Diáspora da Poesia: considerações sobre as Artes Mendicantes
O lugar junto ao grande público não existe mais para as artes mendicantes, digo aquelas genuínas descompromissada com vendas e produtores. Uma parte dela migrou para altos círculos especializados, se tornou restrita e para deleite de poucos privilegiados. É a diáspora da poesia ora pra os altos círculos elitizados, ora para o outro extremo.
O que seria este outro extremo. A música Folk americana contemporânea sobreviveu ao se voltar para um público mais simples porém apreciador de músicas tradicionais e mais espontâneas que as oferecidas pelo mercado.
Esta diáspora é a forma mais produtiva de fuga do mercado de produção artística, pois há pessoas que sentem falta de algo mais espontâneo. De tempos em tempos, até o grande público se encanta com estas manifestações, por pouco tempo, até que se torne só algo cult.
A outra alternativa para as artes mendicantes é o ostracismo. Escrever pra ninguém ou para um público que admira mas não compreende a obra. Acho esta alternativa um desperdício de tempo, é como insistir em plantar em terreno infértil quando há muitas terras produtivas, que podem dar bons frutos.
Bob Dylan fez isto com o Country. Caetano Veloso fez isto com a música popular brasileira. Chico Buarque fez isto com os antigos sambas canção. Raul Seixas fez isto com o baião. Chico Science fez isto com o maracatu.
Enfim, resta à arte mendicante poucos caminhos, mas é preciso decidir por um deles ou morrer no ostracismo.