O LIXO DO LIXO

OPINIÃO

Nos dias de hoje, falar de lixo é quase se perder num oceano de possibilidades.

É lixo de todo tipo , para todos os lados!

Mas aqui não vou me propor a comentar sobre aquele lixo abstrato, escondido, oculto, inalado, viciado...intelectual. Sequer do lixo de colarinho branco...perfumado...

Proponho-me a tecer alguns comentários sobre o lixo urbano, concreto, que está bem ali,abaixo do nosso nariz, à porta das nossas casas, espalhado pelas cidades, contaminado o planeta, alimentando não apenas as doenças , os ratos , e os abutres, mas a miséria do mundo promovida pelos próprios homens.

Esse lixo, que tem sido alvo de tantos projetos, de tantas propostas políticas, até ecologicamente corretas, mas que a despeito de tudo, ainda consegue poluir nossos olhos, as nossas narinas, e algumas poucas consciências...

Recentemente fiquei abobalhada com uma reportagem exibida pela mídia, na qual nos mostrava um rio de São Paulo que tantas polêmicas já criou por ter mais lixo do que água, e que agora serve-se a passeios “ecológicos’ de conscientização, para alertar as pessoas de até onde a humanidade pode chegar. Algo que envergonha o mundo. Pagar para ver lixo...

E por falar em pagar, recentemente em São Paulo, pagava-se duas ou mais vezes em tributos (já pagos) para se acondicionar o lixo residencial.

Ora, a princípio parecia uma grande idéia para se resolver o problema montanhoso do lixo duma grande metrópole.

Mas o que percebi foi que quem pagava o tributo da “TAXA DO LIXO” era quem menos produzia lixo. E dele cuidava!

No final da tarde, voltando do trabalho, cansei de ver pessoas que vivem da sua reciclagem abrirem os sacos acondicionados pelas residências, à procura de produtos recicláveis , mas que os deixavam abertos, com imenso lixo exposto e espalhado pelas calçadas.

Na primeira chuva, todo aquele lixo ia para os bueiros desesperando a enxurrada que buscava pelo tal do rio de lixo, hoje transformado em ponto turístico.

E quem pagava a conta do pato? Quem paga a conta de tudo.

Hoje o mundo é um grande lixão! Imaginem neste tamanho de universo o que se produz de embalagens derivadas de petróleo, jogadas fora sem nenhum tipo de preocupação, como se o planeta não fosse a nossa casa.

Baterias, pilhas, eletroeletrônicos, garrafas pet, sacos de supermercado, potes plásticos, enfim uma parafernália que apenas aparentemente significa conforto e modernidade.

O preço pela inconsciência será alto demais.

Somando –se ao fato de que não há educação e nem conscientização suficiente para reverter o problema do lixo no mundo, penso que seremos aniquilados por “avalanches de lixo”. Já estou até vendo!

O que me acalma é saber que grande parte dos que reciclam, e dos que vivem da reciclagem, começam a fazer algo pela natureza.

Quem sabe um dia, com a conscientização que se promete por aqui, os passeios pelos nossos rios se assemelhem aos do SENA de Paris...

Até lá, que haja “saco suficiente” para o lixo nosso de cada dia! E rios também!

Mas que sejam sacos recicláveis...igualmente à nossa paciência...