dominante. Em relação à economia, embora os nazistas de fato se opusessem ideologicamente aos comunistas (i.e. marxistas), eles igualmente se opunham, na prática, aos capitalistas defensores do livre-mercado e da liberdade econômica. Ou seja, assim como no caso anterior, é evidente que o Nazismo não possui absolutamente nada em comum com a Direita Liberal.
Em síntese, o que se pode dizer é que o Nazismo é apenas mais uma dentre as tantas ramificações do Socialismo, ao lado, por exemplo, do próprio Marxismo, ao qual os nazistas se opunham. Os confrontos históricos entre nazistas e comunistas, a propósito, são como briga de irmãos, já que Nazismo e Comunismo são basicamente duas faces da mesma moeda.
Dizer que o Nazismo foi (ou é) uma ideologia de “Extrema-Direita”, portanto, é uma tolice absurda, decorrente de ignorância profunda ou profunda má-fé.