Casa Das Onze Janelas - Belém - Pará
ORIGEM
Naqueles tempos coloniais, muitos portugueses aqui chegaram com benesses da Coroa, como terras.
Esses grandes proprietários de terras, que chegaram à Amazônia, necessitavam de mão de obra barata para sua exploração. Inicialmente, essa mão de obra foi a dos nativos e posteriormente dos escravos.
A primeira exploração da terra foi a extrativista e depois veio o ciclo do açúcar, responsável pelo surgimento de senhores de engenho.
Domingos da Costa Bacelar era um desses ricos senhores de engenho e produzia açúcar em terra de grande extensão distante de Belém. Devido as suas atividades e também por repouso, necessitava ir à capital da província, Belém.
Homem de muitas posses entendeu que deveria construir mansão, para os padrões da época, para servir de ponte entre a Casa Grande do engenho e Belém.
Assim, em meados do século XVIII, surgiu a construção para residência de senhor de engenho, Domingos da Costa Bacelar, hoje conhecida como Casa das Onze Janelas, ou Palacete das Onze Janelas.
LOCALIZAÇÃO
Casa das Onze Janelas ou Palacete das Onze Janelas é edifício histórico da cidade de Belém, capital do estado do Pará.
O edifício integra o Centro Histórico e Turístico Feliz Lusitânia e fica localizado no bairro da Cidade Velha, Rua Siqueira Mendes, s/n.
A Rua Siqueira Mendes é considerada a primeira rua aberta pelos colonizadores na antiga vila, chamada, inicialmente, Rua do Norte.
A atual denominação é homenagem ao ex-presidente da província, o sacerdote Manuel José de Siqueira Mendes.
ALTERAÇÕES ARQUITETÔNICAS E UTILIZAÇÕES
Entorno de 1750, o responsável pela construção da Casa das Onze Janelas optou por solução robusta e singela, no estilo chão da arquitetura portuguesa desse período.
O prédio tinha dois pisos e, na fachada principal, onze aberturas dispostas simetricamente, janelas e portas janelas e uma porta principal.
No início da década de 1760, a região sofria carência em alocar seus doentes. A solução emergencial foi colocar o Forte do Presépio e o Convento São Boaventura para exercerem a função ambulatorial. Entretanto, essa solução demonstrou-se precária demais.
Em 1768, a solução encontrada pelo governador do Grão-Pará, Francisco Ataíde Teive foi comprar a Casa das Onze Janelas de Domingos Bacelar e contratar o arquiteto italiano Antônio José Landi, para projetar e supervisionar a reforma para adapta-la como hospital militar, o Hospital Real.
Há a hipótese de que, nessa reforma para adaptação, Landi alterou a planta original de forma retangular para o atual formato em “L”, com a adição de um corpo lateral.
O projeto de Landi acrescentava fachada voltada para o rio, mais elaborada, com configuração diferente em relação à principal: aberturas na forma de arcos; e, no corpo central, galerias com função de varanda, com grades no piso superior e abertas no inferior.
O hospital funcionou até 1870 e depois a casa passou a ter várias funções militares, sofrendo novas modificações para adaptar-se às novas funções: abrigou o Corpo da Guarda e a Subsistência do Exército até o final do século XX.
As modificações mais relevantes em termos de descaracterização do projeto de Landi em relação às fachadas foram: o acréscimo de um frontão triangular, ladeado por obeliscos, na fachada principal; e o fechamento desfigurador das aberturas do lado voltado para o rio.
Em 1997, teve início a revitalização do centro histórico de Belém, com o projeto denominado Feliz Lusitânia.
Em 2001, o Governo do Estado do Pará assinou com o Exército Brasileiro convênio, alienando os terrenos da Casa das Onze Janelas e do Forte do Presépio em favor do Estado. Com isso, o projeto, do qual os dois prédios eram elementos, pode ter continuidade.
CASA DAS ONZE JANELAS NO PRESENTE (2017)
O espaço cultural Casa das Onze Janelas é unidade do Sistema Integrado de Museus e Memoriais da Secretaria de Estado de Cultura do Pará. Já surgiu com perfil museológico definido: o de ser espaço de difusão e reflexão sobre a arte contemporânea brasileira.
Desde 2002, o palacete abriga o Museu de Arte Casa das Onze Janelas, que possui vasto acervo de obras modernas e contemporâneas. Nesse tipo de acervo, é o mais importante do Pará e foi o primeiro da região Norte.
É um dos mais importantes museus de arte da cidade e, dentro da concepção do projeto de revitalização do centro histórico, transformou-se em ponto turístico.
O museu possui acervo estimado em mais de 300 peças, que estão basicamente divididas em duas exposições principais:
A primeira é a Traços e Transições – Arte Contemporânea Brasileira, formada pelo acervo do Museu do Estado do Pará, no qual se destacam a coleção doada pela Fundação Nacional de Arte (Funarte) e as obras doadas: pelos próprios artistas; por seus familiares; e por particulares; e
A segunda exposição, Fotografia Contemporânea Paraense – Panorama 80/90, formada pelo acervo patrocinado pela Petrobrás, composto por obras de 26 fotógrafos profissionais, que atuaram no Pará entre os anos 80 e 90. Em seu acervo, exposto na Sala Gratuliano Bibas, está presente obras de artistas participantes da Bienal Internacional de São Paulo, Panorama da Arte Brasileira e premiados em salões nacionais e no Salão Arte Pará.
A área que envolve a Casa das Onze Janelas contém equipamentos culturais, como o Jardim de Esculturas, o Navio Corveta e o palco, que se projeta sobre a baía. Esse conjunto agrega história e beleza ao palacete.
O local conta com salas de exposição. Internamente:
No térreo, também dispõe de minibiblioteca, integrando diferentes tipos de arte;
No primeiro pavimento encontra-se a câmara Ruy Meira, que expõe, permanentemente, obras de artistas renomados do passado modernista brasileiro como Lasar Segall, Manoel Pestana e Clóvis Graciano.Tarsila do Amaral, Ismael Nery, Rubens Gerchman, Luiz Braga, Miguel Chikaoka, Alexandre Sequeira, Elza Lima e Walda Marques, também, estão presentes;
No segundo pavimento, no salão Xumucuis, estão inseridas duas salas de exibição de fotografias, que recebem acervos para exposições temporárias.
Ao lado do museu, dentro do mesmo edifício da Casa das Onze Janelas, o espaço abriga “Boteco das Onze” que, apesar do nome, é um dos restaurantes mais qualificados de Belém.
Ocupa cinco das onze janelas da construção, possui três ambientes diferenciados para a permanência de seus usuários, com capacidade de 350 lugares.
O ambiente divide-se:
Salão principal, ambiente de atmosfera medieval, com tocheiro em suas paredes acompanhadas de gravuras do passado colonial paraense e vestígios arqueológicos encontrados durante a revitalização do edifício;
Bar, feito com a madeira de demolição e trilhos da linha de bonde que circulava o entorno e a praça principal durante o período da “belle époque”. A iluminação é baixa, o piso, da mesma forma que toda a parte térrea da edificação, é constituído pela pedra cariri, para marcar e lembrar o período colonial; e
Varanda coberta, que proporciona uma vista excepcional para o jardim e para a Baía do Guajará.
Além de todos esses ambientes repletos de história em cada elemento que os constitui, a Casa das Onze Janelas dispõe de terraço, onde se pode apreciar os painéis do artista plástico português Júlio Pomar retratando os poetas lisboetas Luís Vaz de Camões, Fernando Pessoa, Manuel Bocage e Almada Negreiros, doados por instituições portuguesas.
Aqueles que visitam esse espaço histórico e cultural se surpreendem com seus componentes, que expõem e valorizam a rica história da região, principalmente do período colonial. Percebem seu rico passado e grande potencial.
FONTES:
guiadasemana.com.br;
percorrendobelem.blogspot.com.br;
portal.iphan.gov.br;
pt.wikipedia.org; e
tvbrasil.ebc.com.br.