UM TIMONEIRO
UM TIMONEIRO
''O Homem é espírito eterno. Seu corpo é vestuário
que a alma usa na Terra, em caráter temporário. Se a juventude atendesse ao que a velhice diz, não haveria no mundo tanta gente infeliz. Resguarda os teus pequeninos. Onde estejas e aonde vais; A criança no futuro é a foto
viva dos pais''.
Certa vez: fui convidado por telefone pelo Dr. José Raymundo
Costa que indagou o seguinte: o coronel Paiva está? Sim respondi. Por favor, compareça a redação do Jornal do Leitor, desejo conversar com você. De imediato e para matar a curiosidade lá estive. Fui recebido por um jovem de nome Wagner que me levou até sua presença. Notei a aparência meio carrancuda, mas só aparência, pois o que rolou na nossa conversa foi só fidalguia. Eu confesso: não estava ciente do processo de liberação de matérias para publicações e ele gentilmente explicou-me. Sorrindo afirmou: o senhor vai ter que esperar alguns dias, pois preciso dar vez a todos os colaboradores. Reafirmei: muito justo V. S.a está coberta de razão. Indagou: Na Polícia Militar existe mais alguém que escreve como o senhor, sim, e melhor do que eu. A PM é um celeiro de bons escritores.
Despedimos-nos, e sempre mantivemos um bom diálogo. Na última vez que estive com seu Costa ofereci-lhe um livro da Associação dos Oficiais da Reserva e Reformados da Polícia Militar (Aorece), título: Textos no Contexto Oficial da Aorece cujo organizador foi o coronel Francisco José de Lima. Como a nossa vida tem muitas nuances, fui tomado de surpresa com a notícia do desenlace do seu Costa. Lamentei: perde o orbe terrestre uma grande figura humana, ganha o mundo espiritual um espírito que sempre praticou o bem. Cada vez que nosso coração sangra de dor na terra, é a impureza que expulsamos do íntimo de nós
mesmos, convertendo-nos o espírito em uma consciência mais sutil, mais renovada e mais bela, pronta a desferir vôo, em demanda das Esferas imortais da Celeste União. Quem nos atormenta nos auxilia. Quem nos fere nos aperfeiçoa. Quem nos bate e humilha, é nosso benfeitor, desde que saibamos recordar o Senhor e imitar-lhe os exemplos no sacrifício da cruz. Não
conheço os filhos de seu Costa, mas tenho intimidade com o mais famoso: ''o Jornal do Leitor''. O Jornal do Leitor criado por iniciativa sua em janeiro de 1984 em forma de suplemento, era anual (comemorando o aniversário do O POVO), foi se firmando como um casal em diálogo com o público e em pouco tempo passava a ter circulação semanal.
Todos os colaboradores do Jornal do Leitor têm a obrigação moral de pelo menos dizer um muito obrigado ao seu Costa. Por seu incentivo me iniciei na arte da escrita e por tabela na leitura. São vinte anos de Jornal do Leitor que já daria para fazer uma
enciclopédia em homenagem a este cearense de coração e seria uma
enciclopédia monumental, visto que já aportaram nas páginas deste caderno de cultura, figuras de destaque no Ceará, no Brasil e no mundo. Seu compromisso era fazer jornalismo sério, ético comprometido com a defesa da cidadania e do Ceará. Não direi adeus a seu Costa, já que um dia todos nós teremos que
passar para o lado de lá. Não quero aqui passar tristezas, e sim reconfortar a família deste grande homem que honrou com dignidade tudo o que fez. De uma coisa temos que tirar uma lição a Terra é um celeiro de aprendizagem. O tão famoso ''pós-doutorado'', faremos quando estivermos do lado de lá.
Nossas condolências a família enlutada, em meu nome e de todos os oficiais que fazem à briosa Polícia Militar do Ceará. Descanse em paz. E que estejas em bom lugar, desfrutando as maravilhas do mundo espiritual. Fiquem com Deus e
Jesus abençoe a todos os familiares deste batalhador ferrenho e que honrou com galhardia a profissão que abraçou.
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI E ACADÊMICO DA ALOMERCE.