CABARÉS EM ARACAJU- FINAL DA DÉCADA DE 80
Trabalhando no Setor de Hotelaria e Costumes da SSP/SE, no final da década de 80, guardei em minha lembrança vários nomes de cabarés que existiam em Aracaju. Não quero aqui fazer uma exposição minuciosamente sobre o assunto. Quero citar apenas a existência das casas noturnas, sua localização e outros pequenos detalhes.
BECOS DOS COCOS, o Cabaré de Maria Augusta, era controlado pelo seu filho conhecido por Duílio. Em decadência já não tinha mais orquestra. Era frequentado por pessoas de baixo poder aquisitivo. A televisão passava filmes eróticos e a velha radiola com música de brega animavam o ambiente. O prostíbulo era localizado no andar superior e para enfrentar os degraus bastantes inclinados eram um martírio, já que os frequentadores desciam a escada alcoolizados. Reginaldo (irmão de Duílio) mantém uma casa mais sofisticada na Rua Santa Rosa. Na nova casa noturna, Reginaldo mantém um restaurante grã-fino no térreo e o bordel no andar superior com orquestra e strip-tease.
ESCADINHA, era um bordel que ficava localizado na Rua Geru, entre Itabaianinha e Capela no centro de Aracaju. Para entrar no Escadinha o cliente tinha que romper um longo e estreito beco e subir também uns degraus- o prostíbulo ficava no andar superior-. O cabaré era controlado pela senhora Helenita (uma mulher rígida e de voz grossa)
CABARÉ DE TOINHO- Localizado no final da Rua Dom Quirino, em frente ao Clube dos Trabalhadores, o cabaré de Toinho era chique para época. Tinha piscina e segundo o proprietário existia somente “cachaça das boas”. O prédio imponente atraia clientes e mariposas elegantes. Apesar da “cachaça boa” divulgada pelo dono, alguns clientes teimavam em dizer que a pinga do bordel era “batizada”. De vez em quando existia um “fuzuê” por causa da cachaça batizada.
NIGHT AND DAY- ficava no andar superior de um pequeno prédio que se localizava no final da Avenida Simeão Sobral (em frente ao Clube do Trabalhador). Não era um local ideal para frequentar à noite.
ISABEL- ali no “pé da ladeira” da Rua laranjeiras com Floriano Peixoto tinha uma casa camuflada que funcionava como cabaré. Isabel, proprietária do estabelecimento recebia seus clientes com dignidade. Sua clientela era selecionada. A discrição era um porto seguro para o sucesso do “Cabaré de Isabel”. No recinto não existia som ambiental. Tudo era resolvido na base do sussurro. Não existia piscina, mas o ambiente era limpo e perfumado.
CANTINHO DA SAUDADE-Conjunto de casas nas proximidades do Cemitério Santa Isabel. O ambiente era pesado e a presença da polícia era constante. Era frequentado pelo povo da periferia. Pingas e transas eram baratas. O ambiente não fechava por estar numa reservada para o sexo. A gonorreia ali corria solta. Assim como no “Cantinho da Saudade”, algumas casas nas proximidades do Ceasa, Cemitério dos Cambuís e até na Praça dos Expedicionários se transformavam em bregas.
SIQUEIRA CAMPOS
CABARÉ DE MOTA- NA Avenida São Paulo entre Paraíba e Acre localizava-se o Cabaré de Mota. Era uma vila que tinha o senhor Mota como proprietário. O espaço era democrático e cada pessoa fazia de sua casa o seu bordel. O ambiente não era hostil. Não tinha som nem pinga. O cliente amava e se mandava na hora para não criar tumulto. No final da Rua Paraíba, perto da Clínica Santa Maria, existia alguns bares e casas que funcionavam como bregas. Diferente do Cabaré de Mota, o local era violento e a polícia solicitada bastante. Um outro cabaré existia na Rua de Bahia com avenida São Paulo que era pouco badalado. Neste local existiu uma brega famoso que se chamava “Capineira”.
SANTOS DUMONT
SÍTIO DO PICA PAU AMARELO- ficava localizado no Bairro afastado do Santos Dumont. Era um local respeitado e frequentado por empresários, políticos, jogadores e grandes dirigentes do futebol sergipano. Show de nudez (strip-tease) nos finais de semana era bastante comentado. O local era grande, atraente e arborizado. O sugestivo nome de “Sitio do Pica Amarelo” foi batizado pelo povo por estar numa área grande e arborizada. “Ciganinha” era a proprietária e escolhia as mais belas e educadas dondocas para trabalhar no local.
BAIRROS MATADOURO, VENEZA , AMÉRICA E BAIXA DA CACHORINHA
O “CABARÉ DE NATÁLIA ficava avenida Maranhão, em frente onde hoje é o Setor de Merenda da Secretaria de Educação e Cultura. Sobre o “Cabaré de Nathália, fiz um artigo que está exposto no site “Recanto das Letras”. Apesar de pequeno territorialmente, o Bairro Veneza era empesteado de prostíbulos.
FAZENDINHA, CABARÉ DE ORLANDO E A MANON
A FAZENDINHA, ficava na rótula do viaduto da saída da cidade de Aracaju. Não era bastante frequentada, pois era localizado em um local ermo.
CABARÉ DE ORLANDO- conjunto de casas que se localizavam perto da fábrica de macarrão Veneza. A classe pobre frequentava os bordeis. O local era um pouco violento e a presença da polícia era solicitada quando a confusão reinava. Existia pingas e mulheres que transavam por mixaria. Não tinha som, todavia os frequentadores falavam alto demais.
Boite Manon-dona Déia, era a proprietária e já estava velha e bastante cansada. O ambiente era amplo e tinha prostituta em demasia (o que era bom para os homens). Déia, abria os sorrisos quando lembrava que seu cabaré já tinha sido visitado por um ex-presidente do Brasil.
-Ele até tomou cachaça comigo! Sorridente lembrava sempre a dona do bordel.
Localizado estrategicamente na BR 101, o local era frequentado por caminhoneiros de vários Estado do Brasil.
CABARÉ DE VANDA- ficava localizado no Bairro América. O rendez-vous de Vanda era chique. Existia uma piscina que era atração do local. Suas concubinas eram selecionadas e segundo Vanda vinham de Alagoas, Bahia e de Pernambuco. O prostíbulo de Vanda era limpo, atraente e tranquilo.
Além do Cabaré de Vanda no Bairro América existia vários puteiros que pareciam espeluncas como: Macaca Fêmea, Pinga Pus e outros.
Na Baixa da Cachorrinha, existia dois pequenos castelos. Na entrada da Baixa da Cachorrinha tinha o Cabaré de Acácia que era uma casa pequena, mas limpa e confortável. O ambiente era tranquilo, uma vez que eram frequentados e protegidos por policiais. Mais adiante ficava o recinto da Galega. A tranquilidade imperava também no bordel da Galega. A população da Baixa da Cachorrinha era pequena e ordeira.
ATALAIA VELHA
O CABARÉ DE CLÉIA, era frequentado por políticos e grandes empresários. Localizava-se numa área residencial da Atalaia Velha. Discreta e bonita Cléia conquistava o coração de todos. Comentavam-se na época, que a dona do bordel já tinha sido concubina de um grande empresário por vários tempos.
SAMBURÁ DRINK´S-era localizado na Atalaia Velha. O Samburá Drink's
era frequentado por jovens bonitas e também por clientes bons de bolso.
No final da avenida Sarney, na Atalaia Velha, existia também um prostíbulo. No extremo da cidade e localizado numa área nobre, o local era frequentado por pessoas de alto poder aquisitivo. Diziam que as mariposas eram selecionadas e vinham de diversas partes do país.